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Se esquentar mais um pouco, atrapalha, por El Brujo
Se esquentar mais um pouco, atrapalha, por El Brujo

Para mim, não existem
mais 'pátrias' nem ideais;
tudo isso não passa de pura
decoração para os governantes
que preparam a próxima matança.
Hermann Hesse
No final da década de 70 e início dos anos oitenta priorizava-se à luta contra a ditadura militar, que fora imposta ao povo brasileiro (de 1964 até 1988) pelos “homé da jaqueta verde”, patrocinada pelas “corporations” norte-americanas e pensada nos laboratórios da CIA.
Paralelo a esta questão da ferrenha ditadura, já tínhamos uma pequena consciência de que o andar da carruagem nos levaria a um beco sem saída. Cresciam-se, a olhos vistos, as construções de usinas nucleares pelos quatro cantos do mundo. Obviamente já temíamos as águas de refrigeração, que percorriam os reatores nucleares carregando consigo a contaminação por íons dos elementos radioativos.
É fato que a expansão da classe média acarreta uma maior necessidade de produção energética para esses aglomerados urbanos, pois com o seu grande potencial consumista de quinquilharias coloridas pede sempre mais e mais energia para a satisfação do seu prazer pontual...
Referendando, assim, a ilusão de que ‘está tudo muito bem’ com este sistema de produção baseado nessa lógica de que o planeta Terra é uma fonte inesgotável de matéria-prima (poder): para o deleite de uma população que não para de crescer e já ultrapassou a barreira dos seis bilhões de egos carentes de consumo.
Lembro-me muito bem como era “in” ter uns óculos ray-ban, que nos engolia a cara. E aliado ao ray-ban um relógio seico 5 pendurado no pulso, ‘prateadão’ e mais pesado que um tijolo!
Tendo, por conseguinte, nessas condições de altos patamares de produção um crescimento desordenado de todas as variáveis relacionadas a esse modelo (consumir, consumir... trabalhar para quê?). Cito, aqui, a indústria de bens de consumo, agricultura de resultado e as empresas de serviços...
E até o seu suporte ideológico, o ESTADO, também passou por um processo de expansão institucional: tornou-se mais forte e intervencionista, indo da ingerência na vida privada à economia de mercado.
É verdade que o consumismo desenfreado, ou a possibilidade dele, minimizou os nossos impulsos revolucionários de transformação das relações sociais e econômicas... Mas e agora o que fazer com todo o lixo inorgânico, e os orgânicos também, que espalhamos sobre e sob a terra sem a menor cerimônia e respeito com os limites que qualquer sistema biológico comporta?
A ecologia era vista, por alguns e eu me incluo neste lote de pseudo-vidente, como uma forma de controle do expansionismo econômico do capital, e também como uma forte barreira cultural ao lúdico fetichismo que a mercadoria exerce aos nossos olhos de eternos insatisfeitos. Errou-se, e muito, quando optou-se em vivenciar essas ilusões do bom selvagem.
A saída apresentada (evolução, sim! revolução, prá quê?), naquele momento em que todos os valores eram questionados, era o retorno às origens – o campo e as suas paisagens bucólicas e encantadoras, o povo simples e solicito –, pueris reencontros consigo mesmo e, também, com a natureza sempre dadivosa em oferecer sombra e água fresca...
É sabido que o cheiro-de-mato tem um atrativo – encanto – muito poderoso sobre as pessoas que vivem amontoadas em caixotes sobrepostos, e confeccionados de ferro e cimento. Pois lhes faltam, nesses espaços empilhados ou será entulhados, a possibilidade de exercitar o desejo pleno de liberdade: ir-se sem limites, palmilhar espaços não delimitados à priori e, ou por qualquer sistema de controle...
Mas o que se conclui, hoje, daqueles movimentos ‘verdes’ e anti-nucleares: destacamos que uma grande parcela da rebeldia, que lhe era inerente, foi absorvida por uma pequena parcela, mas significativa, da classe média e transformada – a rebeldia – em órgãos públicos e, ou privados, mediadores em potencial das intervenções de caráter produtivo no meio ambiente.
Tudo isto sistematizado e viabilizado tecnicamente através dos partidos específicos, das igrejas renovadas através da teologia da libertação e ong’s em geral. Eles – os eco_lobbistas – administram uma alta capacidade de marketing institucional (angariando altas somas em recursos financeiros junto as instituições públicas e privadas) e político (manipulação da opinião pública para ações midiáticas).
Será desta forma que o aumento da temperatura global, decorrente diretamente desse mesmo processo produtivo competitivo, encontrará um novo ponto de equilíbrio, e a pergunta que deixamos no ar?
2 comentários:
`(...)Em todo caso, a história do nosso planeta, e até a história humana, tão cheia de promessas e esperanças, chegaria por si própria para nos fazer merecer um outro futuro. Um futuro diferente daquele que nos parece esperar nos próximos anos.`
Sociobiologia ou Ecologia Social?
Murray Bookchin
achiamé
A `guerra de um contra todos`, a `espécie mais apta`, a `grande marcha`?
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