sexta-feira, 31 de outubro de 2008

______________________________

"FALE AGORA OU CALE-SE PARA SEMPRE", por Anderson Souza.


Sendo talvez a mais antiga das instituições que o mundo conhece, o casamento vem sofrendo significativas alterações em sua concepção. Numa rápida busca pela internet encontrei explicações que distinguiam juridicamente o matrimônio como "uma associação, na qual os sócios são de iguais valores, vivendo sempre para complementar um ao outro" e religiosamente, tendo o objetivo de "fundir duas pessoas numa unidade harmônica e criativa de alma e corpo".

Durante a semana procurei saber a opinião de algumas pessoas sobre o casamento. Percebi que o assunto causou certo desconforto e acredito que por isto a maioria hesitou em falar a respeito. Aqueles que responderam às minhas perguntas, por outro lado, pareceram não querer se expor por completo; pois, a maior parte das respostas foi um tanto quanto evasiva. De qualquer maneira, ainda que ínfima, podemos ter uma noção de como uma parcela da sociedade pensa a respeito do casamento tradicional.

Para o consultor técnico Ajota Nascimento, as vantagens e desvantagens do casamento "estão relacionadas aos interesses do casal". Com isso, percebemos claramente o valor burocrático ao qual o casamento está associado. Casada há 3 anos, tanto no civil quanto no religioso, a analista de recursos humanos, Carol Pussente, diz que a vantagem de uma união conjugal está em "poder compartilhar todos os momentos de vitórias e dificuldades a dois". Ela considera desvantajoso o fato de "ter que suportar alguns hábitos e vícios". Entretanto, a maioria dos entrevistados revela não ser favorável a dar satisfações de tudo para o outro. Mas como sintetiza o professor José Anselmo Amorim dos Santos, separado há 4 meses após um relacionamento de 10 anos, a vida conjugal "é o constante exercício de lidar com as diferenças".

Considerando que as pessoas se casam por amor, qual a necessidade de assinar um contrato que tem como única finalidade a garantia dos bens materiais, no caso de uma separação ou falecimento do companheiro? "Não há necessidade. É apenas uma formalidade", justifica a bióloga Daiana Gondim. Porém, esta "mera" formalidade deve registrar ou não explicitamente a separação dos bens, e em muitos casos cujos bens de uma das partes ou ambas é de grande valor econômico, vê-se, além do contrato, acordos pré-nupciais. O que, pra mim, demonstra certa desconfiança nos interesses do companheiro ou companheira. Carol admite: "a necessidade é justamente de garantir que aquele tempo de união possa assegurar um futuro ou, até mesmo, o presente de forma mais qualitativa, com aquisição de bens, plano de saúde, etc.".

Quando o padre diz: "eu vos declaro marido e mulher até que a morte os separe", aos olhos da Igreja, a possibilidade de uma separação antes de tal fatalidade é impensável. Contrariamente, o que vemos são justamente pessoas casando hoje e separando no dia seguinte. Daiana não acredita que a união conjugal deva durar até que a morte separe, mas "até que ambos estejam felizes e satisfeitos com o casamento". Ora, não podemos esquecer da promessa feita no altar diante de Deus e das testemunhas. Ajota brinca, dizendo concordar com tal idéia religiosamente, mas racionalmente não. Já a estudante Maria Helena Moreira, aposta na relação até o final da vida: "se não houver sacrifícios e for prazerosa, sim", ressalva.

O sexo parece estar diretamente ligado ao casamento. Ele pode unir e apimentar a relação quando ambos estão satisfeitos com o desempenho de cada um, ou causar desarmonia quando praticado extraconjugalmente. Certa vez, um colega me disse que o bom do casamento é que ele teria sexo garantido em casa. Apesar de não estar tão certo disso, pensei se seria este então o objetivo do casamento. "A fidelidade, como todos os outros elementos, deve ser estabelecida entre o casal visando a felicidade e o bem estar de ambos", pondera o professor Anselmo. E, realmente, existem casais que optam por um relacionamento aberto, em que o sexo pode ser mantido com terceiros, separadamente ou até mesmo em conjunto. Não sendo adepta desta linha de pensamento, Carol conclui que "se um casal decide unir seus corpos, não tem porque cometer adultério"; e completa, "quem quer muito acaba não tendo nada".

A Igreja prega que o sexo só pode ser praticado após o casamento, mas já assisti diversos casamentos em que a noiva, tradicionalmente vestida de branco - representação de virgindade e pureza - já demonstrava a enorme barriga dos últimos períodos da gestação. Cerimônia de faz de conta, essa é a impressão que tenho. Por outro lado, parece ser inadmissível que uma mulher tenha um filho sem regularizar sua vida conjugal. Ou seja, engravidou, vai ter que casar! Podemos ouvir muitos argumentos de que em casos assim seja necessário unir o casal para garantir o bem-estar da criança; mas, ao que parece, busca-se apenas manter as aparências para a sociedade. "Só pode haver a união se ambos concordarem, caso contrário não há necessidade", acredita Maria Helena. E descarrega, "tanto a sociedade quanto a criança sobrevivem a qualquer uma das situações".

Atualmente, a principal polêmica envolvendo o casamento tem sido em torno da união homossexual. Gays e lésbicas lutam pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O músico, Cleber Silva, considera que "as escolhas devem ser respeitadas, independentemente dos valores morais". E já que tudo não passa de formalidades, por que há essa resistência em permitir a união jurídica e religiosa desses casais? "A busca da felicidade deve ser a grande meta de qualquer união, seja ela hetero ou homo, pois o que levaremos dessa vida será os momentos felizes que teremos", finaliza Anselmo.

Inevitavelmente, momentos de desacordo são comuns, mas o respeito à opinião do outro pode assegurar um bom entendimento entre as partes. Isto não quer dizer que o casamento seja algo indispensável para garantir um relacionamento feliz. Aliás, o compartilhamento de idéias e relações não deveria ser para provar qualquer coisa.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

_______________________________

.
vítimas, onde? Só vejo os algozes...
.
por el_brujo
.

.
Cor do texto“O rei está por toda parte.

Que a luta já não se limita a um único front – o Estado –,

mas que os fronts se multiplicaram ao infinito e estão também em nós.”
.
Félix Guatarri

Como é do conhecimento de todos, principalmente dos participantes deste insano torneio onde se dá a prevalência dos mais fortes e adaptados à subserviência implantada pela exploração dos algozes do próprio homem, e cuja recompensa são meramente elogios falaciosos e/ ou prendas virtuais, não-mensuráveis.
.
Portanto, todos sabem ou deveriam saber, que as mídias são instrumentos de controle político e de dominação ideológica de corpos e mentes sadios para o trabalho alienante e, também para o consumo desregrado de inutilidades prejudiciais ao sistema ecológico, bem com para as relações inter-pessoais.
.
Visto que a concretitude de qualquer idéia neste espaço midiático de divulgação// adestramento, é simplesmente expor//vender de tudo um pouco e mais outros tantos... Exemplificando, relembramos o imensurável leque de opções que vão do absorvente feminino cor-de-rosa com cheirinho de tutti-frutti até a salvação das ‘almas’ pecaminosas do fogo eterno das fornalhas a gás natural no quintos do inferno!
.
Observe com atenção no cotidiano urbano e constate a matéria com a qual se adorna//veste os corpos e as mentes dos aprendizes de feiticeiros. E atentando, com um pouco mais de presteza, verás que todas essas quinquilharias estão espalhadas estrategicamente por toda parte... O mecanismo utilizado para capturar a atenção dos possíveis ludibriados parece com um processo de sedução – conquistar pelo olhar – maniqueísta do chamariz visual, que conduz a um fim determinado, qual seja ele o consumo//aquisição de bens de utilidade que se deve constantemente questionar, pois são duvidosas as suas necessidades forjadas nos frios labirintos do saber pequeno-burguês.
.
Destacamos que, pouco importando qual que seja o bem// produto, esse mecanismo de estímulo utilizado tem por objetivo perpetuar este sistema produtivo – o capitalismo – ad infinitum para gloria máxima dos senhores proprietários dos conglomerados financeiros-industrial... Mesmo que tal projeto expansionista traga consigo alguns senões, ou seja, que se torne um vetor não-controlável de agressão ao meio ambiente com as conseqüências já conhecidas por todos os envolvidos nesse processo de sedução, ou não.
.
Um pequeno parentes se faz necessário, para que possamos ressaltar que estas conseqüências já se fazem sentir no nosso dia-a-dia. Citamos, para clarear essa explanação, as poluições múltiplas (áudio-visual, atmosférica, etc.) e o aquecimento global, E só para citar algumas dessas variáveis prejudiciais em seu sentido macro para o nosso entorno, e no qual estamos inseridos como co-participe para a sua necessária preservação, pois existe claramente a sua limitação como fornecedor de matéria prima.
.
Portanto, estão aí os meios encontrados para conduzir os artifícios de manipulação das necessidades físico-psicológicas dos possíveis clientes// consumidores dessas quinquilharias multicoloridas. E que estão em todos os meios de divulgação comercial, informação científica e formatação psicológica das mentes (controle político) e corações (dominação ideológica) humanos.
. ....
Reafirmamos, só para explanar sobre o obvio, que essas quinquilharias estão também nos écrans multicoloridos de idéias pré-concebidas; conservadas em solução aquosa de aldeído metílico (formol); e requentadas em forno de micro-ondas por milionésimo de segundos.

Concretizado esse processo de vivificação, e eis que se tem um produto pronto para o consumo imediato de sabe-se lá do quê... Mas se usarmos como acompanhamento um bom vinho tinto prensado no sertão do Alto São Francisco, e mais algumas fatias de pão sarraceno, fica um ouro da babilônia.

E, para que se possa sonhar com idéias de liberdade política, igualdade econômica e fraternidade entre homens e mulheres de boa vontade, se faz necessário encontrar um ponto de excitação, e assim para penetrar nas fissuras sistêmicas que a estrutura de poder apresenta vez por outra...

Essa necessidade se justifica, pois que esse sistema de exploração do homem pelo homem teima – apesar dos esforços seculares de várias gerações de vingadores// justiceiros – em manter-se de pé como um “joão bobo// teimoso”.
.
Clama-se, portanto, por uma retomada de objetivos e de se perscrutar por novos caminhos para fugir do fetiche da mercadoria que nos persegue teimosamente já há algumas décadas...

Portanto vislumbramos nas palavras de Sir Karl Raimund Popper que “... podemos torna-nos os artífices de nosso destino, quando deixarmos de posar como profetas” nas infrutíferas tentativas de determinar o futuro prCor do textoeviamente concebido como mais-que-perfeito.
.
Juntamos, pois, a esta rápida reflexão o desejo de que podemos atuar em coletivos não-hierarquizados – pequenos ou grandes, isto pouco importa – que podem ser efetivamente concretizar-se como uma das alternativas a este modelo econômico opressivo pela sua própria essência competitiva.
.
Reforçamos, aqui, a idéia da convivência em coletividade, pois é nesses espaços políticos, como nos diz as palavras de Hans Magnus Enzensberger, que se dá o “diálogo de cada um com os demais” na construção de uma nova sociabilidade sem a predominância da concentração do poder em dedos longos e repletos de anéis multicoloridos.
.
Digo-vos, portanto, que os coletivos não-hierarquizados podem ser um desses caminhos para manter vivo o desejo por liberdade, que só será exeqüível se associar-se a igualdade de condições para vicejar a fraternidade, mesmo entre àqueles que teimam, hoje, em exercitar sua porção egocêntrica, territorialista e competitiva.
.
Em resumo, urbanamente belicosos, é o que se construiu como referência para a vivência coletiva nesses nossos hiper-aglomerados urbanos... Agressividade – expressão intima de poder – conseqüência direta deste sistema de arranjo urbano, que se impõe em tais situações de concentração de indivíduos que pensam e sentem suas relações com outrem.
.
Mas devemos continuar a lutar por espaços de possibilidades lúdicas de resistências, que buscando uma sociabilidade fraterna, e para assim viabilizar os discursos de re-encontro consigo e com o outro, pois Hakim Bey já poetizou "As palavras pertencem àqueles que as usam apenas até que alguém as roube de volta."

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

______________________________

Mais um pouquinho do Seminário

Nesta última postagem sobre o seminário Ditadura do Pensamento Único apresentamos dois dos palestrantes do dia 17 de Outubro. Um deles é Antonio Mendes, artesão, auto-didata na área de meio ambiente, e anarquista desde os anos 60. O outro é Ricardo Liper, professor de Filosofia da UFBA. Ambos criadores do jornal O Inimigo do Rei.

Ai vai um resumo do que foram as apresentações:



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

______________________________
.

Homenagens às Eleições !!!!



O texto abaixo, escrito por um militante anarquista de Brasília, foi publicado na edição de número 21, de Outubro de 1987, do Jornal O Inimigo do Rei, :

"Nós, anarquistas ou libertários, por uma coerência de ideal, devemos aproveitar as próximas eleições para encabeçarmos uma campanha a nível nacional do voto nulo. Através dos coletivos de cada cidade ou mesmo individualmente, propagar nossos ideais aproveitando o descontentamento popular evidenciado de forma efusiva nas últimas eleições.

Sabemos que a postura mais condizente com a nossa proposta seria a abstenção ao voto, mas como somos obrigados arbitrariamente a praticar este ato inútil, o voto nulo, se consciente, pode ter o mesmo efeito. Estes podem ser os primeiros passos para chegarmos a uma sociedade autogestionária, em que cada um represente a si mesmo".



E Bakunin, em uma de suas mais deliciosas opiniões a respeito daqueles que se diziam defensores do povo:

“Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários.

Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

______________________________

Mais Visões sobre o Seminário

No post de hoje colocamos os vídeos com a apresentação de Nildo Avelino, Dr. em Ciência Política, pela PUC-SP, e colaborador do Centro de Cultura Social de São Paulo.

Nildo aborda o Pensamento Único em seu viés esquerdista. Mostra como uma espécie de pensamento autoritário é latente no marxismo, desde Marx, a partir dos conflitos entre ele e o anarquista Proudhon.

Em um dos trechos da apresentação ele lê um segmento de carta de Proudhon à Marx. Ali já é possível captar as críticas futuras de todos os anarquistas ao marxismo:

"Aplaudo, de todo o coração, sua idéia de trazer todas as opiniões à luz. Iniciemos sim uma boa e leal polêmica; tentemos dar ao mundo um exemplo de tolerância sábia e perspicaz, mas não nos transformemos, pelo simples fato de que somos os líderes de um movimento, em líderes de uma nova forma de intolerância; não podemos ser apóstolos de uma nova religião, mesmo que seja a religião da lógica e da razão".

_____

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

_____________________________

Visões do Seminário

Hoje estamos trazendo os dois primeiros vídeos com uma das apresentações dentro do Seminário.

Infelizmente, graças à incompetência técnica de quem produziu o evento, o áudio desta apresentação saiu bem ruinzinho. As próximas não estão tão ruins.

Na apresentação Carlos Baqueiro dá uma idéia inicial do que vem a ser a Doutrina do Pensamento Único. Fala também sobre os pensadores que abordam a doutrina, como Ignacio Ramonet, Cornelius Castoriadis e Noam Chomsky.

_____


***

Sim.

Aproveitando este post gostaria de deixar aqui meus protestos contra parte da imprensa brasileira que se utilizou, durante a semana que passou, de um fato de relevância apenas na esfera privada, transformando-o em uma "novela" de conotação pública. "Jornalistas" como Sonia Abraão da Rede TV usaram e abusaram do direito (e do poder) que têm nas mãos para conseguir audiência (e grana dos patrocinadores, por osmose), interferindo, inclusive, no sucesso de negociações de cunho policial.

Uma situação que já parecia caótica, tanto pela complexidade que se dá em casos relacionados às paixões humanas, quanto pelo que parecia um certo despreparo das instituições policiais, ainda surgem, neste conflito que deveria ficar apenas na esfera privada, "jornalistas" que se travestem de psicólogos, especialistas em direito, donos de conhecimentos que devem ter a partir de revistas de variedades, também produzidas por eles, e interferem no andamento dos acontecimentos.

Inventaram, assim, um outro tipo de jornalismo. O Jornalismo Ativo, em que os repórteres, editores, fotógrafos, câmeras, radialistas, etc, estão inseridos na notícia, e têm a possibilidade de levarem os fatos para onde bem desejarem, mesmo sabendo que vidas humanas estão em questão.

Infelizmente, nada deverá acontecer com aqueles "jornalistas". Nem com as emissoras ligadas a eles. Nem sei mesmo se nas suas cabecinhas de especialistas em generalidades eles teriam condições de entender a merda que ajudaram a construir.

Uma coisa em minha mente é certa: Os limites vão sendo ultrapassados e a cada dia ficamos com menos privacidade (lembrem-se também das câmeras de ACM Neto), até mesmo quando a morte nos espreita. Tudo é possível em nome da audiência.

grato,

CB

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

______________________________

Amostra do Seminário...



Édilo Filho e Carlos Baqueiro começam suas apresentações abordando o tema Mídia e o Pensamento Único.

Mas lembrem que hoje tem mais:

Ricardo Liper, Antonio Mendes e Nildo Avelino abordam os temas Ecologia Social, Autogestão e Ação Direta.

Até segunda-feira a gente faz mais algumas gravações e edições e coloca aqui prá quem não chegou a ir ao seminário.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Olá, a todos,
.
O Seminário A Doutrina do Pensamento Único acontecerá dias 16 e 17 de Outubro, a partir das 19 horas...
.
O local é o Sindicato dos Petroleiros, na Rua Marujos do Brasil, 20, Tororó, Salvador, Bahia.
.

A Entrada é Franca.
.
Quem puder repassar essa mensagem para colegas de trabalho ou de escola, que se interessem pelo assunto, seria legal.
.
O Seminário pretende discutir sobre algumas idéias que surgiram nos anos 90 acerca da possibilidade de uma "elite" econômica estar conseguindo fazer com que todo mundo pense uniformemente.Ignacio Ramonet, Cornelius Castoriadis e Noam Chomsky foram alguns dos pensadores que perceberam que isto estava acontecendo de uma forma sistemática.
.
Queremos agora debater acerca de seu funcionamento e analisar formas de combater essa sistematização...Por isso as apresentações sobre o Controle de Mídia, a Educação Libertária, a Ecologia Social e sobre Autogestão e Ação Direta...
.
Mais informações ?
.
Leia o texto de Castoriadis:http://diplo.uol.com.br/1999-12,a1592
.
Valeu,
.
Carlos Baqueiro

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

______________________________
.

SEMINÁRIO

A DOUTRINA DO PENSAMENTO ÚNICO

.
.
.
.
.
LOCAL:
.
SINDICATO DOS PETROLEIROS, RUA MARUJOS DO BRASIL, 20, TORORÓ
.
SALVADOR, BAHIA
.
19:00 Horas

********
.
ENTRADA FRANCA

*************

RESUMO DO TEMA:

Estamos vivendo hoje um tempo de certezas (quase) absolutas. Ou melhor, um tempo em que se aparentam mais certezas do que dúvidas. Onde, após o fim da União Soviética, até mesmo o fim da história já foi estabelecido, pelo filósofo americano Francis Fukuyama, ideólogo do neoliberalismo, para quem tínhamos chegado "ao ponto final da evolução ideológica e à universalização da democracia liberal ocidental como forma final de governo".
.
É o tempo de algo sombrio ao qual já se nomeou de PENSAMENTO ÚNICO. O diretor do jornal Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, menos apocalíptico do que realista, aponta o que este tipo de situação traz consigo:
.
"Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião".
.
Mostrando que uma visão crítica do mundo não serve de nada se nos leva a um beco sem saída, o próprio Ramonet participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou:
.
"Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muitos fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto".
.
**********************
.
PROGRAMAÇÃO:

Quinta-Feira (16/10/2008)

19:00 h - Abertura

19:10 h - Controle da Mídia -

Carlos Baqueiro (Graduado em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador).

Regina Guena (Graduada em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador).

20:10 h - Educação Libertária -

João Neto (Mestre em Educação pela UFBA).

Eduardo Nunes (Doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona).

21:00 h - Abertura de Debate.

Sexta-Feira (17/10/2008)

19:10 h - Ecologia Social -

Antonio Mendes (Artesão e Auto-Didata em Ecologia e Meio Ambiente).

20:10 h - Ação Direta e Autogestão -

Ricardo Liper (Mestre em Filosofia pela UFBA)

Nildo Avelino (Doutor em Ciências Políticas pela PUC-SP)

21:00 h - Abertura de Debate.

21:45 h - Encerramento do Seminário.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

_____________________________
.
dei-me conta, e revolto-me!!

por el_brujo
..

.
Não me permito ser mais uma peça, mesmo que diminuta e insignificante, nessa engrenagem asfixiante, que só visa o lucro em detrimento dos ecos-sistema em que atuam, bem como das pessoas que forçosamente gravitam no seu entorno buscando, assim, auferir algumas migalhas que caem das bandejas sobrecarregadas dos lucros redundantes da razão (exploração) entre custos e benefícios...

Está espalhada por toda parte, como se fosse uma verdade universal, a manipulação dos valores éticos e dos saberes sociais refinados e acumulados por milhares de anos em que o homem está tentando tomar pé de suas vidas de forma autônoma e independente.

Qual seja, os nichos dessa presença manipulatória chegam aos instrumentos de pesquisa, divulgação e reprodução de saberes; gerando assim com sua onipresença um ‘saber’ que se pretende único e absoluto: o mercado é uma necessidade natural, que a tudo (e a todos) controla e regula de uma forma pretensamente positiva.

E esse axioma é cultivado em todas as frentes de batalha pela sobrevivência de um indivíduo autônomo, pois é sabido que uma mentira repetida mil vezes ‘necessariamente’ se torna uma verdade neste ‘mundico’ das meias-verdades construídas pela repetição ad infinitum nos meios de comunicação de massa, vulgarmente chamado de ‘o terceiro poder’ deste sistema político-econômico do qual tentamos peremptoriamente nos desvencilhar por definitivo.

Eles, os senhores de todos os anéis (poderes & saberes concentrados em alguns dedos), tentam nos fazer acreditar que tudo é mercadoria (nossos corpos e mentes têm um preço) e como tal, a mercadoria é satisfatoriamente regulada pelo discernimento próprio do mercado. E nesse jogo, entre a caça e o caçador, cabem vários artifícios, tais como, regatear até que se tenha o valor da mercadoria aviltado ao nível mínimo para a compra e especular para se ter um valor máximo para a venda.

Eis o sentimento majoritário ao qual se tenta submeter a todos, desde os fiéis seguidores desses axiomas que beira a deificação do mercado e de sua lógica de concentração dos bens que são produzidos coletivamente. Prendas, digo prêmios, são o estimulo encontrado para massagear o egocentrismo desses pavões emplumados.

E para os rebeldes infiéis, que contestam essas verdades ditas absolutas, tenta-se subjugar pela persuasão psicológica dos mechendagens. Induzindo-os a acreditar que a melhor condição é crê que tudo é possível de ser consumido, bastando, para tal, hipotecar-se em função do crédito bancário dos gigolôs internacionais das finanças. E se esses mecanismos subliminares (marketing) não surtir o efeito esperado, convém, pois sempre é necessário, o uso da força física para manter a operacionalidade do sistema de produção (exploração) vigente.

Está claro, portanto, que tudo em nosso entorno é direcionado para corroborar a concentração das riquezas nas mãos de um diminuto grupo de colecionadores da miséria alheia. Miséria que deriva dos investimentos para pura especulação nos inúmeros setores produtivos, levando-os à passear constantemente numa corda bamba, na tentativa de fugir-se de uma eminente banca rota, isso em intervalos de tempo cada vez menores.

Já que a cornucópia tende a secar, pois tudo nos faz crê que as fontes primárias de matérias-prima não são inesgotáveis em sua capacidade de alimentar o ritmo desenfreado de produção, acumulação de riquezas geradas pela ganância egoísta do capital, empenhado em sua ‘eterna’ perpetuação.

Mas, é necessário que se diga, a revolta aos poucos se impõe, seja individual ou coletivamente encontraremos respostas quando negarmos esse ritmo de produção, melhor dizendo, dar-lhe um basta! Chega com esse pujante ritmo de destruição dos ecos-sistema e das inter-relações sociais com a priorização de aspectos egocêntricos de nossa psique. Portanto, meus caríssimos, mais uma pedra foi lançada ao vento, basta seguir o propagar de suas ondas...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

______________________________

20 Anos Depois: A Procura de Elos Perdidos..., por Carlos Baqueiro

Nos encontramos a 20 anos de distância do fim da publicação do jornal O Inimigo do Rei, e em um mundo todo complicado de se entender. E de sobreviver.

A sociedade parece continuar a serviço de uma minoria, mas agora sem a necessidade de ditaduras militares. Pois esta minoria detêm hoje a matéria-prima fundamental à manutenção do poder dentro desta sociedade: a informação.

Mesmo dentro da Internet, um campo ilusoriamente democrático, os grandes portais, das grandes famílias e grandes corporações, abocanham a maior parte da audiência, enquanto o status de pobreza destitui boa parte da população do seu uso.

É pensando em retirar desta minoria parte daquele poder, conseguido por meio da informação e do saber, que vislumbramos um mundo sem tantas diferenças econômicas.

Podemos assim nos manter distantes desta batalha, e continuar nossa vidinha rotineira, acordando, trabalhando, consumindo e voltando a dormir. Ou podemos nos negar a permitir que aquela minoria faça o uso indiscriminado dos meios de comunicação para uniformizar e homogeneizar os pensamentos. Lutando e resistindo, de alguma forma.

Para mim em uma sociedade onde o poder continua nas mãos de poucos sendo usado para manipular a vida de todo um país (e de todo o planeta), é imprescindível que haja uma ‘re’-ação a este monopólio de autoridade.

Seja por meio da ação direta dos indivíduos, seja pela palavra escrita, da imprensa alternativa que defenda os princípios de liberdade e igualdade, de forma a incentivar as lutas pelo direito de cada indivíduo fazer o que quiser, na hora que achar conveniente, apenas respeitando os seus limites e o direito que o outro também tem dentro do espaço comum a todos.

Para isso temos de entender o que se passa em nosso redor.

Estamos vivendo hoje um tempo de certezas (quase) absolutas. Ou melhor, um tempo em que se aparentam mais certezas do que dúvidas. Onde, após o fim da União Soviética, até mesmo o fim da história já foi estabelecido, pelo filósofo americano Francis Fukuyama, ideólogo do neoliberalismo, para quem tínhamos chegado "ao ponto final da evolução ideológica e à universalização da democracia liberal ocidental como forma final de governo".

É o tempo de algo sombrio ao qual já se nomeou de Pensamento Único. O diretor do jornal Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, menos apocalíptico do que realista, aponta o que este tipo de situação traz consigo:

Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião”.

Mostrando que uma visão crítica do mundo não serve de nada se nos leva a um beco sem saída, o próprio Ramonet participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou, em entrevista a João Alexandre Peschanski, que:

Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muitos fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto”.

Por isso teimamos em buscar um grande exemplo de luta e resistência no jornal O Inimigo do Rei (1977-1988) onde a liberdade de expressão era buscada continuamente, e nada era considerado “proibido”, o que, não tão surpreendentemente, o fazia vender muito das suas edições, e como afirmou o carioca Renato Ramos, um dos seus colaboradores:

Vejo O Inimigo do Rei como uma virada, uma mudança de postura, de visão, de novos temas. E temas que tinham a ver... que muita gente gostava... movimentos populares, racismo, antifascismo, questão da mulher, do negro do homossexual... eram coisas que se relacionavam muito com os novos militantes. Acho que o IR teve essa importância, de colaborar mesmo para o surgimento de grupos, porque começou a falar de anarquismo de novo. O IR era conhecido pela esquerda marxista, criticado e odiado, e não tinha perdão. Então o anarquismo voltou a ser comentado nos meios estudantis, nos meios acadêmicos, e começou a incomodar”.

Portanto, 20 anos depois, estamos aqui, agora, em um momento em que nós vivenciamos uma traumática derrocada das utopias, e não há nada melhor do que rebuscar na História um pouco de antagonismo. E, particularmente, quando utilizamos alguma parte dela em que homens e mulheres se uniram, para com uma pitada de humor, e outras de ironia e coragem, tentarem destronar o Rei.

Imbuídos dessa perspectiva estamos construindo um Seminário sobre A Doutrina do Pensamento Único que acontecerá nos dias 16 e 17 deste mês de Outubro. Ali teremos apresentações de vários indivíduos que colaboraram com o jornal O Inimigo do Rei, desde os que ajudaram a criá-lo, até os mais “novos”... Teremos a presença de jornalistas, historiadores, cientistas sociais, mas também de operários e desempregados que desejam a troca de idéias.

Esperamos durante evento a presença daqueles que gostam do que se apresenta neste blog, e desejam dias melhores para todo mundo, para podermos discutir juntos sobre a existência da doutrina do Pensamento Único, e sobre os meios para combatê-la.

O local do Seminário será o Sindicato dos Petroleiros, no bairro do Tororó, em Salvador. A entrada será franca.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

_____________________________

.
20 Anos Depois...
.

.
Hoje postamos o texto de Gideoni Nery, militante libertário e também colaborador do jornal O Inimigo do Rei nos anos 80. Hoje se encontra em Cruz das Almas, interior da Bahia, participando ativamente dos movimentos sociais naquela cidade.
.
--------------------------
.
Que falta faz O Inimigo do Rei, por Gideoni Nery

Na década de 80, a militância anarquista brasileira, principalmente a localizada na Bahia tinha a preocupação com a comunicação marginal, fora dos contornos oficiais dos veículos de comunicação de "massa" existentes.

Longe de querer tapar o sol com suas páginas, o jornal O Inimigo do Rei circulava normalmente (mesmo com o cupom trancado) durante o período que eliminava de vez a ditadura militar do nosso país. Naquela época, a imprensa destinada aos segmentos políticos de esquerda enalteciam a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A imprensa "burguesa" ensaiava a glória da Anistia Política, enquanto nos bastidores da política partidária se ensaiava o processo de abertura que culminaria nas Diretas Já. Nem por causa disto, o jornal O Inimigo do Rei deixava de alertar aos seus leitores sobre a grande farsa orquestrada pelos "donos" do poder constituído (Direita, Centro, Esquerda e etc) na tentativa de apresentar ao mundo uma nova fase do Brasil.

O jornal O Inimigo do Rei teve a lucidez de observar e desmascarar as manobras realizadas por estes segmentos da política na obtenção de seus quinhões dentro processo que se desenhava: criação de novos partidos, greves de trabalhadores, fundação de centrais sindicais, eleições diretas e o "escambal". Para o jornal O Inimigo do Rei não havia diferenças entre as partes quando o assunto era a liberdade do ser humano, o livre arbítrio, o mutualismo, a autogestão, o tesão, a vida.

Incrível, porém verdadeiro, mas o jornal O Inimigo do Rei era pensado, elaborado e confeccionado dentro de uma metodologia autogestionária. Quando o conheci e tive a "honra e o privilégio" de integrar seus quadros, participando de suas reuniões na sala 505, do Edifício Themis, na Praça da Sé em Salvador, capital baiana, não me dei conta, logo no início, da grande iniciativa que ali construía-se em nome de um conjunto de idéias, para mim, ainda muito novo.

O movimento anarquista surgia para mim depois dos desencantos de uma militância partidária de esquerda no movimento estudantil secundaristas, onde PT e PC do B se matavam pelo poder da UBES, e da UNE.

Em tempo de eleições municipais, a militância anarquista de Salvador e Região Metropolitana assumia uma postura de denunciar a fraude eleitoral e o abuso de poder político e econômico escondidos sob a égide do processo democrático das eleições municipais do ano de 1988 quando as ruas de Salvador acordaram com a campanha "Vote Nulo, Não Sustente Parasitas".

O jornal O Inimigo do Rei abraçou, divulgou e socializou a iniciativa que ganhou a simpatia popular e a ojeriza, dos setores conservadores, aos esquerdistas da política local: "Votou nos home, agora guenta", com a cara de um grande jumento, também para chamar a atenção da grande bobagem do voto pelo voto...

O jornal O Inimigo do Rei nunca se furtou de abordar os principais temas da vida cotidiana de nossa sociedade: aborto, violência, homosexualismo, homofobia, ditadura, religião, política, educação entre outros temas. Das iniciativas do jornal O Inimigo do Rei surgiram outras tantas que visavam a divulgação da ideologia anarquista e o pensamento de seus principais ícones na transformação do pensamento político e social.

Foi através do jornal Inimigo do Rei que muitos leitores conheceram os outros lados da "Revolução" Russa, da Guerra Civil Espanhola, da Revolução dos Cravos, do Golpe Militar de 1964 e da farsa da Nova República.

De fato, a década de oitenta foi mesmo o início do fim de muitos tabus e de muitas picaretagens. Os anos 80 sempre serão lembrados pelas grandes greves dos petroleiros, dos metalúrgicos, dos comerciários, dos rodoviários e de tantas outras categorias importantes da classe trabalhadora brasileira.

O Inimigo do Rei estava sempre lá, seja com sua equipe editorial ou simplesmente com a sua militância, acompanhando, analisando ou testemunhando os acontecimentos daquela fase que ajudaram na construção da identidade atual do nosso país.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

______________________________

.
20 Anos Depois...
.
Hoje publicamos mais um texto da série "20 Anos Depois". O autor do texto é El_Brujo, pseudônimo de um velho militante anarquista, colaborador do jornal O Inimigo do Rei nos anos 80, e da APPL (Associação em Prol do Pensamento Libertário) nos anos 90. Hoje participa do grupo de editoria deste blog.
.
Boa leitura...
.
-------------------------------
. .
.
No ano de 1977 os fantasmas re-encontram o caminho da liberdade no exercício de pensar/fazer um jornal anti-monarquista. Isto nos tempos em que milicos substituem milicos de verde-oliva na troca-de-guarda da república de bananas nanicas amarelecidas pelo tempo que segue inexorável para o lixão da história.

Os fantasmas re-organizam-se sem distinções de qualquer natureza, seja em função das pupilas gustativas privilegiadas para sabores refinados (sorvete de mangaba é um exemplo clássico!), de raça ou de cor de pele, de gênero ou opção sexual, saberes ou títulos honoríficos acumulados nos brasões de família, etc...

Re-constroem os caminhos da liberdade com pacotes de jornais embaixo do braço, latinhas de spray nas mãos e com o grito da rebeldia. Fazem-se, assim, ouvir pelas ruas, nas escolas, fábricas e mil outros tantos recantos as tênues, mas persistentes, vozes rebeldes de estudantes, professores e trabalhadores.

Declamando versos à pleno pulmão por liberdade política, igualdade econômica e fraternidades entre homens e mulheres de boa vontade buscando o reverso de uma triste realidade que se traduz como dominação: as mãos fascistas que lhes apertam as cordas vocais e impõem o peso do retrocesso político sobre os ombros de um povo amordaçado.

Ressaltemos que essas ações foram realizadas no auge da ferrenha ditadura militar implantada em 1964, e que perdurou por quase vinte e cinco anos nesta nossa república de bananas nanicas galopada pelas patas dos cavalos encastelados em quartéis e palácios sólidos que se desmanchavam no ar como bolhas de sabão não som do pátria amada salve, salve!

E que perdurou até à consumação completa da orquestrada abertura política planejada pelo Gal. golbery do couto e silva: medidas provisórias (ações econômico-administrativas) sobre as poupanças homeopaticamente acumuladas, e também sobre o erário público-privado pelas famílias mafiosas dos farias (pc) & mello (zélia) & collor (fernando), que substituiu a já manjadissima dobradinha são paulo & minas gerais com o seu aristocrático café com leite.

Mas as vozes solitárias dos diletos rebeldes espalhados por este país vão se juntando uma aqui (do yapóqui ) outra acolá (ao chuí) na construção de um fazer política de forma inovadora e revolucionária: sem deus, sem pátria e sem patrão.

Contrapondo-se às práticas das esquerdas marxista-ortodoxas com suas alianças político-partidárias com as organizações pequeno-burguesas, sedentos todos esses agrupamentos políticos por migalhas provenientes das estruturas verticais do Estado, pouco lhes importando se capitalista ou estatal. Que em momento de crise não se furta em ceder alguns anéis para não perder o pescoço de um só golpe da afiada lâmina da Gillette alemã.

Num tempo de muito medo e incertezas, os nossos jornaleiros e jornalistas por excelência, ousaram levantar a bandeira negra da ação direta, da autogestão, do federalismo autonomista e da solidariedade. Rebelando-se contra o aparato de condicionamento ideológico da esquerda tupiniquim que tentava ser um dos negociadores de uma transição, outra vez, gradual e segura para a surrada democracia café com leite dos mineiros com paulistas. Isso num momento truculento da nossa história política com seus instrumentos de vigilância, controle e repressão: SNI, Dops e outras siglas mais sanguinolentas.

Trazem, os nossos anti-monarquistas, para a luta cotidiana uma visão dionisíaca (pão, tesão e autogestão!!) em oposição ao determinismo maniqueísta de fim-de-mundo (o capitalismo está condenado há findar-se e nada poderá ser feito para postergar o seu fim...) que nos é proposto nas receitas de bolos-prontos assinadas por ilustres verborrágicos-cozinheiros-canibais (Fidel Castro, Lênin, Trotsky, Josef Stalin, Enver Hoxha, Pol Pot, Tito, Mao Tsé Tung, Ernest Mendel, etc.) em seus livrinhos de auto-ajuda – em que tem a resposta certa para qualquer assunto ou seja de um tudo – financiados pelas inúmeras “igrejas” marxistas-leninistas-stalinistas ou as reformistas de todas as ocasião, tais como os social-democratas das escolas jesuíticas dos “boffes” & “bettos” com as suas teologias das virgens-santíssimas-do-além-e-do-amém!

E os inimigos do rei – velhos ou novos –, cientes por encontrar o seu próprio caminho no faça você mesmo, isso sem recorrer à qualquer resposta pré-fixada nos sussurros de qualquer esfinges, têm para si um simples e pragmático lema:
.
pensar global e agir local!!
.

Arquivo do blog

Informações sobre o Blog