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DUAS OU MAIS ESTÓRIAS MAL CONTADAS..., por el_brujo
"A democracia permite que criaturas
abomináveis conquistem o poder."
aldous huxley
aldous huxley
Acredito que o autor dessa novela (Duas Caras) perdeu todos os limites do bom gosto e do bom senso. É, por assim dizer, uma história muito chata e os personagens são por demais caricatos, faltando-lhes, portanto, um linha contínua com a realidade palpável e para assim podermos ter algum prazer em reconhecer o vizinho, o amigo, etc.
Pegar assuntos do cotidiano urbano – noticiados na TV, jornais etc – e transportá-los para a historieta ficcional não faz da novela algo próximo ao realismo-fantástico dos contos e romances de Gabriel Garcia Marques. É preciso algum estofo para se espantar os anus e o volume certo para se carregar o trambolho.
Vejo um autor sem propósito convincente ou rumo para as idéias aventadas com o objetivo de tentar ‘prender’ alguém na frente da TV, isso após o horário da “Voz do Brasil” com o casal vinte se olhando como dois desconhecidos....
Partido do antagonismo de que o socialismo é anacrônico e o capitalismo está no seu estágio mais aprimorado de democracia representativa, bem como perfeitamente inserido na pós-globalização. Além do que estão asseguradas (quem tiver outra piada, que conte!) às devidas e necessárias oportunidades financeiras para todos, que concretiza desta forma as realizações consumistas de quinquilharias coloridas para enfeitar a carência emocional do nosso ego
Ele – o autor – através dos seus personagens só repete frases bobas e de senso comum, sem uma análise sobre as transformações ocorridas no século passado. E “en passant” eu cito maio de 1968 como uma nova expressão não-dogmática para o socialismo, cujo objetivo era construir um mundo de convivências sem as amarras do controle total da economia e do indivíduo.
A questão do racismo é resolvida – na trama novelística – simplesmente com à aplicação da velhíssima fórmula das estórias infantis: a atração sexual transmuta-se em sentimentalismo de quermesse “é o amor”... E a família e os agregados são obrigados a engolir, pois lá vem o ‘netinho’ (E aí mermão...firmeza????) com seu canal fechado de TV e o marchandaing para os manos de classe média endinheirados.
Destaque, neste momento um pequeno parênteses se faz necessário, para comentar que particularmente nunca vi tanta intimidade entre “negros pobres” e ricos brancos, como se fossem vizinhos de meia parede e não existisse um muro ideológico, econômico e de concreto à separá-los. Nem o velho Gilberto Freire – o antropólogo – chegou tão longe na permissividade entre as ‘sinhazinhas’ e os escravizados trazidos de Mãe África.
Outro tema instigante no imaginário popular, que é o supra-sumo do sexo (‘ménage à trois’) nas nossas mentes castradas pelas igrejas em sua libido natural, foi transfigurado para se tentar reabilitar uma personagem que tem ou tinha uma opção sexual não-convencional (qual a importância em ser ou não ser homo, hetero, metro, bi ou quem sabe até TRI_campeão de palitinho?).
A saída, recorrente, foi transformar em um mero pastelão açucarado – comédia bufa, tipo italiana com bastante correrias e gritos – para gargalhadas geral dos favelados da ‘pequena portela’. Um outro destaque que se deve ressaltar nessa favela são as condições de higienização e urbanizada, realizada por ninguém menos que o próprio paiinho Juvenal velho de guerra.
Outra questão envolvendo os não heteros é a tríplice paternidade, que é vista – aos olhos do autor – como um mero entrave burocrático do “Grande Irmão”... Que será vencido pelos prováveis pais biológicos – ou não?! – com a ajuda de algum neófito nas letras jurídicas. Os impedimentos ideológicos desta questão, que na sua base é o patriarcado, não são se quer mencionados num simples bate-boca entre vizinhos.
O ponto mais problemático nesta trama das oito são os atos considerados ilícitos (roubo, tráfico, tóxicos, prostituição, caixa dois, poluição pré-meditada, etc) que são incorporados – como fermento ao pão – para esticar os capítulos até sabe-se lá quando... E na trama como uma necessidade inerente à dramaturgia, mas sem uma resposta condizente para o mundo real do lado de cá da telinha do plim_plim.
Neste sim, o mundo real onde só Real manda e desmanda, e que tem suas leis e normas – do tempo em que gelo tinha acento, reconheço –, mas são leis e normas aplicadas com toda a sua rigidez contra os pobres, pretos, feios e, claro não podemos esquecer-nos, das nossas queridas ‘bibas’ nas calçadas da vida em busca do pão de cada dia.
Sem alternativa aparente, o melhor caminho é desligar a TV, convidar os vizinhos e ir para a porta da rua com as nossas cadeirinhas de vime-trançado e colocá-las na calçada/guia/passeio, isto para perpetuar uma antiga prática humana de sociabilização: falar e malhar da vida alheia!!!

2 comentários:
A abordagem sobre o movimento estudantil é descaradamente conservadora, o bem são os que admitem a reitoria, o mal, os que criticam...
Sem falar que batalhão de choque pra reitrar a portleinha fi só no inicio da novela, depois nunca mais,...qual ocupação no Brasil é tão fácil assim ?
Boudrillard dizia que a simulação imita a realidade, mas de uma forma distorcida, que nos prende em um simulacro irreal...essa novela é isso.
A MÍDIA SOBRE CONTROLE DA BURGUESIA:
nada de extraordinário se pode esperar de um agrupamento social aficcionado na acumulação de bens de capital e, também, no seu mais importante desdobramento, que é o poder político!!
ass.: kyz
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