quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

______________________________

A televisão como agente transformador social e cultural, por Vanessa Costa



Como eu disse há duas semanas atrás ao colega neste blog, Carlos Baqueiro, eu queria escrever sobre o jornalismo na TV baiana. Como jornalistas, é necessário refletir sobre que tipo de jornalismo buscamos fazer, ainda mais quando recém-formados.

A TV surgiu na Bahia há 48 anos atrás, em uma sociedade tradicional, decadente, época em que a urbanização e industrialização, que decolavam no Brasil ainda engatinhavam nas terras baianas. A primeira emissora de TV a ser inaugurada na Bahia foi a Itapoan em 1960. A chegada da Itapoan foi fundamental para consolidação da cultura baiana, e de Salvador mais precisamente. Duas transmissões, 8 e 9 de dezembro de 1956, fizeram com que milhares de pessoas se aglomerassem na Praça da Sé para assistir a uma missa e um show com artistas da rádio sociedade, um sinal do sucesso que essa mídia faria.

O poder de influência que a televisão faz nas pessoas, pode ser sentido até mesmo em 60, quando comerciantes de Salvador resolveram protestar contra a telenovela "O Cara Suja", acusando-a de esvaziar o comércio. Mas, a televisão e as outras mídias existentes na época foram fundamentais para disseminação do pensamento cultural e para transmitir informações à população, mesmo que restrita a um seleto grupo.

A cultura e o jornalismo dos anos 60 estavam diretamente ligados aos movimentos que aconteciam na cidade, faziam dar vida ao jornalismo, a produção local era valorizada, até que estão tentando isso hoje em dia, a TV Itapoan modificou seu parque tecnológico no nordeste, contratou novos funcionários e está dando oportunidade para programas regionais serem exibidos em todo país, bom começo!

O que sentimos saudades na televisão baiana, e do Brasil também, são programas como os de antigamente: programas de auditório com inteligência; jornalismo em cima dos fatos e investigativos, não superficial; espaço para novelas, mas, não essas bobagens que vemos ultimamente, pois já convivemos com a violência diária não precisamos ter que vê-la personificada na TV.

O golpe militar de 64 foi responsável por grandes prejuízos para o país, e um deles foi ter quebrado com o movimento cultural da época, e ter deixado toda uma sociedade órfã de inteligência, sagacidade nas mídias baianas. Os intelectuais baianos foram obrigados a irem para o eixo Rio-São Paulo. A Bahia não acompanhou o progresso da comunicação e da televisão, depois da Itapoan só em 1969 a TV Aratu foi inaugurada, a Band em 74, já as TVs Bahia e Educadora foram inauguradas em 1985.

Se ligarmos a TV hoje para assistir um jornal, vamos ver as mesmas matérias, conteúdos parecidíssimos na maioria dos canais. Programas de auditório, entrevistas sem vida e emoção. O telespectador está ficando mais exigente, e a TV precisa acompanhar isso. Não quero ser contra aos programas populares, reconheço a importância deles, mas, precisamos fazê-los com qualidade, não é porque nossa população é carente que precisamos tratá-los como se fossem "burros", pelo contrário, a TV pode e precisa, às vezes, atuar como professora, ensinar, já que a Educação é um dos grandes problemas do país, quem teve a oportunidade de fazer uma faculdade deve fazer o seu papel social de informar, sem alienar, isso seria o ideal!

Confiram os próximos capítulos......

5 comentários:

JH disse...

ótimo texto.

traz umas informações interessantes, sobre a realidade baiana, mas que são generalizáveis a outros cantos do país.

e isso só confirma o movimento de padronização da mídia, que, no caso das televisões e rádios, passa pela peneira do estado, a dar concessões a quem melhor fizer seu jogo.

e isso foi marcante nos tempos da ditadura (lembremos que bob marinho e sua rede globo receberam o aval do regime e o financiamento robusto do grupo estadunidense time-life).

abs

Tecnologia - O Mundo das Novidades disse...

Como a televisão vive de dinheiro, como todos nós infelizmente vivemos, tudo é manipulado por quem financia a transmissão e o povo cada vez mais da audiência para coisas sem caráter de informar ninguém. Se a globo fazer uma novela mais informativa, mais concentrada na cultura e na educação e menos baixaria, as propagandas ficariam mais baratas e assim cairia a renda de milhões por dia da mídia. Tudo é em busca do poder, ninguém quer um povo poderoso com idéias próprias e que saibam votar. Isso não!
Parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

A manipulaçào das cabeças é insuportável,o povo naum tem vida própria ja que tudo é manipulado pelo poder da midia que só quer saber de ganhar grana a qualquer custo,veja senào o carnaval onde as pessoas deixaram ricos os artistas mais mediocres que ja se viram nesse país.
Viva o povo brasileiro que nào é cidadào e nào tem democracia nenhuma.
Parabens

Anônimo disse...

deu vontade de ler os próximos capitulos!!!!, escreva correndo!!!!

dentro de um pensamento mais radical vemos um instrumento de mídia capaz de alienar uma grande massa populacional, mas, por vezes vejo, também, o quanto jornalistas tem aumentado exponencialmente sua carga de responsabilidade na transferencia da informação, a crítica implicita, também pode alterar a linha de pensamento daqueles que estão recebendo a informação,independente do tipo de mídia, por isto, estamos mais dependentes da solicitude e integridade etica dos nossos jornalistas.

Anônimo disse...

Eu acho Vanessa que a mesmisse n�o est� s� nas mat�rias ou nas programa�es das Tvs, mas tamb�m nas equipes do profissionalismo. A TV Baiana tem que abrir as portas para receber muitos jornalistas rec�m-formados que hoje em dia tem muito talento. Profissionais inteligentes e com grande senso cr�tico capaz de criar ou modificar o que j� existe. Hoje sinceramente eu n�o em frete a TV para assistir porque j� sei tudo o que vai passar. Toda semana, todo final de semana � sempre a mesma coisa, n�o existe um diferencial nas emissoras e hoje em dia existem tantas coisas a serem reportadas e eles continuam fazendo as mesmas coisas. Temos acesso a tecnol�gia que antes n�o existia,eu particularmente prefiro ficar navegando na internet em busca de uma not�cia desconhecida em outros sites do que ficar parada em frente a Tv ouvindo as mesmas coisas que j� sei. Temos que continuar a expor o nosso ponto de vista e lutar sempre em favor de uma transforma�o na m�dia televisiva baiana.

Arquivo do blog

Informações sobre o Blog