segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Sobre a Midiacracia, por Carlos Baqueiro



Deixamos aqui, um pouco mais abaixo, um trecho do documentário "Orwell se Revira em seu Túmulo", de Robert Kane Pappas, feito em 2003.

Ali, fazendo referência ao autor do livro "1984", George Orwell, e criador do termo atualíssimo "Big Brother", é montada uma crítica ao atual estado de coisas na mídia.

Estaríamos mesmo numa sociedade onde Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, e Ignorância é Força ?

Um dos entrevistados no documentário afirma o seguinte:

“Falsamente pensamos no nosso país como sendo uma democracia, quando esta evoluiu para uma mídiacracia, onde a imprensa, que supostamente deveria controlar os abusos políticos, faz parte do abuso politico.”

O filme, junto com a legenda em português (de Portugal, pois, pois), pode ser encontrado no seguinte endereço:

http://www.makingoff.org/forum/index.php?showtopic=8978

O site acima solicita cadastramento, que vale a pena tendo em vista a gama de filmes e documentários existentes por lá e dificilmente encontrados em qualquer videolocadora.

Mas quem quiser também pode solicitar um DVD. Escrevam para cbaqueiro@terra.com.br informando endereço para envio.


sexta-feira, 25 de julho de 2008

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POLÍCIA E BANDIDO - DOIS EM UM, por Anderson Souza



É impressionante o número de casos divulgados atualmente pelas grandes mídias envolvendo a polícia em situações que divergem da sua real função, qual seja, proteger a sociedade. Verdadeiras tragédias são causadas por engano, despreparo, abuso de poder. E, na maioria das vezes, pelo simples desejo de matar. A violência da polícia brasileira já é reconhecida mundialmente. Pesquisas feitas pela ONU (Organização das Nações Unidas), por exemplo, concluíram que a polícia do Rio de Janeiro é a campeã em truculência.

As últimas notícias são chocantes, como a dos policiais do Rio de Janeiro que, ao se confundirem, dispararam quase 20 tiros no carro de uma família, matando uma criança de 3 anos. Por sorte, a outra criança de 9 meses, que também estava no carro, conseguiu sobreviver sem ser atingido. Os supostos assaltantes não foram encontrados. Ainda no Rio, uma engenheira de produção desapareceu após um, também, suposto acidente. Isso porque o carro da vítima foi encontrado com sinais de tiros. Suspeita-se que policiais estejam diretamente envolvidos neste caso. Uma das viaturas que estava no local do acidente não pertencia àquela jurisdição.

Designados a fazer o papel da polícia numa favela, também do Rio de Janeiro, soldados do exército prendem três estudantes e os deixam a mercê de traficantes que, por sua vez, matam os jovens friamente. Em outra situação, um policial militar matou a tiros um jovem na saída de uma boate. O estudante se envolveu numa briga com o filho de uma promotora, cujo PM fazia a segurança. Cogita-se que o policial vá a júri popular, mas isto pode ser muito diferente. Há um grande acobertamento por parte das corporações em situações como estas. Assisti um ex-sargento da polícia relatando que essas ações são de ordens superiores e que é assim que a secretaria de segurança quer o trabalho. O ex-sargento dizia ainda ser inútil querer treinar esses policiais agora, pois o resultado seria de mais mortes com menos tiros.

Guardo na memória uma cena que presenciei ainda criança: um grupo de policiais espancando um jovem no fundo do camburão. Era uma tarde ensolarada e o carro estava estacionado a alguns metros da minha casa. Não se intimidaram com a minha presença nem com a das outras pessoas que passavam por ali. Batiam com cacetetes, esmurravam e chutavam. O rapaz, sem poder reagir, tentava proteger o rosto com as mãos algemadas e gemia de dor. Não sei o que resultou aquele episódio. A propósito, meus pais demonstraram certo receio quando decidi escrever sobre estes fatos. Como toda a sociedade, acredito, eles também têm medo das ações da polícia.

Volta e meia temos novas informações de policiais envolvidos em corrupção. Mas, isto, na verdade, já não é mais novidade. Há também grupos de justiceiros, as chamadas milícias, formadas por policiais que cobram das comunidades para manter a suposta segurança no local. O mais estarrecedor são as denuncias de envolvimento de policiais em casos de pedofilia. Vimos há pouco tempo um sargento que cometeu suicídio ao ser descoberto o seu envolvimento com abuso infantil. Houve também a prisão de um major que fazia parte de uma rede de pedofilia. Este último já havia sido acusado de estupro quando ainda era tenente da policia militar, mesmo assim foi promovido.

A imprensa tem se aproveitado dessas situações. Por um lado faz denúncias, por outro não passa de mais sensacionalismo. Há ainda aqueles apoiadores das ações agressivas da polícia. Você já deve ter assistido ao programa "Se liga Bocão", cujo apresentador por várias vezes fez apologia à violência policial, inclusive argumentando que a polícia não bateria em alguém se este não tivesse feito algo de errado, além de expor ao ridículo os acusados.

Depois de muito tempo, tive a oportunidade de ler o livro do jornalista Caco Barcelos, Rota 66 - A história da polícia que mata. É um trabalho de pesquisa e investigação surpreendente, apesar das histórias serem tristes e revoltantes, uma vez que nos mostram a realidade das práticas assassinas de muitos policiais de São Paulo. A investigação de Caco tem início nos anos 70, com a criação da polícia militar paulista. Tudo que estamos presenciando hoje foi explicitado no livro, em tempos e circunstâncias diferentes, mas com procedimentos e resultados semelhantes. Os Boletins de Ocorrências das ações diárias dos policiais seguem sempre a mesma seqüência: após perseguição, os bandidos são atingidos na troca de tiros e socorridos pelos próprios policiais, chegam em óbito aos hospitais. Se puderem, leiam também.

Não serei incoerente dizendo que todos os policiais agem conforme as práticas relatadas neste texto. Mas, como Mano Brown, "não confio na polícia, raça do caralho". E diversas outras músicas já nos advertiam, como a dos Titãs, atualizada pelo Sepultura: "dizem que ela existe pra ajudar, dizem que ela existe pra proteger, eu sei que ela pode te matar, eu sei que ela pode te foder. Polícia para quem precisa de polícia". Bom, de tudo isto, o que posso dizer é que, estejam alerta para eles e prontos pra reagir.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Lá pelos meados dos anos oitenta uma banda brasileira (Titãs), constituída em sua maioria por membros da classe média, cantarolava à pleno pulmão, digo divulgava nas ondas acústicas distorcidas do Rock-and-roll uma letra ácida e de fácil memorização, mas que era um convite à reflexão político-ideologica: polícia, para quem precisa de polícia!

É imperativo reconhecer que naquele momento os ativistas contra a ditadura dos milicos de verde-oliva, bem como outros jovens em busca de uma alternativa ao clima do império do mal, leia-se do ‘Tio San’, precisaram da acidez melódica da classe média... Isso para minimizar os temores dos tristes tempos em que os milicos de verde-oliva se faziam presente em recônditos quintais suburbanos e também em campos universitários, quiçá até embaixo de nossas camas à cata dos subversivos patrocinados pela ‘Charutaria do Fidel’.

Imaginem então esta onipresença tentacular espalhando-se por todos os espaços de convivência humana, ou seja um milico de verde-oliva em cada praças & jardins; salas & pátios escolares; empórios & botequins; teatros & cinemas, igrejas & cemitérios; becos & vielas; fábricas & sindicatos, etc. E por aí foi os anos de chumbo no continente americano, africano e asiático.

E nos dias de hoje, precisamos de polícia?!

É uma perguntinha capciosa, mas que merece alguma atenção e desvelo para não se cair no senso comum. Pois esconde algumas verdades que necessitam de avaliações mais pormenorizadas sobre a existência de tal instituição repressora. Considero adorável e até hilário este questionamento, e confesso que chego até às lágrimas de tanto rir... Visto ser quixotesco o exercício realizado pela classe média na tentativa de tomar pé de uma situação que lhe fugiu ao controle já faz algum tempo.

‘Misansenes’ lúdicos com ‘despachos’ mandingueiros promovidos por um sem número de Ong’s (entidades não-governamental, é melhor contextualizar: novos instrumentos burocráticos de gerenciamento das misérias sociais realizado pelos próprios miseráveis) com rosas vermelhas, cruzes pretas, balões brancos, velas de metro e meio na cor verde-amarela, abraços simbólicos no entorno de monumentos históricos degradados, praças abandonadas, lagoas fétidas, morros desmatados, rios assoreados etc.

Essas e outras tantas expressões artística de menor envergadura em pouco ou quase nada mudará o cotidiano das cidades reféns dos velhos instrumentos (mocinho versus bandido, quem será quem?) de dominação social, pois com essa postura os ‘nossos’ diletos formadores de opiniões, que por um infortúnio conjuntural estão também inseridos nestes traumas cotidianos, só lhe resta um comportamento infanto-juvenil: espernear, lamuriar e compadecer-se diante de tantas vicissitudes.

Mas que é de uma utilidade prática inquestionável, lá isso é: violência urbana associada ao eterno caos institucional que se impõe ao homem socialmente definido e singularizado no seu isolamento societário, eis o quadro de abandono dos nossos ‘pequeno príncipes’ sem chupeta e ursinho de pelúcia para compensar a carência afetiva do Super-Papai e do excesso de estrógeno da Mamãe Maravilha...

Outros filhotinhos da classe média - Lobão e Cazuza - já cantarolavam em agudos si bemóis sobre ‘o tempo que não pára’ e em que a classe média encontra-se perdida num tiroteio midiático dos marketings da pós-modernidade globalizante nos centros de consumo das efemérides coloridas:

Vida louca vida
Vida breve
[...]
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
[...]

‘Eu sou manchete popular’



segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Sobre as Greves (de novo), por Carlos Baqueiro



Por greve entende-se a parada do trabalhador em seu local de trabalho, devido a problemas econômicos, sociais e políticos que não puderam ser resolvidos por outros meios.

Quanto aos problemas econômicos já os conhecemos muito bem. É o caso de faltar dinheiro no fim (ou mesmo no meio) do mês para comprar pão, ir ao cinema, dar uma chegada no motel, etc.

Mas devemos ter consciência‚ de que estas questões econômicas estão relacionadas com as questões sociais e políticas. E o que são as questões sócio-políticas ? São a forma de governo, a forma de economia, a forma de educação, a forma de viver.

Quando compreendemos que precisamos sempre de mais dinheiro para viver devemos tomar cuidado e sempre pensar mais adiante. Quando nós lutamos APENAS por um salário melhor corremos o perigo (e isto já está acontecendo) de estarmos sempre no mesmo ponto de partida, sempre correndo atrás do prejuízo.

Devemos compreender com isto que também precisamos aprender sobre política, sobre a melhor forma de organização política e social, sobre como mudar para o que nós queremos (e se aprendemos se a greve serve para isto). Assim o trabalhador deve possuir os conhecimentos necessários para conseguir pelo menos a sua independência intelectual.

Mas para que serve uma greve agora, com a maioria dos trabalhadores querendo apenas aumentos de salário ? Serve para que as pessoas se toquem e descubram que não podemos viver em um ciclo ininterrupto de estupidez e miséria, servindo inclusive a interesses dos mais "espertos".

Serve para ensinar ao trabalhador a ser solidário com o outro trabalhador. Serve para permitir que o trabalhador comece a entender a estrutura de classes em que vive, onde alguns mandam, e usufruem das riquezas produzidas pela sociedade e outros têm de obedecer e manter toda aquela riqueza. Serve para ensinar ao trabalhador que, sem ele, o CAPITAL e OS MEIOS DE PRODUÇÃO não saem do lugar.

E, no fim das contas, serve, também, para ganharmos mais alguns trocados e comprarmos livros para ler, aprendendo sobre tantas outras coisas. E quem sabe, aprendermos a mudar o mundo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

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Viva a Greve !!!, por Carlos Baqueiro



Ontem e hoje os petroleiros brasileiros estão parados em greve, reivindicando uma Participação de Lucros maior do que a apresentada pela Petrobras.

Estive conversando com alguns petroleiros, desde o início da mobilização que culminou com esta parada. Alguns deles bastante conscientes da necessidade de se lutar para conquistar melhores condições de trabalho. Outros, nem tanto. Alguns destes últimos ainda consideram que é possível se conseguir conquistar determinadas reivindicações através apenas do diálogo.

Provavelmente este quadro não se dá somente entre os petroleiros. Todas as categorias de trabalhadores devem ter pontos de vista, as vezes, bem dispares entre os trabalhadores.

Ontem (17 de Julho) a empresa encaminhou uma liminar de interdito proibitório (Vixi Maria...) concedida pela juíza da 5ª Região do Tribunal Regional do Trabalho. Nela, pelo que se entendeu durante a manifestação de hoje pela manhã em frente ao prédio da Petrobras em Salvador, se obriga o sindicato a deixar passar para seus locais de trabalho os empregados que assim desejarem.

Algumas das lideranças sindicais ali presentes se surpreenderam com a velocidade da liminar (menos de 24 horas do início da greve), se surpeendendo mais ainda por ter sido a primeira vez que este tipo de expediente é usado pela empresa (pelo menos no governo de esquerda do presidente Lula). Mas depois de dois Habeas Corpus dados a uma só pessoa em menos de 48 horas no caso Satiagraha, nada mais deveria surpreender.

A greve deve continuar até a meia-noite de hoje.

Pouco se lê, se vê, ou se ouve na mídia sobre a greve. Aliás, sobre as greves. Quiça no momento de abordar a situação das ações da empresa na bolsa, ou confabulando um aumento de preços dos combustíveis devido a greve. Nada muito diferente do que sempre foi.

Aliás, perspectivas negativas da grande imprensa para com grevistas, de todos os cantos do país, e de todos os tempos, também não é surpresa.

Há 89 anos atrás, lá pelo longínquo ano de 1919, trabalhadores baianos construíram e participaram de uma greve geral de sete dias, atacada em seu final pelo jornal Diário de Notícias, após dias sem ser publicado devido às dificuldades decorrentes da greve, como falta de luz, telefone, bondes, etc.: “Greve não, Anarchia !".

Para o discurso do Diário de Notícias aplaudia-se a mobilização operária apenas enquanto ela seja pacífica e não prejudique a população, mas “os fatos, vieram por, entre a ação que se dizia grevista e a opinião julgadora, imparcial e altiva, um forte vinco de separação inevitável”.

É que, consorciando-se com a anarchia que começou a alçar o collo no seio dos falsos intérpretes do direito de greve, estava, ao lado delles e representando o maximalismo official, a autoridade passiva do governo do Estado, consentindo em todos os abusos, patrocinando com o seu consenso, todas as intimidações arrogantes, permitindo todas as violências injustificáveis, que iniciadas com a paralisação do tráfego de bondes e automóveis e do serviço de telephonios, foi até a incrível audácia do ataque, a luz meridiana, às amas e mercadores ambulantes, para que regressassem as suas casas e não cumprissem o seu dever habitual.

Cessara ahi, por completo e em absoluto, o ideal de greve pacífica, para a conquista de um direito operário” (Diário de Notícias, 10 de Junho de 1919).

Como se vê, não é de hoje que greves incomodam os poderosos (ontem, à direita, hoje, à esquerda).

Viva a Greve, portanto...

PS.: Quem tiver mais interesse por conhecer a Greve de 1919 vai no link que segue:

quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Caras de Pau por Natureza, por Carlos Baqueiro



Pode parecer implicância com as grandes redes de TVs, mas hoje venho aqui mais uma vez abordar o tema Liberdade de Expressão, tendo como pano de fundo a cara de pau de um dos gestores de uma dessas grandes redes.

Durante Congresso de Publicidade, esta semana, o Vice-Presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, em poucas palavras, criticou o Estado por desejar censurar os órgãos de comunicação, e defendeu a necessidade de maior liberdade de expressão.

Transcrevi abaixo um trecho do site Último Segundo, para percebermos melhor o que ele quis dizer:

Para Marinho, o cidadão tem mais chances de acertar se tiver mais informação para fazer suas escolhas, e a reflexão é resultado da variedade de alternativas existentes”. Segundo ele, "o cidadão é visto como alguém que precisa de tutela e que não discerne entre o bem e o mal, entre o certo e o errado".

Não é necessário ser uma sumidade em análise de discurso para percebermos que um cara que gerencia uma organização que quase detêm o monopólio da comunicação no país e fala sobre liberdade de expressão comete um paradoxo.

É a Rede Globo e mais meia dúzia de empresas (familiares) que detêm de verdade a liberdade de expressão. Elas falam o que bem entendem. O problema é justamente este. Elas falam o que precisam que se fale. Elas falam o que é bom para elas falarem. O que vai trazer lucros e benefícios para elas.

Não sejamos tolos. Quando um cara da magnitude do senhor Marinho critica o Estado por tentar censurar o conteúdo das TVs ele não está questionando o Estado porque ele é mais democrata que o Rei. Ele faz isso porque precisa pressionar o Estado para que este continue seguindo as determinações de poucos grupos e famílias, como sempre ocorreu no Brasil.

Falar em um Congresso de Publicidade, por exemplo, que a própria publicidade é um dos pilares da imprensa livre e independente, como afirmou Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, é para se encher os olhos de lágrimas. Lágrimas de crocodilo.

A publicidade não foi criada para fortalecer democracia coisa nenhuma. Ela foi criada com o objetivo de fazer vender um produto. Seja ele uma escova de dentes, um automóvel, ou um candidato a deputado.

Ao invés de democracia, do pluralismo de idéias e de indivíduos livres para se expressar, o que temos é uma “ditadura do discurso único”, citada por Bernardo Kucinski. É ele mesmo quem afirma, no livro Jornalismo na Era Virtual: Ensaios sobre o Colapso da Razão Ética, o seguinte:

O que mais impressiona no panorama midiático brasileiro da era neoliberal é o contraste entre a crescente polarização da sociedade e ausência de qualquer polarização ideológica entre os veículos de comunicação de massa”.
.
Ou seja, ricos com toda a informação possível, e pobres com o pão e o circo necessários a se evitar motins e revoltas. Ricos participando de Congressos de Publicidade defendendo a manutenção de suas riquezas, e os pobres assistindo as TVs, trabalhando 12 horas por dia e mantendo as riquezas dos ricos...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

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72º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO SOCIAL ESPANHOLA, por Yuri

LANÇAMENTO LIVRE DO VÍDEO "19 DE JULHO: A REVOLUÇÃO ESPANHOLA"



"O ANARQUISMO NÃO É UM FIM EM SI MESMO,
MAS UM INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
E COMO TAL PROCURA EXERCITAR E
PREPARAR OS TRABALHADORES PARA QUE POSSAM ASSUMIR
CONSCIENTEMENTE A RESPONSABILIDADE NA AUTOGESTÃO DIRETA
DE UMA NOVA SOCIEDADE."

JAIME CUBERO in ANARCO-SINDICALISMO NO BRASIL.

A história e o triunfo da revolução socialista-anarquista na Espanha nos mostra na prática os valores libertários, de igualdade e ainda coletivistas. "Uma experiência que valia a pena ser vivida", citação de George Orwell em "Homenagem a Catalunha", embora que os fatos não se resumem apenas nisto, pois antes houve prisões, perseguição de militantes e depois ainda, a guerra. A C.N.T não constituía mais apenas um sindicato anarquista. As milícias da C.N.T combateram em Madrid, Barcelona, Bilbao, Valencia e outras. Quer dizer, não foi tão simples como, ocupar as fábricas e expulsar os chefes ou fazer a reforma agrária e ponto final, "à base do facão"!

Na verdade a C.N.T - a F.A.I. - e a J.J.L.L eram as organizações que, unidas, atuavam nesse sentido, de trabalhar com o ideal e estabelecer a ação e a luta preparando a Espanha para o cenário da Revolução Social.

As grandes etapas da revolução espanhola são; de 1931-1934, em que se ensaiou um regime político neo-liberal; em seguida a chamada reação conservadora de 1934-1936, e, finalmente, a revolução social de 1936-39, que desemboca simultaneamente com a guerra civil contra o exército, a igreja e a intervenção incondicional do fascismo em auge.

O povo espanhol conheceu a raíz da sublevação clerical-fascista, uma das mais sombrias e brutais experiências de sua complicada história. Durante e depois da sublevação, Franco desempenhou o papel mais nefasto, acompanhado e ajudado pelos grandes latifundiários, os oficiais do exército, a hierarquia eclesiástica, e por todos aqueles, decididos a resistir, custe o que custasse, às transformações sociais e câmbios econômicos, decididos a defender a qualquer preço seus privilégios de casta.

Em sua sangrenta repressão levada a extremos escalofriantes desde os primeiros instantes da sublevação; os tiranos espanhóis foram ajudados descaradamente pelos estados fascistas; em cuja cabeça figuravam a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini e Portugal de Oliveira Salazar, e por uma maioria de países regidos por regimes "democráticos"; entre eles e em primeiro lugar figuravam a França de Léon Blum, a Inglaterra do líder trabalhista Bevin e os poderosos Estados Unidos, sede e meca do grande capital com Roossevelt como pioneiro das democracias. Todos eles apesar das etiquetas que traziam não deixavam de ser reacionários e conservadores até a médula. REVISTA ORTO. JULHO 1985.

A história da revolução na Espanha é um assunto até dito complicado visto à extensão da sua leitura à qual espero aprofundar ou até quem sabe, terminar. Mas é interessante os fatos que nos revela. Penso que a revolução na Espanha, além dos outros fatores já citados, do unionismo de organização e da atuação das Juventudes Libertárias, de certa forma, outro fator que impulsionou e propiciou a revolução foi a guerra. Aonde a ideologia ganha caráter secundário.
Dada a ascensão do proletariado com o Comunismo na então URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviética, nessa época, pós-primeira guerra mundial, Hitler já pretendia dominar toda a Europa. Conquistando a simpatia de alguns outros países como aliados.

Os chamados regimes totalitários nazista e fascista na Europa refletiram no Brasil com a suspensão dos direitos constitucionais e a criação duma nova constituição inspirada no fascismo da Polônia, e em 1939 com a criação da PE-POLÍCIA ESPECIAL e do DIP-DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA, encarregados de censurar os meios de comunicação. A insurreição espanhola, além da máxima expressão da democracia, a democracia direta, foi também uma resistência ao avanço do fascismo na Espanha.

O vídeo é um filme documentário fotográfico com a duração de 7´53 minutos. Esse vídeo é fruto do trabalho de pesquisa iniciado em janeiro de 2004 sobre a revolução espanhola e anarco-sindicalismo, de iniciativa individual própria. O vídeo não foi produzido para fins de trabalho acadêmico mas por pura vontade de fazer Anarquia. Sobre o caráter artístico as fotos ganham um colorido e formas próprias, além de movimento. Permite visualizar alguns dos cartazes da C.N.T, da Juventude Sindicalista e ainda conhecer a história da guerra civil, o Anarquismo e o movimento anarco-sindicalista da Espanha.

Enfim, um verdadeiro resgate do anarco-sindicalismo, visto que a produção cinematográfica nesta época foi impulsionada com a formação do Sindicato Único de Espetáculos da CNT responsável pela produção e a organização de atividades cinematográficas e teatrais, à qual, diminuíram bastante com a repressão de maio de 1937 até cessar totalmente com a ditadura.

ADQUIRA O VÍDEO DVD PELO E-NDEREÇO : procob_ba@yahoo.com

sexta-feira, 11 de julho de 2008

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CORPORATIONS: As verdadeiras donas do mundo, pois onde quer que estejamos lá está a marca registrada – em cartório, é bom que se faça esse registro aqui! – de uma dessas empresas. Como uma entidade mística que se apresenta onipresente, onisciente e onipotente controlando, manipulando e impondo ‘valores’ de comportamento e consumo aos pobres mortais teleguiados pelos informativos pasteurizados em um dos processadores de texto da microsoft ou de outra marca com similar capacidade de produção de valores condicionantes.

Comportamentos construídos a partir dos processos de ‘sugestão’ subliminar e oriundo dos laboratórios de marketing ideológico que consegue, quase que de imediato, acessar às mentes e corações. E lhes dizer de forma sub-reptícia que estão sós neste mundo – além de reafirmar que o outro não é mais o vosso irmão – e que não existe mais a possibilidade de acenderem o cachimbo da paz e se olharem nos olhos selando a cumplicidade milenar da boa e velha camaradagem da convivência social.

Pois, doravante e provavelmente, não mais se encontrarão, haja vista estarem perdidos nos labirintos (espaços virtualmente programados para tal atividade de entretenimento passional) de consumo de quinquilharias multicoloridos. Isso já perseguindo certos dizeres propagandísticos que propõe um documentário (registro) dessas mutações ideológicas, pois a realidade parece ficção e a ficção é pura realidade, portanto, se faz necessário neutralizar e controlar as resistências ao sistema que tudo sabe e que há tudo vê.

Recompondo os discursos e redirecionando as energias para o combate de mais esse instrumento do capitalismo – as corporações e sua influência perniciosa nas coisas públicas – devemos buscar na memória as energias das ações coletivas, que já tendiam para o buraco negro do esquecimento:

ABAIXO A DITADURA MIDIÁTICA...

Da memória trazemos não apenas o ufanismo das lutas, mas também as dores da certeza de que a dita, que era dura silenciava não apenas vozes não-passionais, mas pessoas e desejos por um mundo onde a distribuição das riquezas fosse mais equânime e não mero objeto de colecionadores encastelados por traz dos muros de excelências conceituais da racionalidade contemporânea.

Inscritos nos muros das cidades, escritos na calada da noite escura e fria, em um tempo que já começava a se perder na memória de antigos militantes. Busca-se uma nova roupagem, mas não se pode esquecer que é um desejo transcrito do mais íntimo anseio por liberdade, e que se concretiza na luta anti-capital e também contra suas variações gastronômicas de com muito ou pouco Estado político!!

Finalizamos esse passeio, que considero particularmente mnemônico, acrescentando algumas palavras de Noam Chomsky* sobre a idéia da luta política e as ações de seus tarefeiros embrenhados no quotidiano do pleno anonimato consciente: “A responsabilidade do escritor como um agente moral é tentar apresentar a verdade sobre assuntos de significância humana para um público que pode fazer alguma coisa a respeito. Isso é parte do que significa ser um agente moral ao invés de um monstro.”

*leiam Noam Chomsky – pensador anarquista e lingüista renomado da universidade de Massachusetts (MIT) –, pois é uma dessas poucas vozes que esse ouve quando se busca a não-conformidade, isto nos nossos tempos de modernidade pós-qualquer coisa... Digo isso, por acreditar ser bom para todo o conjunto social que ainda tenhamos esses posicionamentos não-conformes, pois já se faz ouvir nesse deserto [ausência] de rebeldias o som de um único mantra: sim, senhor! E é nesse espaço da obediência e submissão donde já se vislumbra o império do pensamento único, ou será que já podemos chamar de sentimento [aspiração, desejo] único...

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saber nunca é demais:
título: Propaganda Ideológica e Controle do Juízo Público;
autor: Noam Chomsky (lingüista, pensador, filósofo e anarquista) ;
tradução: Danielle Mendes Sales;
edição: Editora Achiamé (RJ);
endereço eletrônico: http://www.achiame.com/

quarta-feira, 9 de julho de 2008

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Urbanismo anarquista: utopia cada vez mais perto, por Eduardo Nunes

Planejamento, burocracia, organização são palavras bastante criticadas pelos anarquistas, não sem razão. Desde a consolidação no início do século XX e sua plenitude a partir de meados desse século, a burocracia, estudada por Weber, e, aprofundada por outros tantos autores, tais como: Lefort, Lapassade, Castoriadis, e também, o nosso, Tragtenberg, provocou uma mudança profunda nas formas de sociabilidades no mundo moderno. A burocratização do mundo, da vida, das empresas, dos sindicatos, dos partidos, das cidades e países, do lazer, do amor rendeu não só teses e nem só literatura, a exemplo, da obra de Kafka (O Processo), Orwell (1984) entre outros, mas, sobretudo, muita mistificação, manipulação através da ciência, escola e mídia.

As ditaduras comunistas, a ex-URSS, China, a ex-Yugoslávia, Cuba e muitas outras foram e são ainda exemplos do que a burocratização e o planejamento centralizado podem fazer com sociedades que pretendiam a abolição das classes sociais, dos privilégios, da exploração. Frase antiga, mas muito repetida por toda uma literatura socialista a de que “o governo dos homens será substituído pela administração das coisas” resultou na reificação do homem tanto nos países do socialismo de estado, como nos países capitalistas e, provocou a despolitização das massas acuadas por um tipo de estado altamente belicizado, atomicamente armado.

Com as revoltas estudantis da década de 1960, os protestos anti-nucleares e pacifistas, os diversos movimentos ecologistas, feministas e étnicos nesse período, novas idéias influenciaram e invadiram os salões acadêmicos, gerando novas teorias, novas abordagens respaldadas em antigos pensamentos considerados utópicos do século XIX, como a auto-organização, auto-governo, participação, autogestão.

O anarquismo, desde seus primeiros pensadores, principalmente, Proudhon, Reclus e Kropotkin, influenciou o pensamento urbanista moderno. Os situacionistas (Debord, Vaneigem) e diversos outros movimentos criaram uma nova perspectiva para o mundo urbano. O termo anarquitetura foi proposto por Gordon Matta-Clark nos anos 60.

“O urbanismo anarquista se põe a serviço daquelas pessoas e comunidades que não são regularmente levadas em conta no processo de decisão relacionado à construção das cidades e da arquitetura que estas mesmas pessoas e comunidades terão de habitar.

Frequentemente, o urbanismo anarquista é gerido pela auto-construção. Em outras situações, ele consiste na apropriação/transformação de espaços produzidos por outros agentes e com outras finalidades, como especulação econômica, dominação ou o espetáculo.”. (Anarquitetura, por Osfavelados 2001-2002 (Filipe Marcel) 09/08/2003 In: CMI Brasil)

Sam Blower e o mini manual do anarquista urbano propunha por sua vez:

"una práctica arquitectónica aliada con aquellos cuyos puntos de vista y aspiraciones nunca son tenidas en cuenta en los procesos de toma de decisiones y construcción de la ciudad. Los planteamientos, tácticos, del minimanual eran los de la guerrilla: nomadismo, conocimiento milimétrico del lugar, estrecha vinculación con las comunidades locales y subversión -hoy podríamos decir hackeado de los espacios del poder" [Pérez de Lama, Vanguardia angelino alienígena, en: Pasajes, noviembre 2000].

Por conseguinte, para além do capital e do estado um novo urbanismo configura novas paisagens nas desoladas, pobres e famintas cidades da América Latina, África e Ásia.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

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TV PÚBLICA ?, por Sir Little John


Onde andam Orlando Senna e Teresa Cruvinel? O silêncio tumular da imprensa em geral (mídias) sobre a crise na TVB/EBC se estabeleceu.

Com isto, a sociedade, sobretudo os menos favorecidos em capacidade de mobilização e intervenção na produção de notícias vão sendo mantidos à margem da elaboração e difusão da gestão pública dos meios de comunicação.

O ministro da cultura e o secretario da SECOM têm de vir a público explicar sobre predileções na programação; sobre um Conselho Curador concentrado na região sudeste, contando com políticos como Delfim Neto, serivçal dos militares na última ditadura milica brasileira. Qual forma de financiamento será executada e por que não outra?

Sendo ainda empresa dita pública, não deveriam haver concursos para as funções que lá existem, principalemtne por uma parte funcional considerável ser terceirizada?
Conclusivamente e incertamente perguntamos por que existe a SECOM, ligada ao Gabinete do Presidente e o Sr. Franklin faz o que nesta secretaria?

Se ele defende a não intrferência na EBC/TVB, desde já, afastar-se da influência da Casa Civil e do Palácio do Planalto seria mais ético, pelo menos aos olhos do público.

Problema ainda maior é um corpo governado por duas cabeças, Cruvinel X Senna, o segundo caiu. De fato a direção está sob a batuta da SECOM e o ministério da cultura não passa de figurante desse enrredo melancólico que nem sequer temos possibilidade de informação.

Composição do Conselho Curador - só perólas da nossa sociedade, de todas as regiões do país, com conhecimentos notórios de comunicação e informação, alçados a esta posição sobre a rígida seleção criteriosa do Palácio do Planalto, Casa Civil e SECOM. Sem falar na atuação nos movimentos sociais brasileiros em pró da democratização e descentralização dos meios de comunicação e produção educativa, artística e jornalística.

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/11/26/materia.2007-11-26.9508479327/view

Como exemplo cabal de sua imparcialidade, este honrado conselho irá se reunir pra avaliar e julgar, quicá punir... a sí, e outros, por práticas de ingerência na gestão, privilégios na composição da grade, predileção numa forma, em detrimentos das outras.

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=39714

Sem perceber perspectiva pra EBC/TVB a curto prazo, mas bucando deslindar a farra do boi.

Abraços a todos.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

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Notícias, Mais e Más Notícias..., por Carlos Baqueiro



Ontem à noite, parado mais uma vez em frente à telinha mágica, no canal do Q de Qualidade, estava com alguns parentes contando, dentro do Jornal Nacional, a grande quantidade de notícias ruins, péssimas e terríveis, em contraposição àquelas boazinhas, poucas e pequenininhas.

É um tal de gente morrendo pelo mundo de fome... e morre gente de tempestade... e morre gente atropelada... e é gente assassinada... argh...

E, normalmente, no finalzinho, mostra-se o casalzinho de pandas, lá na China, não tão longínqua, tendo o primeiro pandinha depois de dezenas de anos enfiados em zoológicos.

Lá pelo meiozinho do programa, também assistido por Homer Simpson, a apresentadora, que parece ser patrocinada por uma empresa de laquê, afirma que os Estados Unidos da América não consideram mais Mandela como sendo um terrorista... Vixi Maria... que coisa legal, né ?

Mas o pessoal das FARC e os Iraquianos ainda não tiveram a mesma sorte do ex-presidente da África do Sul.

Só não me dou por satisfeito com o Jornal Nacional porque não vi nenhuma reportagem sobre o Maio de 1968... relembrando em pequenos flashs um ou outro parisiense mascarado jogando pedras na polícia... será que passou ? Infelizmente (para eles) não consigo ficar todas as noites parado em frente a TV...

Parado por parado, prefiro ficar, ou na frente do computador participando de algum chat de sexo virtual, ou no trono, lá no banheiro lendo algum exemplar da Super-Interessante (mesmo sem notar tanta coisa interessante assim).

Eita... juntando Maio de 68 e Jornal Nacional, com Super-Interessante me veio na mente um texto de Gustavo Ioschpe, lá pela página 31 da edição daquela revista de maio de 2008. O cara é muuuuito inteligente. Ele percebeu, depois de tantos anos e tanta gente escrevendo sobre os acontecimentos de Paris em 1968, que aquilo “que parecia ser um momento absolutamente revolucionário, subversivo, um divisor de águas”, na realidade não o foi.

Ao final da leitura do seu artigo, bate até uma espécie de pessimismo (daquele que pode deixar a gente parado, assistindo Jornal Nacional todas as noites). Não, mas obviamente não seria isso que ele desejaria. Seria ?

Um “dos mais inteligentes analistas do país”, segundo o editor da Super, e que tem seus argumentos enfronhados no que a gente conhece como caminhos do pensamento único, não iria querer que as pessoas perdessem as esperanças num mundo melhor. Iria ?

Ele dá até uma cacetada no marxismo, flertado pela juventude parisiense nos dias de maio de 1968. Ele lembra no artigo que o mesmo marxismo flertado por eles foi o marxismo da União Soviética que, também no ano de 1968, invadiu a Checoslováquia, onde parte da população já estava de saco cheio do autoritarismo comunista. Pena que ele esquece das bandeiras negras, dos estudantes não tão ricos, que bradavam contra o consumismo, a repressão sexual, o poder do professor na sala de aula, etc.

Mas eu tenho a leve impressão de que o Ioschpe não percebeu uma coisa: mesmo não tendo o mundo se transformado em um paraíso celestial, e mesmo sem explodir uma revolução onde todos seriam felizes para sempre, muitos vidros foram quebrados pelas pedras retiradas das calçadas, tanto por adolescentes secundaristas, putos com as sacanagens dos seus professores intelectualóides autoritários, quanto por operários, que não suportaram ficar ouvindo nas rádios que a polícia massacrava um movimento que defendia a existência de um mundo melhor (coisa que eles também queriam muito, mas tinham medo de dizer).

E os estilhaços dos vidros ficaram espalhados por ai. Ainda estão por ai...

As pedras foram recolocadas em locais seguros, mas o medo dos que têm medo da liberdade continua aceso. Sempre relembrando que as quietas ruas parisienses se encheram de gente gritando e com raiva, quando eles menos esperavam.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

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Salvador anarquista: uma colônia Cecília pós-moderna?, Por Eduardo Nunes
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“Pare o mundo que eu quero descer”
“Faça o que tu queres, pois é tudo da lei”
Raul Seixas

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Estamos em 2010, teremos eleição para governador da Bahia. Wagner é o candidato preferido de todos os baianos, menos dos soteropolitanos. Aqui em Anarkópólis, novo nome de Salvador, os anarcoplitanos fizeram uma revolução pacífica em 2009, cansados de tudo: de joão, de ymbassaí, de walter e de neto. Resolveram autogerir a cidade e dividir em conselhos, comitês, quilombos e outros nomes. Existem agora 153 núcleos (comitês, conselhos, quilombos).
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Através de uma deliberação eletrônica, sem fraudes, decidiu-se que não haveria construção de edifícios na orla. As áreas mais densamente povoadas foram desocupadas e os moradores transferidos para áreas menos povoadas ou “negociado” (entre aspas e parêntesis) com o governador uma faixa de terra na fronteira entre o Estado da Bahia e Anarkópolis. O governador disse que era fã de carteirinha também dessas idéias, assim como apoiou nas últimas eleições a três candidatos de diferentes partidos e nos bastidores ao quarto para que não ficasse de ciúmes.
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Parece que o resultado dessa nova política foi a causa dessa nova mudança dos rumos da ex-cidade do Salvador. Toda a população aderiu, cansados de uma enrolação sem fim. A guarda municipal, recém-criada, dissolveu-se em apenas um ano de formada, não precisava mais, todos tiveram que arranjar novos serviços.
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A SET, serviço de engarrafamento de tráfego, também faliu, não era possível administrar tantos núcleos e multar todos e tudo, já que os carros pararam de rodar, só se atravessa de um núcleo a outro a pé, ou de trenzinho elétrico ou barco a vela. Uma verdadeira revoluforma se instaurou nessa cidade que era de oxum, mas agora também de Raul, Bakunin, Louise Michel, Zumbi e Conselheiro.
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O parque São Bartolomeu e os das outras regiões foram ocupados por indígenas e quilombolas, procurando preservá-los. O carnaval se desenvolveu por todo o ano de 2009: uma loucura, todos os mascarados, foram desmascarados. A capital do Estado foi transferida para Cachoeira e o aeroporto desativado (turista só se chegar de barco à vela), foi retirado o asfalto das pistas para que as lagoas e as dunas voltassem a aparecer. O Centro Administrativo também foi reaparelhado para funcionar escolas e áreas de lazer.
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Levantes e insurreições não foram necessários, pois nem mesmo as forças armadas quiseram se envolver e bateram em retirada para Camaçari. Finalmente a sociedade alternativa pregada por Raul se tornou realidade na cidade d’oxum ficou assim: RaOxum Anarkópolis!!!
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Tranqüilidade a todos...

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