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Notícias, Mais e Más Notícias..., por Carlos Baqueiro
Notícias, Mais e Más Notícias..., por Carlos Baqueiro
Ontem à noite, parado mais uma vez em frente à telinha mágica, no canal do Q de Qualidade, estava com alguns parentes contando, dentro do Jornal Nacional, a grande quantidade de notícias ruins, péssimas e terríveis, em contraposição àquelas boazinhas, poucas e pequenininhas.
É um tal de gente morrendo pelo mundo de fome... e morre gente de tempestade... e morre gente atropelada... e é gente assassinada... argh...
E, normalmente, no finalzinho, mostra-se o casalzinho de pandas, lá na China, não tão longínqua, tendo o primeiro pandinha depois de dezenas de anos enfiados em zoológicos.
Lá pelo meiozinho do programa, também assistido por Homer Simpson, a apresentadora, que parece ser patrocinada por uma empresa de laquê, afirma que os Estados Unidos da América não consideram mais Mandela como sendo um terrorista... Vixi Maria... que coisa legal, né ?
Mas o pessoal das FARC e os Iraquianos ainda não tiveram a mesma sorte do ex-presidente da África do Sul.
Só não me dou por satisfeito com o Jornal Nacional porque não vi nenhuma reportagem sobre o Maio de 1968... relembrando em pequenos flashs um ou outro parisiense mascarado jogando pedras na polícia... será que passou ? Infelizmente (para eles) não consigo ficar todas as noites parado em frente a TV...
Parado por parado, prefiro ficar, ou na frente do computador participando de algum chat de sexo virtual, ou no trono, lá no banheiro lendo algum exemplar da Super-Interessante (mesmo sem notar tanta coisa interessante assim).
Eita... juntando Maio de 68 e Jornal Nacional, com Super-Interessante me veio na mente um texto de Gustavo Ioschpe, lá pela página 31 da edição daquela revista de maio de 2008. O cara é muuuuito inteligente. Ele percebeu, depois de tantos anos e tanta gente escrevendo sobre os acontecimentos de Paris em 1968, que aquilo “que parecia ser um momento absolutamente revolucionário, subversivo, um divisor de águas”, na realidade não o foi.
Ao final da leitura do seu artigo, bate até uma espécie de pessimismo (daquele que pode deixar a gente parado, assistindo Jornal Nacional todas as noites). Não, mas obviamente não seria isso que ele desejaria. Seria ?
Um “dos mais inteligentes analistas do país”, segundo o editor da Super, e que tem seus argumentos enfronhados no que a gente conhece como caminhos do pensamento único, não iria querer que as pessoas perdessem as esperanças num mundo melhor. Iria ?
Ele dá até uma cacetada no marxismo, flertado pela juventude parisiense nos dias de maio de 1968. Ele lembra no artigo que o mesmo marxismo flertado por eles foi o marxismo da União Soviética que, também no ano de 1968, invadiu a Checoslováquia, onde parte da população já estava de saco cheio do autoritarismo comunista. Pena que ele esquece das bandeiras negras, dos estudantes não tão ricos, que bradavam contra o consumismo, a repressão sexual, o poder do professor na sala de aula, etc.
Mas eu tenho a leve impressão de que o Ioschpe não percebeu uma coisa: mesmo não tendo o mundo se transformado em um paraíso celestial, e mesmo sem explodir uma revolução onde todos seriam felizes para sempre, muitos vidros foram quebrados pelas pedras retiradas das calçadas, tanto por adolescentes secundaristas, putos com as sacanagens dos seus professores intelectualóides autoritários, quanto por operários, que não suportaram ficar ouvindo nas rádios que a polícia massacrava um movimento que defendia a existência de um mundo melhor (coisa que eles também queriam muito, mas tinham medo de dizer).
E os estilhaços dos vidros ficaram espalhados por ai. Ainda estão por ai...
As pedras foram recolocadas em locais seguros, mas o medo dos que têm medo da liberdade continua aceso. Sempre relembrando que as quietas ruas parisienses se encheram de gente gritando e com raiva, quando eles menos esperavam.
É um tal de gente morrendo pelo mundo de fome... e morre gente de tempestade... e morre gente atropelada... e é gente assassinada... argh...
E, normalmente, no finalzinho, mostra-se o casalzinho de pandas, lá na China, não tão longínqua, tendo o primeiro pandinha depois de dezenas de anos enfiados em zoológicos.
Lá pelo meiozinho do programa, também assistido por Homer Simpson, a apresentadora, que parece ser patrocinada por uma empresa de laquê, afirma que os Estados Unidos da América não consideram mais Mandela como sendo um terrorista... Vixi Maria... que coisa legal, né ?
Mas o pessoal das FARC e os Iraquianos ainda não tiveram a mesma sorte do ex-presidente da África do Sul.
Só não me dou por satisfeito com o Jornal Nacional porque não vi nenhuma reportagem sobre o Maio de 1968... relembrando em pequenos flashs um ou outro parisiense mascarado jogando pedras na polícia... será que passou ? Infelizmente (para eles) não consigo ficar todas as noites parado em frente a TV...
Parado por parado, prefiro ficar, ou na frente do computador participando de algum chat de sexo virtual, ou no trono, lá no banheiro lendo algum exemplar da Super-Interessante (mesmo sem notar tanta coisa interessante assim).
Eita... juntando Maio de 68 e Jornal Nacional, com Super-Interessante me veio na mente um texto de Gustavo Ioschpe, lá pela página 31 da edição daquela revista de maio de 2008. O cara é muuuuito inteligente. Ele percebeu, depois de tantos anos e tanta gente escrevendo sobre os acontecimentos de Paris em 1968, que aquilo “que parecia ser um momento absolutamente revolucionário, subversivo, um divisor de águas”, na realidade não o foi.
Ao final da leitura do seu artigo, bate até uma espécie de pessimismo (daquele que pode deixar a gente parado, assistindo Jornal Nacional todas as noites). Não, mas obviamente não seria isso que ele desejaria. Seria ?
Um “dos mais inteligentes analistas do país”, segundo o editor da Super, e que tem seus argumentos enfronhados no que a gente conhece como caminhos do pensamento único, não iria querer que as pessoas perdessem as esperanças num mundo melhor. Iria ?
Ele dá até uma cacetada no marxismo, flertado pela juventude parisiense nos dias de maio de 1968. Ele lembra no artigo que o mesmo marxismo flertado por eles foi o marxismo da União Soviética que, também no ano de 1968, invadiu a Checoslováquia, onde parte da população já estava de saco cheio do autoritarismo comunista. Pena que ele esquece das bandeiras negras, dos estudantes não tão ricos, que bradavam contra o consumismo, a repressão sexual, o poder do professor na sala de aula, etc.
Mas eu tenho a leve impressão de que o Ioschpe não percebeu uma coisa: mesmo não tendo o mundo se transformado em um paraíso celestial, e mesmo sem explodir uma revolução onde todos seriam felizes para sempre, muitos vidros foram quebrados pelas pedras retiradas das calçadas, tanto por adolescentes secundaristas, putos com as sacanagens dos seus professores intelectualóides autoritários, quanto por operários, que não suportaram ficar ouvindo nas rádios que a polícia massacrava um movimento que defendia a existência de um mundo melhor (coisa que eles também queriam muito, mas tinham medo de dizer).
E os estilhaços dos vidros ficaram espalhados por ai. Ainda estão por ai...
As pedras foram recolocadas em locais seguros, mas o medo dos que têm medo da liberdade continua aceso. Sempre relembrando que as quietas ruas parisienses se encheram de gente gritando e com raiva, quando eles menos esperavam.
5 comentários:
não gosto de ler análises de análises. mas esta está primorosa, tem uma sarcasmo irônico e uma leveza narrativa que abre possibilidades ao leitor. parábens.
Gostei muito,é uma crítica irônica à midia burguesa,sempre muito bem-vinda, e ao mesmo tempo nos remete ao maravilhoso maio de 68, que nos traz saudades! Com erros e acertos, a verdade é que estamos sempre lutando por um mundo melhor, por uma sociedade libertária e solidária!!
ironia 10.
prá quem quer um pouco de tensão:
www.manifestoantidesign.com
Oi, Carlos...Gostei de João quando ele disse que a análise "está primorosa"...e tá muito bacana mesmo.
São os estilhaçõs de vidro que "ainda estão por ai" que retardam ou, até mesmo, impedem "infartos" por desgosto e dão ânimo pra seguir na luta...Cheiro, Jeruza
muito bom, em 2010 Salvador e em 2014 a bahia toda será de Raullll
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