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Rotina de Doer, por Carlos Baqueiro

Nesse carnaval fiquei bem longe da folia momesca. Fui para uma casa de praia numa zona de classe média alta. Casa alugada. Com piscina e tudo mais. Passaria uma vidinha de burguês (como dizem meus colegas de trabalho)... Não fossem a louça para lavar de vez em quando, num rodízio quase perfeito, o garrafão de água para trocar, as compras para fazer e muitas outras coisitas que nunca imaginei burguês nenhum fazendo (é só assistir a novela das oito prá saber o que eles fazem muito bem).
Acordava às 10 da manhã... Assistindo as TVs mostrando gravações com Bel, Claudia Leitte (com dois Ts) chorando por ter ganho algum prêmio, Ivetona mostrando as pernas, e por ai vai... Muita putaria em Salvador, Rio ou Recife, incluindo agarra-agarra de pós-adolescentes homossexuais, chupadas linguais magníficas, dentre tantas outras imagens super libidinosas.
Tudo que o Belzebu sempre quis para os seres humanos, e que eles teimam em fazer abertamente apenas nesse período dionisíaco.
E eis que ao fim da festa vem a Santa Madre Igreja com sua Ode da Fraternidade, com uma conversa anti-racional, anti-prazer, anti-vida, nos deleitar com várias afirmações sobre o que ela pensa sobre a própria vida. Ou o que ela (os seus chefes, melhor dizendo) chama sub-repticiamente de direitos humanos.
A Campanha da Fraternidade que em 1986 se encontrava defendendo o direito dos pobres camponeses a um pedaço de terra, e em 91 ainda defendia a dignidade no trabalho, vem, este ano, com a benção do Santo Papa, em “defesa da vida”... Mas, não sejamos tolos, de uma vida aos moldes do que desejam os conservadores que tomaram de vez o Vaticano, desde a morte de João Paulo II.
No lançamento da campanha, Bento XVI deixou claro que “todas as ameaças à vida devem ser combatidas”. Fico aqui a imaginar, pelas imagens que vi ontem no Jornal Nacional, o que ele quer combater: Pesquisa de Células-Tronco, Homossexualismo, Aborto, Camisinha... O que mais? Hmmm... Eutanásia? Masturbação? Todas essas são ameaças a vida, para as cabecinhas criativas deles?
Fico a imaginar as próximas campanhas... Cada vez mais conservadoras (com religiosos loucos para a volta da Idade Média, e de todo aparato jurídico daqueles tempos). Pretendendo incentivar a virgindade antes do casamento, com o uso de cintos de castidade; fomentando o chicoteamento das próprias costas, como pena para aqueles que perdem esperma em punhetas desnecessárias; e incitando a eliminação (sem matanças, é claro, pois a Igreja nunca matou em nome de seu Deus - cof, cof, cof) dos médicos que fazem ligadura de trompas, e sei lá mais o que...
Vade retro, Satanás !!!
3 comentários:
senhores,
a 'misturança' positiva de culturas do tipo grega (adoração ao belo), romana (adoração ao impuro) e o judeu (adoração a auto_punição: sofrimento) só podia dá em uma confusão só...
vejam no que dá juntar pecado (carnaval) com penitência (semana santa): crises existenciais... crime e castigo... deus e o diabo!!!!!!!!!!
veco_vevéu
Cara pelo que vc descreveu a casa que vc está passando ferias, é realmente uma casa de burgueses, mais como vc se intitula anarquista burgues, tudo bem.
Quanto a campanha da traternidade, a igreja tem que ver que os tempos são outros, não da para tolerar tanto preconceito.
Bom o artigo, só uma coisa que não concordo o Bento XVI era braço direito de João Paulo II, se este tivesse que indicar um sucessor seria ele mesmo Ratzinger o indicado. João Paulo II foi tão conservador quanto Ratzinger, só era mais carismático e populista.
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