sexta-feira, 6 de junho de 2008

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Os Incontáveis Segredos do Jornalismo, por Carlos Baqueiro


Diógenes, de J.W. Waterhouse (1882)

DNA, Abará, Boi Bumbá, Ponto G, Buraco Negro, Silvícola, Tsunami, etc, etc...

Em todas as áreas de conhecimento humano há palavras que nem todos conhecem. Somos ignorantes em boa parte do que se refere ao mundo.

Não podemos, por exemplo, supor um motivo claro para entender porque indígenas Ianomâmis, lá no interior da Floresta Amazônica, lançam flechas contra os admiráveis e civilizados antropólogos que por lá se embrenham.

E o que dizer da imensa capacidade ilusionista dos norte-americanos, que conseguem nos convencer de que lá existe uma grande democracia. Qual mesmo a diferença entre Obama e McCain, além da quantidade de melanina na pele ?

Mas existe um indivíduo que parece saber de tudo isso, e mais um pouco... é aquele que consegue sintetizar todo um universo dentro da cabeça de um alfinete. É aquele que, iluminado pelos deuses, consegue entender as coisas em suas entrelinhas, mesmo que essas entrelinhas não tenham qualquer significado passível de entendimento.

É aquele que naturaliza, descaradamente, fatos e fenômenos culturais... tornando, por exemplo, um assalto ou um estupro algo facilmente entendível, passível de julgamento em poucos minutos (o tempo necessário a uma pequena reportagem).

Já sabem quem é esse indivíduo ? Ummmm... é o jornalista sim...

Faz tempo que muita gente fica com um pé atrás quando sai uma notícia no jornal. Mas não assistimos ao Jornal Nacional imaginando que ali só tem mentira sendo contada. A credibilidade do jornalista (ou da jornalista) ainda tem saldo positivo para boa parte da humanidade (pelo menos nos países ditos democráticos).

Mas isso aqui hoje foi apenas um aperitivo. Espero, nos próximos posts, lançar minhas idéias (dádivas de um acaso que me permitiu ter grana suficiente para pagar R$ 500,00 por mês em uma faculdade de jornalismo) a respeito dessa importante função, mitificada na nossa sociedade.

E quem sabe, aqueles que acreditarem no que falarei, entenderão palavras tão estranhas quanto “agenda-setting”, indústria cultural, “newsmaking”, “gatekeeper”, etc.
.
E assim, como dizia o etnólogo Pierre Clastres, em companhia do saber, as pessoas poderiam buscar o poder sobre o que sai e o que não sai como notícia nos jornais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Realmente podemos afirmar que o jornalista sabe, ou deveria saber, trabalhar com as palavra, senão vejamos a delicadeza da introdução deste texto acima: “há palavras que nem todos conhecem” . É ponto pacífico que ninguém sabe tudo....
Mas a conclusão é uma dádiva de como deixar as coisas claramente confusas: “como dizia o etnólogo...”. A minha boca se encheu d’água, veio até às minhas ventas o cheiro da ‘marvada’ e na mente, em destaque, do gostinho bom do diabo da cachaça!
Pensei cá com meus botões, em tempos de substituição dos hidrocarbonetos de origem mineral por vegetal, esse tal de etnólogo deve trabalhar com etanol... corri o ‘ratinho’ para o Wikipédia - a enciclopédia livre - e fiquei na maior ressaca, pois a “Etnologia... em sua acepção original, era o estudo das sociedades primitivas: antropológia.
ass.: kyw

Anônimo disse...

Bom texto. Os jornalistas venderam a alma ao diabo (capital).

Anônimo disse...

Acompanhei sua trajetória em dois momentos, na especialização em História Social e no Curso de Jornalismo, sempre fostes bom em tudo aquilo que participas e produz. Essas produções são excelentes oportunidades para a análise das questões sociais. Parabéns!

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