quarta-feira, 18 de junho de 2008

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O mito de Sísifos com a sua diária e eterna repetição de elevar, rolando até o alto de uma montanha rochosa, uma pedra, mas eu falei de uma pedra, uma pedra de bom tamanho! Rocha rolando sobre rocha, que dedução lógica correspondente para atrito... Que é igual a trabalho, confirmando-se a troca de calor e energia desprendida...

Este conceito metafórico gerado na Antiga Grécia encanta Albert Camus, que lhe dedicou um ensaio instigante sobre o absurdo que se constituiu o trabalho nos tempos modernos do fordismo (e outras tantas experiências sobre a organização interno do processo produtivo):

1. como as suas intermináveis subdivisões das tarefas, em que é substituindo o conhecimento global pela especialização das partes em separado do todo;

2. seqüências padronizadas de execução do ato de fazer vão passo a passo subtraindo a criatividade, as inovações e as adaptações que são próprias do saber fazer;

3. e a repetição sempre constante – ad infinitum – num determinado espaço de tempo com o aprisionamento da vida. É isso, pois ‘o tempo’ fora afixado à parede por um prego e a disciplina rítmica do relógio, que entra em vigor para nos condicionar a pensar, sentir e expressar-se no compasso do tic-tac.

Com o controle ‘científico’ desses três pilares acima citados, os ideólogos do livre mercado construíram um novo mundo produtivo, com regras e princípios próprios. Utilizando-se da concorrência desleal foram substituindo as oficinas de fundo de quintal por fábricas organizadas para ‘capturar’ e ‘destruir’ os mestres e contramestres, pois na época estes eram os senhores do conhecimento técnico-científico.

Os ideólogos da livre concorrência comercial potencializaram a idéia simplória da competição entre indivíduos (isolados na maior parte do tempo ou no máximo agrupados em um número pouco significativo) para o sentido pragmático de destruir à todos, inclusive os prováveis opositores, pois serão os possíveis concorrentes no tal do mercado livre: Seja como consumidores de matéria-prima ou na outra ponta, como vendedores de bens manufaturados.

É uma velha história conhecida no capitalismo: circulação de ‘coisas’ de alguma utilidade prática, e associada a ela – no roldão das permutas – também se seguem mil e umas quinquilharias multicoloridas que nos dizeres, cheiros de sensibilidade poética, do escritor inglês Oscar Wilde “nós vivemos numa época que coisas desnecessárias são nossas únicas necessidades”.

É o supérfluo, que tem como mera funcionalidade servir de ‘massageador’ das egocentricidades humanas carentes de poder e que são diuturnamente estimuladas pelos marketings de última geração confeccionados nos laboratórios da microsoft, bosch etc. Quase sempre, estas análises que envolve o capitalismo, e por conseguinte o ‘seu direito’ de assegurar a própria reprodução, independentemente dos meios técnicos utilizados, reportam-me ao atualíssimo axioma utilizado por Eric Fromm na feitura de livro em que são questionados os valores éticos que norteiam comportamentos individuais ou coletivos: ter ou ser?

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