sexta-feira, 23 de maio de 2008

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“Sob a perspectiva das ciências físicas e biológicas,
a vida social humana é somente uma pequena ferida
irregular na face da natureza,
não particularmente aberta para uma análise
sistemática profunda. E assim ela é...”

Erving Goffman, The Interaction Order (1983)
.
Entre as vicissitudes das dores (necessidades múltiplas a serem preenchidas) e dos prazeres (realizações mínimas dos desejos manifestos) deste nosso povo alegre e varonil, os capitalistas (palavra que está sendo amenizada no seu significado para empresário) da área da mídia, realizam agora seu lucro de capital com o jornalismo de inserção popular...

Falo isso por que os noticiários televisivos, que deveriam limitar-se a informar os fatos, estão fazendo de gato e sapato a vida das pessoas que são moradoras da periferia das grandes e medias cidades. Com verdadeiros jogos de cenas trazem à tona os seus dramas pessoal e os tornam públicos como qualquer outro ‘produto’ de sua grade televisiva, isso para que os futuros e possíveis anunciantes possam investir e patrocinar a visibilidade dessas mazelas sociais, sem a menor cerimônia.

Cito alguns desses pseudo-dramas só para esclarecimento geral, tais como opção sexual (homo, bi ou ‘tri-sexual’), doenças sexualmente transmissíveis (aids, herpes e outras tantas doenças de menor conhecimento junto ao publico), desencontros familiares (fugas de menores) e, também, amorosos (fuga de um dos cônjuges), e outras tantas mais questões de duvidosa veracidade, dada desfaçatez com que são apresentadas a este público ávido, interessado e curioso dessas questiúnculas familiares, mundanas e pejorativas.

E a reação desse público específico vai do hilário, com posturas impróprias aos mais sensíveis... E chegando até ao velho melodrama mexicano com muito choro e poucas velas, pois a situação não é para tanto transbordamento de emoções do senso comum em público.

Os telejornais se renovam, repetindo-se anacrônicos recursos de entretenimento: dramas, comédias e tragédias num mesmo espaço para se garantir assim um público cativo, e o mais variado possível, diante da TV nos horários desses telejornais. Vedem, em verdade, a imagem a seu próprio dono, que se solidarizam com um outro, que em verdade é ele mesmo.

Esses esquemas são vistos como ‘novidade’, entretanto é um caldo requentado que mostra uma mistura do tipo reality show, consorciado à probreza endêmica e, claro, a caridade cristã mesclada com doações de camas, fraldas, botijões de gás, sacolas de alimentos e remédios etc...

É isto que se ensinam nas faculdades de comunicação social (jornalismo), hoje semeadas à mão cheia por todos os cantos deste país?

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi meu amigo, sábio texto. Sei que o espaço do Mídia não é dado a exaustão dos temas, mas a provocação dos mesmos, de fato, contando sempre com tomadas de posições mais nítidas sobre o assunto abordado. O que seria uma insensatez ao universo dos articulistas públicos (gente com alcance social: jornailistas, artistas, intelectuais, sindicalistas) nos dias atuais.
Pois bem, gostaria de lêr mais sobre suas interpretações e análises. Principalmente no caso das lutas sociais, fragmentadas entre sexualidade, gênero, etinias, raças. Pois, se de um lado não se integram, por outro, tenho a sensação de uma imagem de incorporação de temas tabu como: o racismo, caso negro, o homossexualismo, zoofília.
Para não ser acusado de não posição. Creio que há algum avanço quando a sociedade os incorpora, em que pese, ser algo dado a algum tipo de controle. Qual é? Ói nóis aí traveizz.
Abraços.

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