______________________________
Caras de Pau por Natureza, por Carlos Baqueiro
Pode parecer implicância com as grandes redes de TVs, mas hoje venho aqui mais uma vez abordar o tema Liberdade de Expressão, tendo como pano de fundo a cara de pau de um dos gestores de uma dessas grandes redes.
Durante Congresso de Publicidade, esta semana, o Vice-Presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, em poucas palavras, criticou o Estado por desejar censurar os órgãos de comunicação, e defendeu a necessidade de maior liberdade de expressão.
Transcrevi abaixo um trecho do site Último Segundo, para percebermos melhor o que ele quis dizer:
“Para Marinho, o cidadão tem mais chances de acertar se tiver mais informação para fazer suas escolhas, e a reflexão é resultado da variedade de alternativas existentes”. Segundo ele, "o cidadão é visto como alguém que precisa de tutela e que não discerne entre o bem e o mal, entre o certo e o errado".
Não é necessário ser uma sumidade em análise de discurso para percebermos que um cara que gerencia uma organização que quase detêm o monopólio da comunicação no país e fala sobre liberdade de expressão comete um paradoxo.
É a Rede Globo e mais meia dúzia de empresas (familiares) que detêm de verdade a liberdade de expressão. Elas falam o que bem entendem. O problema é justamente este. Elas falam o que precisam que se fale. Elas falam o que é bom para elas falarem. O que vai trazer lucros e benefícios para elas.
Não sejamos tolos. Quando um cara da magnitude do senhor Marinho critica o Estado por tentar censurar o conteúdo das TVs ele não está questionando o Estado porque ele é mais democrata que o Rei. Ele faz isso porque precisa pressionar o Estado para que este continue seguindo as determinações de poucos grupos e famílias, como sempre ocorreu no Brasil.
Falar em um Congresso de Publicidade, por exemplo, que a própria publicidade é um dos pilares da imprensa livre e independente, como afirmou Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, é para se encher os olhos de lágrimas. Lágrimas de crocodilo.
A publicidade não foi criada para fortalecer democracia coisa nenhuma. Ela foi criada com o objetivo de fazer vender um produto. Seja ele uma escova de dentes, um automóvel, ou um candidato a deputado.
Ao invés de democracia, do pluralismo de idéias e de indivíduos livres para se expressar, o que temos é uma “ditadura do discurso único”, citada por Bernardo Kucinski. É ele mesmo quem afirma, no livro Jornalismo na Era Virtual: Ensaios sobre o Colapso da Razão Ética, o seguinte:
“O que mais impressiona no panorama midiático brasileiro da era neoliberal é o contraste entre a crescente polarização da sociedade e ausência de qualquer polarização ideológica entre os veículos de comunicação de massa”.
.
Ou seja, ricos com toda a informação possível, e pobres com o pão e o circo necessários a se evitar motins e revoltas. Ricos participando de Congressos de Publicidade defendendo a manutenção de suas riquezas, e os pobres assistindo as TVs, trabalhando 12 horas por dia e mantendo as riquezas dos ricos...
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
ADOREI O TEXTO. REALMENTE O QUE VEMOS NA TV É MESMO UM ESPETÁCULO CIRSENSE PARA ALIMENTAR FALSAS ESPERANÇAS NO POVO.
Os "programas jornalísticos" da TV aberta flertam com o bizarro, o emocional e as futilidades, só para perpetuar o espetáculo, ópio do povo.
Eu nem acho que este Sr. Marinho é um cara de pau, eu acho que ele está exercendo o papel dele de capitalista, querendo continuar a exercer o seu poder. Nós que estamos do outro lado, do proletariado, é que temos que lutar contra esse poder podre, corrupto, maquiavélico dessa classe parasitária, que suga o nosso suor, o nosso sangue pra manter os seus privilégios, o seu status quo. Temos que destruir o Capitalismo e a sua mídia opressora e manipuladora !!!
Postar um comentário