sexta-feira, 30 de maio de 2008

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Não devemos nos ater aos números fornecidos pelos órgãos oficiais ou extra-oficiais do governo, ou ainda de partidos encastelados nas instituições de poder político (O ESTADO) como sanguessugas agarradas às pernas dos que sofrem de elefantíase.

É sabido que eles, independente da cor do broche na lapela, se utilizam dos vários artifícios de marketing para tentar aumentar a sua margem particular de domínio político sobre o nosso povo varonil e, é claro, estender o máximo possível a sua permanência junto às fontes da longevidade política: as mídias de massa que controlam a formação/ construção dos desejos; e o Banco Central aliado aos seus congêneres que detém à concretização desses mesmos desejos fabricados alhures.

A estatística, também, é um desses instrumentos de melhor convencimento e fácil absorção pelas camadas nos extratos inferiores da população. Seja objetivando resultados positivos quando da participação nessas querelas de eleição e/ou re-eleição, seja para consumo interno na ‘fabricação’ dos índices de popularidade de figuras chaves da estrutura de poder.

Mesmo que todos nós saibamos que essas quantificações estatísticas são puro ilusionismo produzido em laboratórios de pesquisas. E, por isso mesmo, passam necessariamente por um processo que está muito próximo do ‘adivinhatório’.

Falamos isso, pois para se chegar a determinados resultados os institutos se utilizam das “médias aritméticas” como critérios de amostragem e para analisar os dados coletados de métodos muito pouco convincentes, que são postos em prática para determinar, persuadir e construir ‘verdades’ que só interessa ao poder constituído e seus apaniguados.

E os índices (resultados das pesquisas) são assim apresentados: quem deu mais bicadas no tronco do pau, ou quem deu mais saltos na beira da lagoa: o sapo cururu ou o tucano do nariz inchado?

Portanto, meus caríssimos, são parâmetros para referência de pesquisa e não representações da nossa realidade vivida desse cotidiano de mendicância institucional que determinada faixa da população está sendo adestrada como animal circense: bolsa família, vale transporte, tichek refeição, bolsa escola, auxílio gestante, e pecúnia pró-feiúra para os pobre, pretos, feios, cabeça-chata etc, que estão espalhados pelos quatro cantos deste nosso pais.

É por aí que segue a criatividade governamental na tentativa de solucionar o problema dos trabalhadores de menor qualificação profissional, ou seja criar, manter e fortalecer uma eterna dependência financeira entre os indivíduos de baixo poder aquisitivo e o Estado provedor, mas que em realidade é um relacionamento de dependência, controle e cerceamento da conquista da própria liberdade na mais pura acepção da palavra.

Destacamos que é um casamento deveras sui generis esse, em que os donos da carne seca entram com o dedo em riste e a nossa gente pobre entra com o anel...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

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Com atraso de alguns anos, já está nas livrarias o livro de Joel Bakan, com tradução de Camila Werner, pela Editora Novo Conceito. Este mesmo livro serviu de base para que o Bakan escrevesse o roteiro de um filme polêmico de mesmo nome: A Corporação. E que nas palavras do diretor do filme-documentário (Mark Achbar) se traduz como uma leitura não ortodoxa do “impacto da globalização e como as grandes corporações estão assumindo os papéis que eram dos Governos.”

Assistam e leiam ou leiam e assistam, pois o tema é crucial para o entendimento de temas vitais para a nossa sociedade como um todo. Principalmente nestes tempos de efeito estufa com o seu conseqüente aquecimento global; crises nos mercados imobiliários norte-americano com bancos fechando seus balanços em vermelho; controle dos hidrocarbonetos na América Latina e no mundo Árabe e as ‘novas’ fontes de energias alternativas nas mãos de países emergentes; narcotráfico e suas guerrinhas particulares de mero controle comercial de territórios; posse internacional dos mananciais de água potável e aprisionamento de carbono in natura (florestas), etc.

Eu, em particular, acompanho sempre os esforços hercúleos que fazem os cientistas políticos, pouco importando se o seu matiz acadêmico for advocacia tributarista, ou passando por psicólogo do trabalho até astrofísico temente a deus. São tantas as inglórias tentativas de tentar ‘dourar a pílula’ e transformar em ‘cordeirinho de presépio’ este sistema econômico – o capitalismo – sanguinário no trato com a natureza (o meio ambiente) e as pessoas envolvidas no seu processo expansionista de desenvolvimento.

Para situar bem as minhas observações, faço logo uma ressalva de que os meus olhos se direcionam para os trabalhadores, e em particular, os com um menor grau de qualificação técnica, pois continuam sendo a grande maioria e os mais prejudicados. Ou seja, os mais expropriados na sanha doentia de se extrair o máximo de rendimento contábil (lucro) com o mínimo de investimento financeiro nesses processos produtivos espalhados pelo mundo e em vários campos das atividades humana.

Mesmo que estejam eles – os projetos produtivos – sendo gerenciados pelo capitalismo privado ou estatal a maior parte dos problemas decorrentes destas gestões sempre levam de roldão – para o fundo do poço – os despossuídos, ou seja os de menor poder aquisitivo, pois o objetivo básico é garantir resultados estratosféricos para o mesmo grupo gestor.

Portanto, agências reguladoras tem pouca ou nenhuma ‘força’ de controle e ou fiscalização, pois o capitalismo é motivado pela ganância individual e, ou coletiva de um pequeno grupo, que busca a própria segregação da coletividade. Rompendo, assim, os laços humanitários, comunitários e afirmando e re-afirmando o seu poder sobre todos os excluídos do processo acumulativo de riquezas.

Portanto, a pergunta que faço é: qual a importância que tem a cor da cueca do meu carrasco, se o brilho da lâmina nos embaça os olhos ?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Propaganda e Sociedade do Consumo, por Carlos Baqueiro
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Segundo o professor de comunicação Wilson Bryan Key, no seu livro “A Era da Manipulação”, “a tecnologia de ponta de persuasão de massas atingiu níveis de sofisticação muito maiores do que a maioria dos indivíduos imagina. Muitos ainda se agarram desesperadamente à ilusão de que pensam por si mesmos, determinam seus próprios destinos, e exercem seu livre-arbítrio, e, talvez a maior auto-ilusão de todas, a de que podem facilmente discernir entre fantasia e realidade”.
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Quando tentou interpretar o mundo da publicidade, Daniel Bougnoux, no livro “Introdução às Ciências da Informação e da Comunicação”, talvez tenha tido o mesmo objetivo do professor Key. Alertar-nos para a existência de um mundo onde a publicidade constrói e destrói sentidos ao bel prazer daqueles que estão por trás dela. Em questão emitida no início do capítulo de seu livro referente à publicidade já podemos prever esse alerta: “... não é verdade que ela modificou, em alguns anos, nossos regimes de crença e verdade ?”.
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A partir dali ele tenta deixar claro como a publicidade fará isso, a partir, inicialmente, da existência de dois planos: das necessidades e dos desejos. Planos inicialmente dicotômicos, mas, que ao final das contas, deixam de ser dois, devido as prerrogativas da própria publicidade que planeja um mundo simples de ser entendido, sem dialéticas desnecessárias, sem opções dúbias, sem que aqueles a quem ela deseja seduzir tenham de pensar muito: “Ela seduz oferecendo um curto circuito, uma economia psíquica”.
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Para se chegar ao íntimo do possível cliente a informação sobre o produto deve ser relaxante, ao invés de dramática, deve ser imagética, ao invés de rebuscada com palavras, deve ser divertida e sensibilizada, ao invés de conter informações e doutrinas.
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Creio para mim, que essa forma de construir uma realidade é tão eficaz que deixou de ser usada apenas por publicitários, contagiando jornalistas. Ao assistirmos telejornais matutinos ou noturnos, podemos ter uma boa evidência disto. Noticiários superficiais, fúteis e sensacionalistas são preferidos a aqueles com maior profundidade e contextualizados, pois na mente dos jornalistas-marketeiros cansariam o público, e o faria mudar de canal.
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Talvez estejamos em um mundo da busca da eliminação da angústia das escolhas. Como bem disse o ótimo Charada (Jim Carrey) para o chato do Batman (Val Kilmer). Talvez a publicidade seja a conseqüência da busca das pessoas por segurança, e assim “a sociedade de consumo disfarça-se em comunidade da consolação”.
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Não fica muito claro no texto, provavelmente porque o autor não desejou ali politizá-lo, quem são os responsáveis pela construção de tal tipo de “publicidade”. Mas seus parceiros são os “novos filósofos ou artistas pós-modernos”. Então, os seres humanos que conseguem penetrar na alma e na mente daqueles a quem querem se dirigir, conseguem também fazer com que percam a capacidade de se posicionar autonomamente. Com que estejam sempre abertos às escolhas que já foram feitas. Com que fiquem prontos a aceitar as verdades novas, ou manter as antigas.
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Mas então o que esperar desse mundo tão manipulável, de seres humanos tão desejosos da alienação, e de outros loucos para trapacear ? Quem sabe não possamos vê-los, aqueles que tentam enganar e manipular, cheios de astúcia, um dia ainda, condenados a viver ao lado de Plutão ? Ou presos, como Sísifo, a eterna pena do trabalho sem fim.
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Apenas esperanças...
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(Texto revisado do original publicado no boletim impresso Mídia Rebelde de Novembro de 2005)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

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“Sob a perspectiva das ciências físicas e biológicas,
a vida social humana é somente uma pequena ferida
irregular na face da natureza,
não particularmente aberta para uma análise
sistemática profunda. E assim ela é...”

Erving Goffman, The Interaction Order (1983)
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Entre as vicissitudes das dores (necessidades múltiplas a serem preenchidas) e dos prazeres (realizações mínimas dos desejos manifestos) deste nosso povo alegre e varonil, os capitalistas (palavra que está sendo amenizada no seu significado para empresário) da área da mídia, realizam agora seu lucro de capital com o jornalismo de inserção popular...

Falo isso por que os noticiários televisivos, que deveriam limitar-se a informar os fatos, estão fazendo de gato e sapato a vida das pessoas que são moradoras da periferia das grandes e medias cidades. Com verdadeiros jogos de cenas trazem à tona os seus dramas pessoal e os tornam públicos como qualquer outro ‘produto’ de sua grade televisiva, isso para que os futuros e possíveis anunciantes possam investir e patrocinar a visibilidade dessas mazelas sociais, sem a menor cerimônia.

Cito alguns desses pseudo-dramas só para esclarecimento geral, tais como opção sexual (homo, bi ou ‘tri-sexual’), doenças sexualmente transmissíveis (aids, herpes e outras tantas doenças de menor conhecimento junto ao publico), desencontros familiares (fugas de menores) e, também, amorosos (fuga de um dos cônjuges), e outras tantas mais questões de duvidosa veracidade, dada desfaçatez com que são apresentadas a este público ávido, interessado e curioso dessas questiúnculas familiares, mundanas e pejorativas.

E a reação desse público específico vai do hilário, com posturas impróprias aos mais sensíveis... E chegando até ao velho melodrama mexicano com muito choro e poucas velas, pois a situação não é para tanto transbordamento de emoções do senso comum em público.

Os telejornais se renovam, repetindo-se anacrônicos recursos de entretenimento: dramas, comédias e tragédias num mesmo espaço para se garantir assim um público cativo, e o mais variado possível, diante da TV nos horários desses telejornais. Vedem, em verdade, a imagem a seu próprio dono, que se solidarizam com um outro, que em verdade é ele mesmo.

Esses esquemas são vistos como ‘novidade’, entretanto é um caldo requentado que mostra uma mistura do tipo reality show, consorciado à probreza endêmica e, claro, a caridade cristã mesclada com doações de camas, fraldas, botijões de gás, sacolas de alimentos e remédios etc...

É isto que se ensinam nas faculdades de comunicação social (jornalismo), hoje semeadas à mão cheia por todos os cantos deste país?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

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MUITO ALÉM DOS MUROS, por Grenouille



No dia 10/05/2005, um sábado, aconteceu o Além dos Muros, show de rock que contou com a participação de importantes bandas da cena soteropolitana. O trânsito congestionado em função do mau tempo na cidade motivou um atraso de pelo menos duas horas para o início do evento, marcado para as 18h. Porém, tal atraso parecia perfeitamente sincronizado com a produção do evento, bandas e público, pois, logo após chegarem na Casa Arte Bahia trataram de fazer a festa começar.

A primeira banda a se apresentar foi a Sindirock que embalou a noite com seu rock de pegadas blues e arranjos setentistas. Depois foi a vez da Ut Supra que não deixou por menos, mandando um som mesclado no pop, rock e hardcore. Seu repertório contou com Smells Like Teen Spirit, um clássico do Nirvana. Parecia que a noite não ia ter fim, eis que sobe ao palco a Opus Incertum, com uma brilhante performance, músicos afiados e canções marcantes fez o público ir ao delírio. E encerrando a noite a banda Aluga-se, que fez um belo show.

Durante o evento o clima entre todos foi de total descontração, respeito e coleguismo. Com exceção da banda Aluga-se, ou melhor, do seu líder e vocalista que só apareceu no espaço minutos antes da sua apresentação (o que na verdade já é uma tradição) e permaneceu aguardando em área separada até a saída da banda anterior à sua. O público que acompanha a banda parece seguir seu ídolo, pois só entrou quando a Aluga-se começou a tocar. E depois aparece gente querendo falar de cena rock n´roll!

A proposta do show Além dos Muros foi conduzida com seriedade e bem aceita pelos músicos, público e convidados. Vejam um pouco do que rolou nos vídeos abaixo.
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sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Amigos de Infância ! (do conto, eu conto um ponto...), por el_brujo



toda forma de amor vale a pena
de Caetano Veloso

Noutro dia, andando à esmo pela cidade de são salvador, deparei-me com um velho amigo de infância: o Zé. Olhei uma vez, outra e mais outras e não reconheci. Mas eu tinha certeza que era o Zé, o meu amigo de infância. A dúvida perturbava as idéias, e como a um amigo nunca se esquece, fui conferir.

Não podia deixar passar batido aquele momento, cheguei até ele e o interroguei: você não é o Zé? A resposta soou um pouco desafinada para um tenor, mas afirmativa: sim sou o Zé! Mas pode me chamar Michelle... Um sorriso luminoso encanta o seu rosto e imediatamente é apresentada uma proposta de negociação explicita: o programa completo é uma onça... cabelo e barba, topas!

Eu, ainda apalermado, interroguei-o novamente: é você mesmo, Zé? Tá meio mudando! De pronto, sem o menor vacilo ou hesitação, veio-me a resposta direta e franca: completamente mudado, da cabeça aos pés e o que atrapalhava, cortei e dei prós gatos! Mais sorrisos, seguidos de sonoras gargalhadas, compõem a cena do reencontro de dois amigos, que não se vêem por mais de duas décadas de anos.

Agora sim, completamente apalermado, diante daquela figura em trajes femininos que nascerá Zé Antônio e fora meu amigo de infância. A insistência para fecharmos um contrato temporário de “amor”, vindo dele, provava que ele não me reconhecerá do tempo em que catávamos sapotis no chão das ruas do Dendezeiros, bairro de classe média e situado no sopé da Igreja mais famosa da Bahia!

Valei-me, meu Senhor do Bonfim, aceitei mesmo não sabendo para quê ou do por quê, a idéia de pagar-lhe uma onça. Para quebrar o gelo, que aquela situação provocava em mim, reforcei o contrato temporário com um convite para umas “gelosas”. Entramos numa dessas arapucas mal iluminadas e fedidas, que ficam abertas toda a noite, isto à espera dos desorientados nas noites frias e solitárias desse antigo centro financeiro da primeira capital deste imenso país, espaço da cidade vazio e triste nos seus dramas pessoais e coletivos.

Zé Antônio, aceitou com a condição que fosse uma e somente uma a “gelosa”, e que depois iríamos para às vias de fato – já que uma onça tinha que ser abatida. E, além do mais, a noite ainda era uma criança e tinha-se que faturar uns bons trocados para comprar o leite do gatinho que ele estava criando como a um filho...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Ética. Alguém viu por ai ?, por Carlos Baqueiro

Existe somente uma Ética ? Não creio nisso.

No próprio dicionário podemos encontrar pelo menos 2 conceitos para tal palavra.

O Dicionário Houaiss exemplifica: “Em doutrinas racionalistas e metafísicas, é o estudo das finalidades últimas, ideais e, em alguns casos, transcendentes, que orientam a ação humana para o máximo de harmonia, universalidade, excelência ou perfectibilidade, o que implica a superação de paixões e desejos irrefletidos”, ou “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”.

Fiz esta introdução para começar a analisar o vídeo criado pela TV Cultura, em 1991, com o nome “Ética, alguém viu por ai”, que assisti por esses dias. Mas para isso temos que definir inicialmente que tipo de Ética se está a procura, naquele programa.

Uma das boas evidências de que tipo de Ética se está procurando podemos perceber nas diversas citações, dentro do vídeo, a respeito de uma tal “Lei de Gerson”. Não é nenhuma lei axiologicamente neutra, nem criada por qualquer positivista do século XIX. A “Lei de Gerson” é uma referência simbólica às ditas atitudes dos brasileiros ao desejarem “levar vantagem em tudo”, como insinuava o canhotinha de ouro, na propaganda do cigarro Vila Rica em meados da década de 80.

Partindo da premissa de que a sociedade brasileira está corrompida com um germe que incentiva o individualismo e inibe qualquer valorização de atitudes solidárias, o vídeo nos deixa a impressão de que as conjuntura é quase imutável. Ai está a Ética procurada. Mas tão distante de ser encontrada que nem padeceria de ser buscada.

A idéia de verdades únicas, éticas únicas, leis absolutas, criam no imaginário social um desejo de ócio mental. Ao fortalecer uma forma de pensar através de dogmas e pensamentos de sentido único deixamos de lado a possibilidade de entender o mundo da forma complexa como ele deveria ser entedido.

Pois, como já nos dizia o filósofo francês Michel Foucault, “a verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros...

Durante todo o vídeo vamos vendo imagens de “desvios” de conduta que parecem nos conduzir a considerar boa parte da população brasileira como anti-ética.

Flanelinhas desrespeitosos, cambistas sem a mínima vergonha na cara... Judocas desesperados com a roubalheira dentro de suas federações... penitenciárias criando um sistema de direito próprio...

O velho Macunaíma renasce (sem a característica cínica e sarcástica com o qual nasceu) mais intensamente ainda, para a felicidade de alguns intelectuais que são entrevistados. Nas suas concepções de mundo, corrupção e impunidade impulsionam a sociedade para um abismo, bem ao gosto de adornianos.

Flanelhinhas desrespeitosos ? Onde é que aqueles caras (as vezes meninos) vivem ? Em barracos de dois cômodos ? Dormem em camas coletivas, com 5 ou 6 outros corpos ? Esses flanelhinhas deveriam respeitar os mauricinhos e mauricinhas que têm suas mesadas de três dígitos e tomar conta dos seus carrões por um preço bem baratinho ? Alguns desses caras estão colocando comida na boca de dezenas de irmãos. Ou não. Podem estar pegando sua grana e consumindo drogas (crack que é mais barato).

Temos de procurar a Ética nessas circunstâncias ? Que Ética ?

É muitíssimo perigoso. Em uma das situações do vídeo aparenta-se qualificar os clientes de um cinema de éticos, e aqueles que tentam sobreviver como cambistas de anti-éticos.

É claro que não devemos nos isolar do mundo, deixando de tentar entendê-lo devido a toda complexidade que o cerca. É claro que devemos lutar por um mundo melhor, pelo mundo que queremos.

Mas primeiro de tudo, devemos ter claro em nossas cabeças que o tal “mundo melhor” está em nossas cabeças, e pode não estar nas dos outros. Assim devemos apresentar um discurso de defesa de nossos desejos não caracterizando os outros como seres demoníacos, algozes da liberdade, escrotos, ou qualquer outro sinônimo de coisa ruim.

Creio que como jornalistas nossos discursos devem estar, na medida do possível, ligados ao contexto em que vivemos, sem tentarmos maniqueizar seus personagens, ou seja, dividí-los em eternos mocinhos e bandidos.

sábado, 10 de maio de 2008

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maio, simplesmente maio... , por el_brujo

Liberdade e igualdade
são os dois pilares fundamentais
de uma civilização
de tipo socialista libertária...
Maurice Joyeux,
Reflexões sobre a Anarquia.
Editora Imaginário

Acordos firmados: lindas e belas as moçoilas buscam concretizar sonhos do poder patriarcal: status acentuados, virgindades que são rompidas, territórios mapeados e divididos, valores em prêmios e penhoras... mês das noivas!!!!

... mais sonhos: estes de liberdade: ano de 1886, maio, é o início de uma trajetória revolucionária. Mês de greve nos U.S.A. para se conquistar a jornada de 8 horas de trabalho... Vozes que pronunciam palavras de liberdade, e que cobram organização sindical e mais lazer para os operários... Correria geral, praça cheia, em fuga das arbitrariedades policial. Cavalos à galope com armas e cassetetes buscam trabalhadores e capturam sonhos. Bombas, prisões, condenações (‘pescoços se quebrando durante o enforcamento coletivo em 1887’).

É morte à vista para as utopias sonhadas pelos socialistas libertários na sua luta contra o capital:

“Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não podem apagá-lo”.

1964, mês de maio e os brasileiros ‘caminham’ enfileirados tal qual soldadinhos de chumbo, pois a piada autoritária da ‘redentora’ de primeiro de abril faz aniversário... Ainda aturdido e sem ação organizada, segue-se em marcha lenta e desconfiando da sombra, que o acompanha até nos cantinhos mais recônditos de vossa alma... o medo é a palavra chave à martelar nos corações entristecidos de um povo silenciado pela força dos cavalos a galopear pela América do Sul!!!

Maio/68... protestos generalizados na velha europa, jovens rebeldes “sem causa ou destino pré-defino”, expõem-se nos campus universitários, praças e ruas. Falam de e sobre como ser livre, e exercitam este novo conceito de liberdade, que em muito lembram tantas outras revoltas contra o peso da ‘autoridade’ sobre as individualidades reprimidas.

Rebeldia é um desejo maior, sim! Sejam elas – rebeldias – contra a mão estranguladora do ESTADO, ou da competição sanguinária e desproporcional do CAPITAL em suas fábricas e mercados globalizados, ou ainda das manobras ilusionistas das IGREJAS – reformadas ou não – que teimam em apregoar uma vida de benesses para todos.... só que no post mortem!!!

E indo de encontro às propostas históricas de conscientização política do povo, num dia desses de maio, pode ter sido primeiro e do ano de 2008, no Brasil varonil, as organizações sindicais, subsidiadas pelo estado-globalizado da esquerda “cossa nostra”, conclama os trabalhadores para ‘viajar’ ao mundo do faz de conta do titio lula-lelé e brincar de da-dá, esconde-esconde, o que-é-que-é, bilu-bilú etc..

As noivas – os trabalhadores, o povo, etc. – que são negociadas em nome do patriarcado autoritário e sedento do poder político, que a burguesia capitalista não abre a mão nem para acenar há deus... Correria geral, praça não muito cheia, em fuga das arbitrariedades policial. Cavalos a galope com armas e cassetetes buscam jovens estudantes e trabalhadores e capturam mais sonhos...

Prisões, com possíveis condenações para aqueles que se expressão em contrário aos ‘mundicos’ planejados em cúpulas emolduradas pela ilusão do saber ideológico, que também é poder. É a punição maniqueísta dos senhores todo poderosos para tentar silenciar as utopias sonhadas por socialistas libertários...

E nós sempre diremos NÃO ao poder, em que mão estiver, e seremos solidários às utopias sonhadas pelos jovens socialistas libertários na sua luta contra o capital!!!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

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Defesa de Dissertação sobre Pedagogia Libertária

João Neto, professor de história, dentre outras tantas coisas, estará defendendo sua dissertação de mestrado neste dia 9 de Maio de 2008, a partir das 14 horas.

O tema de sua dissertação é Educação Anarquista e Pedagogia Libertária: Caleidoscópio de uma História.

A defesa acontece no auditório da FACED (Faculdade de Educação da UFBA), no Canela, em Salvador.

A defesa será transmitida ao vivo pela Rádio FACED.

Encontramos nos nossos alfarrábios uma "fala" de Bakunin (anarquista bem conhecido, pelo menos pelos próprios anarquistas) que pode convencer a quem não conhece a pedagogia libertária a dar uma chegada na defesa de João Neto:

"A primeira questão que temos de considerar hoje é esta:

Poderá ser completa a emancipação das massas operárias enquanto recebam uma instrução inferior a dos burgueses ou enquanto haja, em geral, uma classe qualquer, numerosa ou não, mas que por nascimento tenha os privilégios de uma educação superior e mais completa?

Propor esta questão não é começar a resolvê-la ? Não é evidente que entre dois homens dotados de uma inteligência natural mais ou menos igual, o que for mais instruído, cujo conhecimento tenha se ampliado pela ciência e que compreendendo melhor o encadeamento dos fatos naturais e sociais, compreenderá com mais facilidade e mais amplamente o caráter do meio em que se encontra, que se sentirá mais livre, que será mais hábil e forte que o outro ? .
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Quem souber mais dominará naturalmente a quem menos sabe e não existindo em princípio entre duas classes sociais mais que esta só diferença de instrução e de educação, essa diferença produzirá em pouco tempo todas as demais e o mundo voltará a encontrar-se em sua situação atual, isto é, dividido em uma massa de escravos e um peque­no número de dominadores, os primeiros trabalhando, como hoje em dia, para os segundos".

Em tempo: O texto foi encontrado no livro-coletânea Educação Libertária, da Editora Artes Médicas, e seu autor vivia no final do século XIX ao escrevê-lo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

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Prometeu nunca esteve lá..., por Carlos Baqueiro



O filme A Guerra do Fogo se passa no que se chama tempos pré-históricos, e fala acerca da descoberta do fazer o fogo.

Um povo vive em torno de uma fonte natural de fogo.

Logo no início é mostrado o cotidiano deste povo. As relações de poder e, particularmente, as relações de sexo. É mostrado, por exemplo, com uma certa insistência, como os homens, quando excitados, fazem sexo com as mulheres, prendedo-as pelas costas, "a-ni-ma-les-ca-men-te".

Importante também é salientar a forma de comunicação que criaram: desenhos e falas que quase se confundem com rugidos animais sem tradução possível. Mas aos poucos vamos verificando que é esta forma simples de comunicação que os diferencia de outros povos, e que pode lhes garantir a sobrevivência.

São notáveis as atuações com personagens que realmente dão o tom de primitividade desejada pelo diretor, em todos os aspectos. Sujeira, maltratos, violência... a direção se preocupou com os mínimos detalhes, como quando uma mulher parece tirar piolhos dos cabelos de seu companheiro/protetor.

Começamos a entender o sentido do filme quando outros homens (bem mais fortes e cabeludos) atacam o local dos anteriores em busca da fonte de fogo (que fica numa espécie de lanterna construída de galhos de árvore).

Ao fim da batalha aqueles primeiros são expulsos da área onde viviam, e o que é pior, não conseguem manter o fogo aceso dentro da tal lanterna.

A sequência onde percebem o fim da chama é magistral, indicando claramente a importância daquela pequena chama em suas vidas, e invocando para nós espectadores o desespero pela sua perda, e o conhecimento de quanto seria difícil ter uma nova chama acesa.

Três membros são escolhidos pelo que parece ser o líder e saem em busca de uma nova matriz de fogo. Procurando fontes naturais (consequência de raios, por exemplo), ou mesmo roubando de outros.

Depois de vários dias andando e enfrentando animais pré-históricos e outros povos, os três “mocinhos” encontram indivíduos de outro povo que já detêm a técnica de como fazer fogo.

No momento em que o personagem principal observa o fogo surgindo entre gravetos (coisa que até os débeis escoteiros hoje fazem sem a menor cerimônia) nota-se as lágrimas em seus olhos, percebendo ali que o mesmo compreende como aquilo seria de suma importância para a sobrevivência de seu povo.

Na realidade, a descoberta do fogo é apresentada como pretexto a uma viagem que levará alguns seres humanos ao encontro do conhecimento e da própria sensibilidade humana. Além do que, podemos perceber o quanto é importante a capacidade do ser humano de superar os grandes problemas pelos quais passou, passa e passará. Superação essa que se dá devido à sua capacidade de encontrar saídas técnicas e inteligentes para os obstáculos, com suas próprias mãos, e sem a ajuda de qualquer Prometeu.

O filme recebeu um Oscar em Hollywood, em 1983, pela melhor maquiagem. Além de ser o vencedor dos prêmios César de melhor filme e melhor direção (1981).

sexta-feira, 2 de maio de 2008

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Beeeeeé... ou a Resenha do Primeiro de Maio !!!, por Carlos Baqueiro



Primeiro de tudo deixar claro que, puto da vida, com todo movimento social, fiquei ontem todo o dia em casa. Acordei às 10 da matina, e passei o dia lendo um pouco sobre jornalismo, porque tem concurso ai pela frente. Foi apenas um asco de raiva, depois de tantos anos participando de Primeiros de Maios, de todas as formas... com panfletagens, passeatas, corre-corre, e por ai vai.

Já vi situações menos desesperançosas que esta em que estamos estancados hoje.

Movimento sindical nas mãos de um governo de esquerda, mas mais do que nunca defensor de um capitalismo "humanista" (que nem sei mesmo o que vem a ser), com trabalhadores sendo explorados durante toda a semana e loucos esperando um domingo sem trabalhar, prá poder apenas curtir uma praiazinha, ou uma boa trepada.

Patrões e empresários, auxiliados por seus intelectuaizinhos de merda, com menos vergonha ainda da exploração de que são agentes, cada dia mais poderosos, e com mais poder nas redações dos jornais e revistas, com seus artiguzinhos debilóides, ou defendendo o progresso da China escravagista, ou o fim das cotas nas universidades públicas.

Ao que parece os trabalhadores só participam de Primeiro de Maio, nestes tempos enuviados, quando tem estrelas da música, acompanhadas de um bom bingo, que até carro sorteia. O daqui de Salvador, lá no Terreiro, parece ter sido um fiasco, e os mangagões da CUT fingem desconhecer os motivos.

Lá em São Paulo os Punks quiseram destoar a "festa". Segundo a Folha de São Paulo (que nessas horas só entrevista o delegado e o milico mais graduado) os punks estavam querendo "anarquizar" a manifestação "ordeira" dos trabalhadores paulistas. Mais de 20 detidos, inclusive adolescentes.

Para o dia não ficar tão desgraçado, consegui dar boas gargalhadas com os gols do Vitória da Conquista e do Itabuna... alienação ou não, nessas horas só penso que ainda bem que os miseráveis conseguem bater os poderosos em algum lugar da Terra.

Vejam uma matéria da TV Educativa com a torcida conquistense... e curtam, pelo menos até que os miseráveis se tornem os poderosos...




PS.: RAP português prá ouvir ? Delicie-se...

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