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20 Anos Depois...
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Hoje postamos o texto de Gideoni Nery, militante libertário e também colaborador do jornal O Inimigo do Rei nos anos 80. Hoje se encontra em Cruz das Almas, interior da Bahia, participando ativamente dos movimentos sociais naquela cidade.
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Que falta faz O Inimigo do Rei, por Gideoni Nery
Na década de 80, a militância anarquista brasileira, principalmente a localizada na Bahia tinha a preocupação com a comunicação marginal, fora dos contornos oficiais dos veículos de comunicação de "massa" existentes.
Longe de querer tapar o sol com suas páginas, o jornal O Inimigo do Rei circulava normalmente (mesmo com o cupom trancado) durante o período que eliminava de vez a ditadura militar do nosso país. Naquela época, a imprensa destinada aos segmentos políticos de esquerda enalteciam a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A imprensa "burguesa" ensaiava a glória da Anistia Política, enquanto nos bastidores da política partidária se ensaiava o processo de abertura que culminaria nas Diretas Já. Nem por causa disto, o jornal O Inimigo do Rei deixava de alertar aos seus leitores sobre a grande farsa orquestrada pelos "donos" do poder constituído (Direita, Centro, Esquerda e etc) na tentativa de apresentar ao mundo uma nova fase do Brasil.
O jornal O Inimigo do Rei teve a lucidez de observar e desmascarar as manobras realizadas por estes segmentos da política na obtenção de seus quinhões dentro processo que se desenhava: criação de novos partidos, greves de trabalhadores, fundação de centrais sindicais, eleições diretas e o "escambal". Para o jornal O Inimigo do Rei não havia diferenças entre as partes quando o assunto era a liberdade do ser humano, o livre arbítrio, o mutualismo, a autogestão, o tesão, a vida.
Incrível, porém verdadeiro, mas o jornal O Inimigo do Rei era pensado, elaborado e confeccionado dentro de uma metodologia autogestionária. Quando o conheci e tive a "honra e o privilégio" de integrar seus quadros, participando de suas reuniões na sala 505, do Edifício Themis, na Praça da Sé em Salvador, capital baiana, não me dei conta, logo no início, da grande iniciativa que ali construía-se em nome de um conjunto de idéias, para mim, ainda muito novo.
O movimento anarquista surgia para mim depois dos desencantos de uma militância partidária de esquerda no movimento estudantil secundaristas, onde PT e PC do B se matavam pelo poder da UBES, e da UNE.
Em tempo de eleições municipais, a militância anarquista de Salvador e Região Metropolitana assumia uma postura de denunciar a fraude eleitoral e o abuso de poder político e econômico escondidos sob a égide do processo democrático das eleições municipais do ano de 1988 quando as ruas de Salvador acordaram com a campanha "Vote Nulo, Não Sustente Parasitas".
O jornal O Inimigo do Rei abraçou, divulgou e socializou a iniciativa que ganhou a simpatia popular e a ojeriza, dos setores conservadores, aos esquerdistas da política local: "Votou nos home, agora guenta", com a cara de um grande jumento, também para chamar a atenção da grande bobagem do voto pelo voto...
O jornal O Inimigo do Rei nunca se furtou de abordar os principais temas da vida cotidiana de nossa sociedade: aborto, violência, homosexualismo, homofobia, ditadura, religião, política, educação entre outros temas. Das iniciativas do jornal O Inimigo do Rei surgiram outras tantas que visavam a divulgação da ideologia anarquista e o pensamento de seus principais ícones na transformação do pensamento político e social.
Foi através do jornal Inimigo do Rei que muitos leitores conheceram os outros lados da "Revolução" Russa, da Guerra Civil Espanhola, da Revolução dos Cravos, do Golpe Militar de 1964 e da farsa da Nova República.
De fato, a década de oitenta foi mesmo o início do fim de muitos tabus e de muitas picaretagens. Os anos 80 sempre serão lembrados pelas grandes greves dos petroleiros, dos metalúrgicos, dos comerciários, dos rodoviários e de tantas outras categorias importantes da classe trabalhadora brasileira.
O Inimigo do Rei estava sempre lá, seja com sua equipe editorial ou simplesmente com a sua militância, acompanhando, analisando ou testemunhando os acontecimentos daquela fase que ajudaram na construção da identidade atual do nosso país.
Na década de 80, a militância anarquista brasileira, principalmente a localizada na Bahia tinha a preocupação com a comunicação marginal, fora dos contornos oficiais dos veículos de comunicação de "massa" existentes.
Longe de querer tapar o sol com suas páginas, o jornal O Inimigo do Rei circulava normalmente (mesmo com o cupom trancado) durante o período que eliminava de vez a ditadura militar do nosso país. Naquela época, a imprensa destinada aos segmentos políticos de esquerda enalteciam a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A imprensa "burguesa" ensaiava a glória da Anistia Política, enquanto nos bastidores da política partidária se ensaiava o processo de abertura que culminaria nas Diretas Já. Nem por causa disto, o jornal O Inimigo do Rei deixava de alertar aos seus leitores sobre a grande farsa orquestrada pelos "donos" do poder constituído (Direita, Centro, Esquerda e etc) na tentativa de apresentar ao mundo uma nova fase do Brasil.
O jornal O Inimigo do Rei teve a lucidez de observar e desmascarar as manobras realizadas por estes segmentos da política na obtenção de seus quinhões dentro processo que se desenhava: criação de novos partidos, greves de trabalhadores, fundação de centrais sindicais, eleições diretas e o "escambal". Para o jornal O Inimigo do Rei não havia diferenças entre as partes quando o assunto era a liberdade do ser humano, o livre arbítrio, o mutualismo, a autogestão, o tesão, a vida.
Incrível, porém verdadeiro, mas o jornal O Inimigo do Rei era pensado, elaborado e confeccionado dentro de uma metodologia autogestionária. Quando o conheci e tive a "honra e o privilégio" de integrar seus quadros, participando de suas reuniões na sala 505, do Edifício Themis, na Praça da Sé em Salvador, capital baiana, não me dei conta, logo no início, da grande iniciativa que ali construía-se em nome de um conjunto de idéias, para mim, ainda muito novo.
O movimento anarquista surgia para mim depois dos desencantos de uma militância partidária de esquerda no movimento estudantil secundaristas, onde PT e PC do B se matavam pelo poder da UBES, e da UNE.
Em tempo de eleições municipais, a militância anarquista de Salvador e Região Metropolitana assumia uma postura de denunciar a fraude eleitoral e o abuso de poder político e econômico escondidos sob a égide do processo democrático das eleições municipais do ano de 1988 quando as ruas de Salvador acordaram com a campanha "Vote Nulo, Não Sustente Parasitas".
O jornal O Inimigo do Rei abraçou, divulgou e socializou a iniciativa que ganhou a simpatia popular e a ojeriza, dos setores conservadores, aos esquerdistas da política local: "Votou nos home, agora guenta", com a cara de um grande jumento, também para chamar a atenção da grande bobagem do voto pelo voto...
O jornal O Inimigo do Rei nunca se furtou de abordar os principais temas da vida cotidiana de nossa sociedade: aborto, violência, homosexualismo, homofobia, ditadura, religião, política, educação entre outros temas. Das iniciativas do jornal O Inimigo do Rei surgiram outras tantas que visavam a divulgação da ideologia anarquista e o pensamento de seus principais ícones na transformação do pensamento político e social.
Foi através do jornal Inimigo do Rei que muitos leitores conheceram os outros lados da "Revolução" Russa, da Guerra Civil Espanhola, da Revolução dos Cravos, do Golpe Militar de 1964 e da farsa da Nova República.
De fato, a década de oitenta foi mesmo o início do fim de muitos tabus e de muitas picaretagens. Os anos 80 sempre serão lembrados pelas grandes greves dos petroleiros, dos metalúrgicos, dos comerciários, dos rodoviários e de tantas outras categorias importantes da classe trabalhadora brasileira.
O Inimigo do Rei estava sempre lá, seja com sua equipe editorial ou simplesmente com a sua militância, acompanhando, analisando ou testemunhando os acontecimentos daquela fase que ajudaram na construção da identidade atual do nosso país.
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