quarta-feira, 12 de março de 2008

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O ENTRUDO não acabou na bahia!?, por el_brujo

“Me dá um ‘votinho’, aí!
Que ti dou um
descontinho, aqui”




Uma propaganda veiculada pela Prefeitura Municipal do Salvador/Bahia sobre o ‘novo’ sistema instalado no transporte público: abatimento de até 50% para o segundo translado, quando efetuado o transbordo num prazo menor que uma hora.

Poderíamos até dizer: eis aí uma boa idéia, mas que nada...... pois neste angu tem caroços, e não são poucos e pelo visto de matizes diversas!

Na película, que é representada por dois personagens femininos negros: uma mãe lavadeira e a filha (ajudante de lavadeira) toda orgulhosa com o seu ‘passeio turístico’ além da ‘lagoa escura’, que é local de partida. Durante o percurso surgem, também, mais alguns ‘fleches maquilados’ sobre a cidade do salvador/bahia...

O que temos, de todo esse processo midiático, é o registro de mais uma leitura equivocadamente paternalista sobre uma tradição de submissão étnica entre ‘as sinhazinhas’ do corredor da vitória e adjacências, e as ‘mães preta da bahia’: a profissão de lavadeiras de roupas sujas do povo ‘rico’ e ‘branco’ da cidade.

Destaquemos, pois, que estas ‘LAVADEIRAS’ não foram ou são respeitadas, muito menos admiradas pela importância do seu trabalho de higienização dos trajes finos das classes sociais mais abastadas desta cidade multicolorida em seu revestimento – e, também, nos seus característicos olores marinhos.

Atraindo, portanto, muitos ‘estrangeiros’ ao seu calor materno e aconchegante seio comunitário... Senão como entender tal visão estapafúrdia e anacrônica sobre ‘os povos’ desta terra, na leitura destes marqueteiros de ocasião... O porquê de estarem, estes senhores/as, vendendo equívocos ideológicos, tais como a tolerância racial e/ou religiosa entre as classes sociais em questão?

Reafirmamos que, mesmo belamente coloridas e sonorizadas essas são imagens para inglês ver, pois não retratam a real situação do cotidiano deste povo pobre, ‘preto’ e ‘feio’, isto na linguagem corrente na cidade d’Oxum!

Mas o que realmente – realidade concreta – representa tal prática ‘propagandística’ é à caça aos dedos ‘polegares’ e “anulares’, que votam em energúmenos. Energúmenos estes que foram feitos ‘políticos’ pela força econômica das suas famílias de origem... E absolutamente mais nada tem para oferecer, pois lhes falta tutano nos ossos para se destacar além do que seus assessores técnicos lhes apresentar!

Com essa pequena massagem na auto-estima dos deserdados/despossuídos, eles, o atual alcaide-candidato à alcaide e seus assessores técnicos em ‘marquetingue’ eleitoral, querem conquistar, neste especifico momento de renovação do posto de gestor municipal, à atenção dos:

1. étnicos, excluídos eternos;
2. autônomos, perseguidos na busca pelo equilíbrio econômico-financeiro (olha o ‘rapa’, aí gente!) de suas rendas;
3. isolados, desterrados e trancafiados em imundos ‘habitats’ periféricos, digo celas prisionais: sejam elas correcionais, manicomiais, barracos ou pocilgas...

Estes detalhes técnicos e/ou ideológicos importam muito pouco para este sistema econômico como um todo. Visto que se trata de um sistema essencialmente patriarcal e excludente, que aposta na miséria coletiva para reproduzir e garantir a riqueza particular de uma ínfima parcela de Bundas Benzidas pela Linda Luz da Lua da Bahia.

Que vos diga o inominável, que hora repousa para além do esquecimento – vulgo acm/malvadeza da bahia.

E, referendando toda essa estratégia político-eleitoral, escolhem alguns como bode expiatório para serem literalmente abatidos a tiros pela força ideológica de que um ‘crime’ qualquer cometido corresponde inexoravelmente ao ‘castigo’ do infrator do sistema com sua imediata ‘punição/eliminação’

Esta idéia-força, que se desenvolvida entre os judeus por quatro mil anos é legada ao cristianismo, foi aprimoradamente lapidada por mais dois mil anos no percurso da história ocidental, e implantada nas ‘humanísticas’ mentes sub_desenvolvidas dos representantes legais (sic?!) desta cidade multi_cultural.

Citamos, pois, estes fatos para esclarecer esse veemente repúdio à esta ação puramente eleitoral do alcaide-candidato à alcaide, que neste momento lhes pede o referendo para a promiscuidade com o erário público, dinheiro este que nos é arrancado através do suor dos corpos circulantes nesta cidade multi_étnica.

Neste (2008) que é um ano eleitoral, como usar de um estratagema de tão mau gosto para sensibilizar a auto-estima destas mulheres e homens dignos, trabalhadores e lutadores, isto na defesa de sua subsistência bem como da sua prole?

E que estiveram submetidas/os por séculos (não podemos esquecer nunca, tal fato histórico) a uma sub_utilização perversa do seu potencial laboral em função da cor de sua pele e de um estigma etnocêntrico sobre a definição dos parâmetros para a beleza estética da pessoa humana.

Querem o gestor (?!) público e seus assessores técnicos (marqueteiros), pois, perpetuar está ‘tradição’ laboral mal remunerada como ‘profissão’ para o povo ‘preto’, pobre e ‘feio’ da bahia... Só resta a rejeição de tal proposta apresentada por vossas excelências e, é de bom tom recomendar-se, que tal perspectiva seja excluída das viabilidades em potencial das pastas de trabalho das secretarias de governo municipal: tanto para o primeiro, o segundo e até o último emprego...

Bem como transformar uma dor doída de séculos (des_en_raiz_ação e a_cultural_iza_ção forçada de vários grupos étnicos-social trazidos d’África) em mais uma imagem espetacularmente mitigada sobre a escravidão neste país. Isto só para vender aos gringos (internos e externos) a sensualidade das mulheres & homens negros desta terra chamada ‘bahia de todos os santos e mil e um sabores”.

Rejeite-se, pois, essa perspectiva de manipulação das imagens da resistência política de grupos étnico-sociais, e também da possibilidade de sub_emprego para esses dignos cidadãos excluídos/‘preto’, perseguidos/pobre, desterrados/‘feio’ e abatidos à tiro nesta cidade extremamente tolerante, acolhedora e fraterna...

Sr. alcaide – e candidato a re_eleição para prefeito – , tenha muita ‘paciência’ que o andor tá pesado, o santo é de barro e as pedras da cidade estão escorregadias: um tombo se anuncia para já!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Translado, transbordo em menos de uma hora?

Rssss

Paola Vannucci disse...

As Lavadeiras,
Grandiosas Lavadeiras, e que antes de virem prá cá e até mesmo essas mulheres detiam o poder da economia nas mãoes e elas que davam a grana aos maridos para comercializar o restante das coisas, o GRANDE SISTEMA - mais uma vez, e Salvador histórico é maravilhoso, pena que graças a SISTEMA tudo é banalizado , e pena que CULTURA se perde......

Bjs

Paola

Unknown disse...

o jogo é sujo no pais inteiro,sou alagoano e vejo coisas semelhantes de perto o grande monopolio das oligarquias historicas,compras descaradas devotos , o pão e circo alienante, a politica da seca e ainda aquele falso toque nas costas do sofrido povo sertanejo desejando força na luta contra todos os problemas causados por esses facinoras que hoje , justamente hoje apresentam-se como amigos.mas não só as pedras estão escorregadias como a lama , o chão rachado e o concreto da cidade.armadilhas se anuciam , eo tombo certamente será iminente.

Anônimo disse...

Parabéns. Excelente crítica sobre a propaganda racista e eleitoreira.

Anônimo disse...

Parabéns. Excelente crítica sobre a propaganda racista e eleitoreira.

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