sexta-feira, 18 de julho de 2008

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Viva a Greve !!!, por Carlos Baqueiro



Ontem e hoje os petroleiros brasileiros estão parados em greve, reivindicando uma Participação de Lucros maior do que a apresentada pela Petrobras.

Estive conversando com alguns petroleiros, desde o início da mobilização que culminou com esta parada. Alguns deles bastante conscientes da necessidade de se lutar para conquistar melhores condições de trabalho. Outros, nem tanto. Alguns destes últimos ainda consideram que é possível se conseguir conquistar determinadas reivindicações através apenas do diálogo.

Provavelmente este quadro não se dá somente entre os petroleiros. Todas as categorias de trabalhadores devem ter pontos de vista, as vezes, bem dispares entre os trabalhadores.

Ontem (17 de Julho) a empresa encaminhou uma liminar de interdito proibitório (Vixi Maria...) concedida pela juíza da 5ª Região do Tribunal Regional do Trabalho. Nela, pelo que se entendeu durante a manifestação de hoje pela manhã em frente ao prédio da Petrobras em Salvador, se obriga o sindicato a deixar passar para seus locais de trabalho os empregados que assim desejarem.

Algumas das lideranças sindicais ali presentes se surpreenderam com a velocidade da liminar (menos de 24 horas do início da greve), se surpeendendo mais ainda por ter sido a primeira vez que este tipo de expediente é usado pela empresa (pelo menos no governo de esquerda do presidente Lula). Mas depois de dois Habeas Corpus dados a uma só pessoa em menos de 48 horas no caso Satiagraha, nada mais deveria surpreender.

A greve deve continuar até a meia-noite de hoje.

Pouco se lê, se vê, ou se ouve na mídia sobre a greve. Aliás, sobre as greves. Quiça no momento de abordar a situação das ações da empresa na bolsa, ou confabulando um aumento de preços dos combustíveis devido a greve. Nada muito diferente do que sempre foi.

Aliás, perspectivas negativas da grande imprensa para com grevistas, de todos os cantos do país, e de todos os tempos, também não é surpresa.

Há 89 anos atrás, lá pelo longínquo ano de 1919, trabalhadores baianos construíram e participaram de uma greve geral de sete dias, atacada em seu final pelo jornal Diário de Notícias, após dias sem ser publicado devido às dificuldades decorrentes da greve, como falta de luz, telefone, bondes, etc.: “Greve não, Anarchia !".

Para o discurso do Diário de Notícias aplaudia-se a mobilização operária apenas enquanto ela seja pacífica e não prejudique a população, mas “os fatos, vieram por, entre a ação que se dizia grevista e a opinião julgadora, imparcial e altiva, um forte vinco de separação inevitável”.

É que, consorciando-se com a anarchia que começou a alçar o collo no seio dos falsos intérpretes do direito de greve, estava, ao lado delles e representando o maximalismo official, a autoridade passiva do governo do Estado, consentindo em todos os abusos, patrocinando com o seu consenso, todas as intimidações arrogantes, permitindo todas as violências injustificáveis, que iniciadas com a paralisação do tráfego de bondes e automóveis e do serviço de telephonios, foi até a incrível audácia do ataque, a luz meridiana, às amas e mercadores ambulantes, para que regressassem as suas casas e não cumprissem o seu dever habitual.

Cessara ahi, por completo e em absoluto, o ideal de greve pacífica, para a conquista de um direito operário” (Diário de Notícias, 10 de Junho de 1919).

Como se vê, não é de hoje que greves incomodam os poderosos (ontem, à direita, hoje, à esquerda).

Viva a Greve, portanto...

PS.: Quem tiver mais interesse por conhecer a Greve de 1919 vai no link que segue:

3 comentários:

JH disse...

Grande texto, caro amigo Baqueiro!

A greve, de ontem e de hoje, a incomodar os poderosos.

Um instrumento desqualificado pela grande mídia, mas que ainda representa uma das formas de pressão do trabalhador.

E nada mais necessário do que reavivar os exemplos do passado.

abs

Anônimo disse...

Temos que aproveitar o momento em que parece haver opiniões contrárias dentro do sindicato com relação a condução do processo de luta por melhorias, onde preponderava a era "paz e amor" na mesa de negociação, agora temos um direcionamento mais combativo, não só no ramo petróleo/químico e petroquímico mas em outros setores produtivos.

Lucia disse...

Governo Lula de esquerda? Fala sério !!
Po, essa greve de 1919 foi do caralho, hein? Incomodou mesmo os poderosos!!! Valeu, Carlos, por nos falar sobre essa greve.

Viva a Anarchia !!!

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