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Entre cordas, trios e camarotes: “pipoca”, por Vanessa Costa
Os últimos acontecimentos envolvendo o carnaval de Salvador fizeram-me escrever sobre o tema. A primeira polêmica do carnaval envolveu a escolha do Rei Momo: magro x gordo. No final das contas o magro venceu. Mais uma vez quebram-se tradições do nada, sem ao menos consultar o povo, aliás, o povão mesmo não é consultado nem levado em consideração há muito tempo no carnaval de Salvador.
A última notícia sobre a festa momesca, vinculada em todos os principais jornais impressos e televisivos do Brasil, inclusive na capa da Folha de São Paulo do dia 30 de janeiro, mostra o povão, a quem a festa deveria se destinar sendo pisoteado pra trocar alimentos por ingressos das arquibancadas nos circuitos Barra/Ondina e Campo Grande.
Os organizadores do carnaval parecem não perceber, aliás, tapam os olhos, para o fato do povo não ter mais onde se divertir, porque o espaço que sobra entre as cordas dos blocos e os camarotes é mínimo, malmente dá pra ficar parado olhando os artistas passarem, e ainda correndo o risco dos “malandros” passarem a mão literalmente nos pertences.
As pessoas que ficaram na fila, fora dos portões da Concha Acústica, no último dia 31, desde as 4h da manhã até a hora da confusão, por volta das 9h30, foram tentar uma oportunidade de também ter privilégios no carnaval, para quem sabe poder ver de perto o seu artista preferido, dançar e ter um pouquinho mais de segurança do que aqueles que se submetem a ficar no exprimido lugar entre cordas, trios e camarotes.
Como será que se sente um folião “pipoca” ao olhar o luxo e a exuberância dos camarotes dos circuitos da folia ? Talvez se parássemos para pensar entenderíamos os números da violência.
Ah !!! Agora tem as festas nos bairros da Liberdade, Periperi e Cajazeiras, mais uma forma de excluir a grande massa da festa principal. Afinal aí estão representados o subúrbio e a periferia de Salvador. Marginalizar quem já vive na marginalidade.
E o capitalismo explica tudo isso !!!
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
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9 comentários:
... há de se concordo com Vanessa:
de há muito o carnaval baiano não tem como foco, no seu planejamento, os 'nativos' (pequenos assalariados, e os nobres e eternos desempregados: PIPOQUEIROS....).
ele - O CARNAVAL - pertence aos dólares, ienes e euros....
é carnaval para os de língua/money inglesa, italiana, japonesa, francesa, espanhola etc..........
e nós que falamos um 'cadinho' do ‘português’ somos empurrados para frente da tv e assistimos o carnaval diretamente da apoteótica praça da APOTEOSE no rio de janeiro ou são paulo.
É LAMENTÁVEL!!!!!!!!!!!!!!!
Espero não ser rude ou defender qualquer classe no meu comentário, prefiro que sem rótulos entenda o que quero dizer.
Infelizmente o capitalismo já não explica tudo e muito menos justifica, a maioria sempre será subjulgada e doméstica se toda a encharcada carcaça de sentimentos como humildade extrema e tercerização de problemas for sempre a desculpa de pronta entrega.
Somos todos culpados pela atual situação , inclusive nós que estamos a criticar.
Por que enquanto não se abandonar a concepção de mudar o mundo para a mudança individual como ser solitário, cada um desses brasileiros continuaram a ser humilhados.
Não gostaria de cair em redundâncias, há clareza de sobra no que foi dito pela Vanessa e nos comentários acima. A espetaculosa hipocrisia mundana em que se transformou o evento "carnaval de Salvador" revolve meu estômago em mais alguns engulhos extras. Queria dizer apenas que não substimo o bom senso da maioria daqueles que se espremem entre as cordas e os camarotes, não tenho dúvidas de que lhes é dado a condição de reconhecer/sentir o que está subjacente à realidade que vivem e experimentam alí, mesmo sob o calor da euforia e das idolatrias. Descartes diz que o bom senso, ou seja, a capacidade de discernir entre o certo e o errado o verdadeiro e o falso, é no mundo a coisa mais bem distribuída entre os homens...enfim.
Deixo aqui uma indagação que pode não ser bem compreendida ou talvez fazer rir algum antropólogo,sociólogo, psicólogo: O que acontece com as pessoas para que em pleno gozo da sua liberdade de ir e vir, saiam de seus lares, casas ou lugares e deliberadamente violem sua integridade física espremendo-se entre cordas e camarotes, compondo assim, esse gigantesco triste e humilhante cenário do apartheid momesco?
Talvez estejamos precisando olhar de frente nossos vícios, encarar nossas fraquezas...
Creio que nada é tão óbvio quanto aparenta,pode parecer estranho incomum, mas precisamos olhar por outros ângulos, percorrer outras rotas se quisermos encontrar outras respostas,para esse inferno zodiacal social interminável.
Abraços,
Vera
Se as restrições ao povo de seus momentos "de diversão" e todas as ações consequentes da exploração comercial vierem a estimular nesse mesmo povo indignação & revolta, tanto melhor.
Prefiro-os roubando e brigando, pisando e tapetados, que dóceis e sorridentes quando uma gama verdadeiramente significativa de problemas os afligem por todos os outros dias do ano.
É que os métodos tradicionais de "pão e circo" trazem tais consequências na modernidade, e seus fomentadores já não mais focam na boa condução do rebanho com sininhos, e sim nos sininhos da caixa-registradora, nos barulhinhos de moedas, nas latinhas dos negões da Ivete.
Se o caos se estendesse para além do período canavalesco é possível que nascesse algo novo daí, mas também não é assim na modernidade entorpecida pelo cotidiano sistemático: hoje volta tudo ao normal, trabalho, mídia, privações & sexo, esses pães e circos de conta-gotas moderno.
É lamentáve mesmo!
Todos ganham com a indústria de trio recebendo gordos repasses do do governo, dinheiros com as propagandas, das emissoras de televisão para transmitir a exploração social e ainda cobrando da população para a proteção de suas cordas... Agora parece que todo esse dinheiro ainda é pouco e estão pagando quadrilhas para bater em quem não pagar para ficar dentro das proteção das cordas.
É um absurdo!
São cantoras boazinha que mente dizendo beber a NovaSkin (uma cerveja ruim e de baixa renda)enchendo seus 'burros' de dinheiro desse povo pobre nordestino.
Para complementar.
Mas não é o capitalismo que faz isso. São os socialistas (zinhos) tupiniquim (de merda!): Gilberto Gil & PT/ PDT e cantores (celebridades que rezam nas cartilhas do socialismo e comunismo de cáca).
O Capitalismo também é roubado quando patrocinam para o povo não pagar e eles (socialistas) ainda cobram do governos e batendo em quem não paga sua proteção entrando nas cordas e tendo a seguranças dos mesmo jagunços que batem nas greves 'armadas' contra a população, na saúde, na educação...
É revoltante. Uma afronta o cinismo que impera...
As idéias de "coletivo", de "comum" estão apodrecidas...adoeceram pelo defeito congênito que toda idéia trás consigo desde o nascimento.
Para além da tomada de atitudes individuais, uma postura profundamente comprometida com a própria consciência......eu
não
vejo
solução.
Abraços,
Vera
A solução pro nosso povo eu vou dar
Negócio bom assim ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui é só vir pegar
A solução é alugar o Brasil
Vamos embora dar lugar
Pros "gringos" entrar
Esse imóvel está pra alugar
Os estrangeiros eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico, tem vista pro mar
A Amazônia é o jardim do quintal
E o dólar dele paga o nosso CARNAVAL
É extremamente vergonhoso e inaceitável o descaso e a falta de respeito que se tem com o folião pipoca. A cada ano que passa os corredores ficam mais extreitos e a dificuldade na visualização do circuito da festa fica muito mais difícil. Como Vanessa citou em seu texto que "os organizadores parecem tapar os olhos para não perceber o fato do povo não ter mais aonde se divertir...", será mesmo? Será que eles tapam os olhos? Nem precisa minha cara Vanessa, tudo acontercem diante dos próprios olhos e eles não estão nem aí, aqui no Bahia ou em qualquer lugar, muitas vezes, quem tem poder é quem fala mais alto, um exemplo muito claro disso foi a escolha do rei Momo que em meio a diversos protestos e ações judiciais quem teve poder, "prestígio" e "credibilidade" foi quem saiu ganhando. Mais uma vez, tradições são quebradas, críticas são dirigidas, e infelizmente nada é mudado.
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