segunda-feira, 30 de junho de 2008

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"... somos todos responsáveis por tudo
e por todos perante todos,
e eu mais do que os outros..."
Fedor Dostoievski
(uma citação do romance ‘Os irmãos Karamazoff’)

Além de um conceito filosófico aprisionado em páginas e mais páginas de papel, já foi o desejo de muitos indivíduos, principalmente daqueles que estavam subjugados a alguma lei coercitiva, norma anacrônica ou a uma limitação qualquer que lhes tolhia os movimentos físicos e/ ou de pensamento...

Alguém fez a pergunta que não queria calar e que se fazia necessária: o que vem a ser liberdade?
É óbvio que mil e umas serão as respostas sobre tão especulativo tema, que pode ter uma infinidade de texturas nos infinitos campos de pesquisa do conhecimento humano. Indo da pureza de sentimento de uma mente que é ligada a transcendência espiritual buscando superar os instintos primários de sobrevivência da espécie até ao mais sacana e inescrupuloso dos capitalistas na sua sanha desmesurada em amealhar a maior quantidade de riquezas possível para estocar em proveito próprio do seu ego carente.

E ele – o empresário empreendedor/ capitalista inescrupuloso – o faz sem o menor pudor ético, filosófico ou moral, pois é a sua escolha de ser/ viver a natureza competitiva, acumulativa e conseqüentemente destrutiva. E para esse modo especifico de se viver uma experiência existencial que não aceita trabalhar com os limites que minimizam as interferências prejudiciais ao ritmo de renovação do meio ambiente.

Escolha que prioriza ajuntar coisas para se mostrar forte e poderoso diante de terceiros, mesmo sabendo que será quase impossível encontrar um ‘dia tal’ para sentar e saborear tudo o que se colecionou durante o seu curto período de existência física entre os pobres mortais explorados e surrupiados nestes atos de ganância econômico-financeiros.

Sem buscarmos contextualizar no nosso cotidiano o que queremos vivenciar com a prática da liberdade, viveremos várias vidas para encontrar uma resposta. E à cada interrogação, em cada uma dessas vidas teremos mil e uma respostas diferentes. Na verdade o que estamos construindo é uma eterna repetição e sem nenhuma perspectiva de sair desse círculo vicioso no qual estamos habituados a viver: escolas de submissão, religião patriarcal, família nuclear e outras tantas experiências afins.

Um caminhar que não acrescenta nenhum sentido prático para as vivencias de um sem número de indivíduos, que não querem se submeter aos algozes de plantão, vendedores de ilusões e travestidos de salvadores de almas, corpos e mentes neste mundo midiático de promessas virtualmente vazias de propósitos.

A liberdade de ir e vir, defendida com unhas e dentes pela burguesia esclarecida – altamente qualificada e especializada – e enriquecida na exploração do trabalho alheio, deve está ligada diretamente ao exercício da igualdade para que todos tenham como exercitar o direito de trabalhar, habitar, comer, vagabundear, estudar, curar-se etc.

Digo mais, devemos por em prática vivências coletivas onde a dignidade e o respeito entre iguais sejam praticados, pois só assim esta conquista da liberdade se fará presente na existência pessoal e cotidiana de todos. E para se chegar até lá é necessário termos como meta primordial organizarmo-nos em lutas que rompam com o instrumento de dominação ideológico da burguesia: o Estado político, que a tudo absorve, molda, adestra e destrói nos cotidianos individuais e coletivos!!

Liberdade, portanto, só quando pular do papel – mundo das idéias – e for de encontro à vida para ser vivida coletivamente por todos e por cada um sem amo ou senhor...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Escola e Biblioteca Comunitária Professor José Oiticica:
O anarquismo nosso de cada dia
, por Eduardo Nunes



O anarquismo sempre escandalizou as pessoas, pois sempre esteve associado aos atos terroristas e à bagunça. Como filosofia, preconiza a liberdade e a justiça social, sendo compreendida por seus pares, como a mais alta expressão da ordem. Viver de forma livre, sem autoridade e de forma organizada tal é o princípio máximo dos anarquistas, daí serem taxados de utópicos, sonhadores, idealistas.

Os anarquistas organizados em sindicatos e associações colocaram suas idéias em prática, através de movimentos revolucionários, essas ações, infelizmente, funcionaram em poucos períodos da história, não sem contradições, mas foram sufocadas pelas armas inimigas da liberdade. Outros tentaram e, alguns, ainda tentam colocar em prática seu ideal nas experiências comunais, em pequena escala, no dia-a-dia, vivendo em constantes conflitos com a sociedade dominante capitalista ou estatal.

Não somos astrólogos, nem videntes para imaginar o futuro e não temos bola de cristal para sabermos o que vai acontecer com a humanidade, em vista disso, os anarquistas procuram intervir para modificar a situação de opressão e desigualdade em que vive a maioria das pessoas. Essas ações, teóricas ou práticas, constituem-se nos objetivos principais dos libertários.

A educação é um dos pontos principais para a ação libertária. A pedagogia libertária constitui-se numa das tentativas mais consistentes de intervir e interferir para a formação de pessoas destituídas de um comportamento autoritário. Os principais pensadores libertários sempre estiveram preocupados com a educação e alguns experimentaram novos modelos pedagógicos para atuarem em suas cidades, bairros, comunidades.

Aqui em Salvador, estamos desenvolvendo uma proposta educacional libertária no bairro de Valéria, inspirada nos modelos autogestionários e fortemente preocupada com a questão ambiental. Lutamos pela criação de uma escola viva, ao ar livre, junto à natureza, mas perto dos livros, tendo como princípio a solidariedade, a liberdade e o livre-pensar. Uma escola sem currículos pré-definidos, sem avaliações, sem autoritarismo. Uma escola para quem queira estudar, sem pressa, sem horários e entenda que é preciso respeitar a natureza e o ser humano.

Quem quiser conhecer...

Escola e Biblioteca Comunitária
Prof. José Oiticica

Estrada da Valéria, 103, BR-324, km 11

Salvador - BA

CEP: 41.300-600
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quarta-feira, 25 de junho de 2008

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Que espalhados pelos quatro cantos da cidade saem do sonolento anonimato, isso por que são convocados a tomarem em suas mãos o destino da administração pública pela escolha dos melhores candidatos para edis e alcaide. É mais um ano eleitoral e a velha lengalenga do direito constitucional ganha força pela constante repetição nos vários meios de comunicação (mídia) e validadas pelos poderes institucionais da república.

Diz um ditado popular, que se perguntado se vai ao longe... e um outro não muito popular diz que se repetindo ad infinitum uma mentira ganha ares de verdade, convencendo aos incautos da importância de se votar em “a” ou em “b” para tudo ficar onde está e o rio seguir inexorável o seu caminho em direção ao mar.

Palavras são ditas aqui, repetidas acolá e desditas num outro encontro para que os pactos sejam firmados e reafirmados visando à próxima eleição em 2010, que segundo os entendidos nos interstícios da ‘politicagem’ é a que de verdade vale qualquer coisa. È certo, pois, que são os votos para governadores e o presidente do país que motivam os encontros de contas, isso para investimentos financeiros nisso ou naquilo por parte das autoridades gestoras das pastas da economia: dindin pouco, meu quinhão primeiro.

Mas a bola da vez é o município com seus sem números de problemas que vão se acumulando por gerações de gestores públicos. Podemos citar o caso da saúde pública que quase todos os alcaides estão privatizando paulatinamente, isso na tentativa de uma solução há médio prazo. Mas só encontram empresários ávidos para amealhar mais um quinhão (ou será milhão) para os seus ganhos pessoais.

Uma área tão delicada como a prevenção, a recuperação e manutenção da saúde do brasileiro – podemos constatar que são verdadeiramente uns pobres coitados jogados nos postos e hospitais públicos – está sendo entregue à terceirização de empresas particulares, que só se preocupa com o resultado contábil nas planilhas do livro caixa, ou seja mais lucro!

E os que hoje são chamados pelo nome que consta na certidão, em breve cairão num outro, mas breve, estágio de dormência até a próxima batalha. Entrevero político eleitoral que nunca se consuma, pois os inimigos de hoje podem ser os velhos amigos de amanhã, isso com a maior naturalidade e total falta de caráter, ou de ética ou ainda de moral. E de mãos dadas, velhos inimigos, subirão no mesmo palanque e reconhecerão os seus nomes de batismo, pois é só esperar para ouvir: vote em mim!!!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

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Inimigos de todos os reis, por Carlos Baqueiro



O Inimigo do Rei nasceu, como muitos outros jornais nas décadas de 60 e 70, sob uma ferrenha ditadura iniciada em 1964 com um Golpe Militar apoiado por alguns segmentos da sociedade.

Em outubro de 1977 começava a ser publicado, por estudantes e trabalhadores baianos. Um jornal com “nome estranho”, como enfatizou um de seus colaboradores. Doutrinariamente anarquistas, aqueles indivíduos “pregavam” coisas semelhantes às que Proudhon, Bakunin ou Malatesta, por exemplo, tentavam demonstrar no final do Sec. XIX, isto é, a força da ação direta, da autogestão e do federalismo.

Lutavam por tudo aquilo que estava sendo vivido por muitos indivíduos e grupos pelo mundo afora, com uma nova cara, desde o significativo ano de 1968, em Paris. Como afirma o próprio jornal em sua primeira edição, na matéria Comunicado:

A luta deste fim de século é basicamente contra o autoritarismo em todas as suas formas. Nota-se isto sensivelmente na pedagogia moderna, na antipsiquiatria e nos movimentos estudantis de todos os lugares onde a ignorância e o subdesenvolvimento não existem, não gerando, assim, a mediocridade autoritária, centralista, e a alienação dos liderados.”

Ele se encontrava entre os chamados Jornais Alternativos, ou Nanicos, tais como O Pasquim, Movimento, Opinião, entre outros, que tentavam continuar vivos em contraposição aos grandes jornais, os quais, com freqüência, tiveram que se calar diante da força das regras impostas pelos ditadores.

Estamos hoje, há 31 anos de distância do início da publicação do jornal, e há 20 de seu fim, em 1988, após 22 edições publicadas. As questões a que "O Inimigo" se referia estão ainda ai expostas, à mesa. Autoritarismo, fundamentalismos religiosos e políticos, xenofobia, repressão sexual, manipulação da informação, racismo, consumismo...

Em O Inimigo do Rei seus colaboradores usavam da liberdade de expressão para ousar e falar de assuntos que eram, e que ainda hoje, são considerados tabus, para uma parte da sociedade, para a grande imprensa, chegando a incomodar até mesmo alguns anarquistas da época (e, quiçá, os de hoje também).

Estudar e dar visibilidade a um dos jornais que se encontravam dentro desta perspectiva e definição de mídia alternativa, e sempre no combate às mazelas do mundo, é fazer relembrar justamente a trajetória deste sentimento de resistência que se sobrepõe ao medo de lutar contra o autoritarismo e contra o conformismo.

Foi desejando essa visibilidade que foi criado um pequeno vídeo-documentário de pouco mais de 20 minutos sobre um jornal em redor do qual homens e mulheres se uniram, para com uma pitada de humor, e outras de ironia e coragem, tentarem destronar o Rei.

Vejam a seguir a primeira parte do documentário:


A segunda parte do vídeo encontra-se no endereço que segue:

http://br.youtube.com/watch?v=nSqgyUS7tQ4

sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Liberdade de Expressão de Quem ?, por Carlos Baqueiro



Essa semana o Ministério Público Eleitoral, contrariando boa parte da grande imprensa, ingressou com mais duas representações contra as editoras proprietárias do jornal A Folha de São Paulo, e da revista Veja. Ambos os periódicos publicaram reportagens com entrevistas de Marta Suplicy, indo de encontro a legislação eleitoral, segundo o próprio MPE.

Nessa noite de Sexta-Feira o Jornal Nacional, através de sua apresentadora, criticou aquela ação do MPE, deixando claro que isso seria um ataque à liberdade de expressão.

Vira e mexe estamos ficando frente a frente com abordagens de órgãos jornalísticos que criticam ações do governo, ou de partidos, ou de grupos organizados, acusados de dificultar o trabalho dos jornais e dos jornalistas.

Também acredito que o trabalho de uma imprensa livre é fundamental para a manutenção da democracia. Mas há um outro lado da moeda que precisamos debater.

Já houve gente pelo mundo dizendo que a tal Liberdade de Expressão é na realidade a Liberdade de Empresas à sua Expressão. Isso porque é de conhecimento público que a maioria das redes de comunicação e informação, pelo Brasil e pelo mundo, é de propriedade de poucas famílias, ou de grandes corporações.

Denis de Moraes, organizador do livro Por Uma Outra Comunicação, dá uma boa visão da formação desse oligopólio:

“A mídia global está nas mãos de duas dezenas de conglomerados, com receitas entre 5 e 35 bilhões de dólares. Eles veiculam dois terços das informações e dos conteúdos culturais disponíveis no planeta. Entrelaçam a propriedade de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversão, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet, vídeos, videogames, jogos, softwares, CD-ROM, DVD, equipes esportivas, megastores, agências de publicidade e marketing, telefonia celular, telecomunicações, transmissão de dados, agências de notícias e casas de espetáculos”.

Os interesses daqueles grupos e das corporações se declinariam, na hora H da notícia, para dar lugar a um enfoque isento, e que busque a verdade e a justiça ? A luta pela tal da Liberdade de Expressão não seria na realidade uma falácia, com a função de mascarar os verdadeiros objetivos dos donos da informação ?

Mesmo não querendo maniqueizar o meu discurso (com donos de empresas mauzinhos, de um lado, contra a população boazinha, de outro lado), fica óbvio que existe um grande poder aqui envolvido, e temos de estar atentos a isso. Este poder pode privilegiar crenças, ideologias, modos de vida, imáginários sociais... e é óbvio também que isto pode favorecer a um ou outro grupo social.

E daí ? O que fazer com toda essa informação, ao mesmo tempo tão complexa e cética até a espinha ?

Recorro a um trecho bem otimista do sujeito que sempre criou briga com aqueles que trabalham na imprensa. Pierre Bourdieu, no livro Contrafogos:

“E, se me dirijo a jornalistas, não é, como se vê, para denunciá-los, condená-los, culpá-los, mas, ao contrário, para convocá-los para um combate comum, chegando assim a definição ideal de sua profissão, como condição indispensável do exercício da democracia”.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

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O mito de Sísifos com a sua diária e eterna repetição de elevar, rolando até o alto de uma montanha rochosa, uma pedra, mas eu falei de uma pedra, uma pedra de bom tamanho! Rocha rolando sobre rocha, que dedução lógica correspondente para atrito... Que é igual a trabalho, confirmando-se a troca de calor e energia desprendida...

Este conceito metafórico gerado na Antiga Grécia encanta Albert Camus, que lhe dedicou um ensaio instigante sobre o absurdo que se constituiu o trabalho nos tempos modernos do fordismo (e outras tantas experiências sobre a organização interno do processo produtivo):

1. como as suas intermináveis subdivisões das tarefas, em que é substituindo o conhecimento global pela especialização das partes em separado do todo;

2. seqüências padronizadas de execução do ato de fazer vão passo a passo subtraindo a criatividade, as inovações e as adaptações que são próprias do saber fazer;

3. e a repetição sempre constante – ad infinitum – num determinado espaço de tempo com o aprisionamento da vida. É isso, pois ‘o tempo’ fora afixado à parede por um prego e a disciplina rítmica do relógio, que entra em vigor para nos condicionar a pensar, sentir e expressar-se no compasso do tic-tac.

Com o controle ‘científico’ desses três pilares acima citados, os ideólogos do livre mercado construíram um novo mundo produtivo, com regras e princípios próprios. Utilizando-se da concorrência desleal foram substituindo as oficinas de fundo de quintal por fábricas organizadas para ‘capturar’ e ‘destruir’ os mestres e contramestres, pois na época estes eram os senhores do conhecimento técnico-científico.

Os ideólogos da livre concorrência comercial potencializaram a idéia simplória da competição entre indivíduos (isolados na maior parte do tempo ou no máximo agrupados em um número pouco significativo) para o sentido pragmático de destruir à todos, inclusive os prováveis opositores, pois serão os possíveis concorrentes no tal do mercado livre: Seja como consumidores de matéria-prima ou na outra ponta, como vendedores de bens manufaturados.

É uma velha história conhecida no capitalismo: circulação de ‘coisas’ de alguma utilidade prática, e associada a ela – no roldão das permutas – também se seguem mil e umas quinquilharias multicoloridas que nos dizeres, cheiros de sensibilidade poética, do escritor inglês Oscar Wilde “nós vivemos numa época que coisas desnecessárias são nossas únicas necessidades”.

É o supérfluo, que tem como mera funcionalidade servir de ‘massageador’ das egocentricidades humanas carentes de poder e que são diuturnamente estimuladas pelos marketings de última geração confeccionados nos laboratórios da microsoft, bosch etc. Quase sempre, estas análises que envolve o capitalismo, e por conseguinte o ‘seu direito’ de assegurar a própria reprodução, independentemente dos meios técnicos utilizados, reportam-me ao atualíssimo axioma utilizado por Eric Fromm na feitura de livro em que são questionados os valores éticos que norteiam comportamentos individuais ou coletivos: ter ou ser?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Volta ao mundo pela mídia: uma proposta sustentável de combate à violência, por Eduardo Nunes


Que mundo é esse... meu irmão! Que noticiam todos os dias pelo rádio, jornais, Internet e televisão. Vixe maria, é de assustar! Nada de apoio mútuo, solidariedade, amor pelas pessoas, pela natureza, pela própria vida. Será que o mundo é assim mesmo? Só devemos apresentar violência, maldade, crueldade que acontece por aí?

E os espetáculos musicais, a poesia, a literatura as artes em geral, quase não se lê, escuta ou vê na mídia, apenas em espaços reservados e bem pagos. Quando alguém socorre alguém ou ajuda, aparece apenas como caso esporádico, um grão de areia rolando na beira do mar. Que loucura é essa em que nos metemos, que terrorismo é esse que a imprensa criou sobre o manto de se dizer a verdade? Quem financia e/ou fomenta a violência é a mídia ou o inverso, ou as duas coisas?

Qual a necessidade para ocuparem tantas páginas, imagens, ondas de rádio e fluxos de informação pela Internet? Por causa de Beira Mar, Abadia ou Perna estarem presos e terem sido transferidos para uma prisão de segurança máxima? Para quê tanta notícia? Aos especialistas em criminologia, sociologia, psicologia, antropologia do crime que leram alguns livros sobre o tema, aos jornalistas, policiais e peritos de toda a natureza que procuram estudar, compreender, prevenir a criminalidade, aos bandidos, criminosos, traficantes, será que precisamos midiatizar tanto essas informações? será que o mundo precisa realmente dessas informações?

Acho que precisamos é de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Quais atividades poderíamos então sugerir para a ressocialização dessas pessoas: ao Perna, pelo seu apelido, poder-se-ia tentar aulas de ballet clássico intensivo, ao Abadia aulas de artes plásticas dado o seu gosto por obras de arte, ao Beira Mar aulas de música e regência de orquestras para ele minimizar os efeitos do funk carioca. Nas horas de lazer, literatura universal, tragédias gregas, Sheakspeare, os russos e a literatura brasileira, Castro Alves, Machado de Assis, Graciliano, Drumond e outros, muitos outros. Aulas de teatro e poesia.

Creio que dez anos intensivos de arte, muita arte faria um efeito extraordinário, não só para esses, como para toda a carceragem dos miúdos aos graúdos. Esse processo de ressocialização deve ser estendido também para toda a população que fica encarcerada em seus condomínios de luxo (até que esses já usufruem um pouquinho das artes), como também, para os da classe média e os que vivem em barracos fechados nas inúmeras favelas que pululam em nosso globo terrestre.

E você, tem fome de quê?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

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“A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica.
E deixar cicatrizes no cérebro."
Noam Chomsky
(anarquista, lingüista e filósofo norte-americano)
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Não estamos aqui nos reportando à mídia impressa, televisiva ou falada, pois nessas já é comum o apelo recorrente dessa característica tão humana que é a violência, isto em qualquer uma das suas expressões, seja ela física ou psicológica. Só que, nesses espaços midiáticos de construção do pensamento único (e exemplifico que essas idéias estão nos jornais, revistas, telejornais etc.) já temos uma prática vivenciada e experimentada de combate e resistência...

Portanto esses espaços estão delimitados e os seus abusos mapeados e sobre uma certa vigilância que os tornam mais toleráveis. Isto até certa medida, é claro! Porque neles a violência é minimizada por outra ‘força’ que lhe é, na maioria das vezes, de oposição, antagônica e limitadora dos seus excessos manipulatórios.

Fazendo um paralelo com este assunto e os livros escolares, isso na área das ciências físico-químicas, diríamos que a ‘força’ é de igual valor, ou de um valor um pouco maior, onde se busca sempre um equilíbrio entre as ‘forças’ envolvidas. Mesmo que seja relativo e instável este relacionamento entre o coletivo e privado, mas tenta-se uma boa convivência entre os que detêm o poder e os subjugados. Visto que é uma possibilidade real, desejável e plausível nos relacionamentos humanos uma trégua momentânea.

Mas quando se trata do mundo virtual, essas ‘forças’ perdem totalmente seus parâmetros de convivência e tentam sempre se sobrepujar diante do seu oponente. E a competição perde assim todo e qualquer ponto de humanidade e respeitabilidade para com os outros envolvidos nestas disputas insanas.

No mundo virtual esses relacionamentos interpessoais não têm pontos de toques e tende a zero nesse quesito de transferência térmica (termodinâmica), bem como na sua grande maioria não se permite nem a experiência tridimensional do olho no olho. E é neste momento onde se busca uma identificação de ‘fragilidade’ no outro – reciprocamente, falando – e assim assegurar espaços de convivências e amadurecimentos entre os oponentes destes jogos não reais.

Quando não é possível criar os laços de camaradagem torna-se um fato concreto, pois, a imposição de uma ‘força’ direcionada para e sobre o outro. Já que só a vitória – o seu reconhecimento, sejamos claros – é o único objetivo que importa, visto que até o grau de dificuldade dos ‘games’ pode ser burlado por algum artifício tecnológico qualquer. Um indivíduo educado/ formado nesse mundo sem os limites formadores de companheirismo, pode normalmente ver-se num espelho de forma desfocada, ao transpor para o seu cotidiano real todas as ferramentas virtuais de trabalho (Video Clips, Blogs etc), bem como a própria cultura do eterno sucesso, da eterna vitória pessoal e claro o comportamento competitivo sem quaisquer barreiras éticas...

Abandonar o mundo dos ‘tec-troy’, que faz mais barulho do que qualquer outra coisa, e encarar o cotidiano com os seus limites físicos, as suas respostas negativas e/ ou difíceis de absorver no dia-a-dia pode ser vexatório e ‘cansativo’, por demais da conta. Isto para os proprietários dos desejos e sonhos não-realizados que terão de olhar nos olhos daqueles que lhes colocaram nesta situação incomum.

É um ‘grande problema’ que tende a inaptidão para o convívio social, isto nos dizeres dos técnicos especialistas em transmutações entre o mundo real e irreal: eis o mais novo paradigma criado por essa sociedade de consumo fácil e ininterrupto: convivências entre mundos que não se tangenciam!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Notícias Pegajosas..., por Carlos Baqueiro



Há uns 2 anos atrás, quando eu ainda estava cursando Jornalismo na faculdade, um dos professores pediu a equipe da qual eu fazia parte uma pesquisa sobre programas jornalísticos na Bahia.

Corremos para a frente da TV e assistimos alguns daqueles programas. Na TVE, TV Bahia, Aratu e Bandeirantes. Fizemos um quadro com o que foi noticiado e não foi para mim uma completa surpresa verificar que 70% das notícias eram as mesmas em todos os jornais. Será que outros fatos e acontecimentos não foram suficientemente relevantes para chamar a atenção de tantos editores de tantas mídias diferentes ?

Mas isso já era previsível. Não porque eu fosse dono de bola de cristal. Mas sim porque eu já estava entendendo, mais ou menos, como funcionava (e funciona) a grande mídia.

Lá pelos idos dos anos 90 assisti a um documentário chamado “A Fabricação do Consenso”, com apresentação de Noam Chomsky. Ali ele tentava passar a idéia de como via o funcionamento da grande mídia. E numa das passagens exemplificava a manipulação de notícias, elaborada pelos donos dos jornais, a partir da quantidade de informações lançadas para a população norte-americana referentes a dois acontecimentos.

O primeiro foi a invasão do Timor Leste, pelas Forças Armadas da Indonésia, pró-EUA. Esta invasão teve como consequência uma sistemática eliminação de milhares de timorenses, mas pouco foi noticiado pelas redes de informação norte-americanas. Em contrapartida, no mesmo período, o Camboja (anti-EUA) do ditador Pol Pot, que também assassinava seu próprio povo, era noticiado todos os dias. Para as redes americanas nem toda morte em massa seria relevante.

Há alguns anos atrás, em uma mesma semana, diversas capas de revista apresentavam o rosto de Paulo Coelho. Foi, para mim, até cômico ver tantas revistas numa banca, às vezes com as mesmas fotos, provavelmente entregues às redações pela Assessoria de Imprensa do escritor. Pior: Quando se abria as páginas das revistas boa parte das informações dadas eram bastante parecidas.

Esse comportamento da mídia pode ter vários nomes. Alguns estudiosos acharam belos nomes para isso: Agenda-Setting, Newsmaking, etc. Usar termos assim em inglês fica mais chique (e deixa a maior parte da população sem saber o que se passa de verdade). Mas tem muita gente que fica com as barbas de molho com esta forma de manipulação de notícias. E se pergunta: Estamos sendo enganados todos os dias ? Ou realmente aquelas notícias deveriam ter sido publicadas, devido ao seu grau de importância ?

E por que elas são publicadas em todos os canais de mídia ? Em todos os jornais impressos ? Por que a maior parte das notícias de um Jornal que se diz Nacional são elaboradas por jornalistas cariocas ou paulistas ? Por que pobre só aparece em notícia de invasão de repartição pública ou em notícias policiais ?

Assistam e leiam os jornais de hoje refletindo um pouco sobre o porquê das notícias que ali estão publicadas... e, se a canseira de um dia de trabalho permitir, permitam-se imaginar qual seria o jornal que editariam, do jeitinho que imaginam o mundo.

Se aquele jornal imaginário for igualzinho ao Jornal Nacional, ou ao jornal A Tarde (Folha, JB, etc.), do dia que seguirá, então será percebido da melhor forma possível que a tentativa de se fabricar consensos está tendo sucesso, infelizmente.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

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“para que não se possa abusar do poder é preciso que,
pela disposição das coisas, o poder freie o poder.”
Montesquieu

Quando as ‘verdades’ no ‘mundo do trabalho’ perdem o ponto de apoio – que é o seu antagônico, o movimento sindical combativo e organizado –, bambeia e tropeça numa realidade de exclusão doentia, que cheira ao absoluto estado de pobreza. Algumas perguntas se fazem necessárias para que novas trilhas sejam abertas...

Pois elas – as perguntas – não querem e não vão se calar diante dos consensos conscientemente fabricados, isso em meio aos descalabros ideológicos de que lá – no ‘mundo do trabalho’ - reina um equilíbrio sadio e emocionalmente estável entre as partes antagônicas nas relações de trabalho, que estão envolvidas no ato de transformação laboral.

Buscam também – elas, as perguntas –, significados palpáveis e aplicáveis ao seu tempo, este tempo daqui e não o que passou ou virá. Tempo este que é meu, teu e nosso, pois se trata do nosso cotidiano e, queiramos ou não, é nele que estamos inseridos socialmente. E até inclui a cultura do consumo de coisas multicoloridas e utilidade duvidosa, mas estão relacionadas com o processo produtivo gerador de riquezas.

Cotidiano este em que estão adestrando pessoas para ambientes asséptico, frios e de risos mecânicos: criando os rostos “blazer” sem personalidade ou vontade própria, meramente utilitaristas. Pouco lhes importando o que tem diante dos olhos: seja a atroz dúvida de escolher uma determinada cor para um par de sapatos ou os problemas que afligem a sociedade humana de hoje, ontem e de sempre até quando perdurar o capitalismo, ou seja a geração de riqueza diretamente associada à destruição ambiental e a exclusão social. Isso para simplesmente auferir mais lucros para uma seletíssima parcela da sociedade, os que cumulam riquezas que nunca conseguirão gastá-las enquanto vida tiver.

Perduram os problemas para viabilizar uma solução libertária, tais quais: o da inserção social com pão, tesão e autogestão; controle pelos próprios trabalhadores dos processos de transformação das matérias primas; e o impedimento urgente e imediato da destruição sem piedade, que por hora indica para a impossibilidade de uma futura auto-regeneração, do meio ambiente como um todo.

Perguntas, especulações e dúvidas:

Você sabe o significado da palavra greve; qual a sua utilidade nas relações entre o capital verso trabalho; e a sua finalidade na construção de uma sociedade, que hoje é eufemisticamente chamada de ”mais justa”, mas que em realidade tratar-se-ia de uma sociedade de tipo socialista,onde o controle do processo produtivo – gerador de riquezas – muda das mãos do patrão e seus gestores para as mãos dos trabalhadores em geral?

Você sabe organizar uma greve; convocar uma assembléia geral; estabelecer os objetivos; respeitar e garantir o exercício das ‘falas’ dos seus companheiros, exemplo: ouvindo-os durante o seu tempo de ‘falação’; você sabe encaminhar as diretrizes coletivamente selecionadas durante o processo de acordos pontuais entre os trabalhadores no processo de construção da luta contra o patrão?

Você já fez – participou – de uma greve; qual o objetivo principal desta greve em particular; e a qual foi a sua motivação individual e/ ou pessoal nela; lembra-se da sua ultima greve, convocada pelo órgão de classe ou não; e qual os “ganhos” ou “prejuízos” imediatos?

Você acredita que uma greve pode garantir uma melhor condição de trabalho (ruído a um nível tolerável, uma concentração aceitável de partículas sólidas em suspensão etc); redução da jornada de trabalho; salário mais digno aos assalariados de menor qualificação técnica; investimento direto nas ações de prevenção e manutenção da saúde do trabalhador e seus agregados; e outras vantagens não-econômicas?

Você se considera um trabalhador... e participaria deste tipo de atividade reivindicativa (greve), em que o objetivo principal seria os profissionais de menor qualificação técnica, maior atividade física laboral e, por conseguinte, de menor remuneração de valor financeiro no produto final, que compõe o conjunto geral da economia?

Perguntas sem objetivos imediatos, bem o sei, mas que poderia abrir um amplo leque de discussões sobre ‘o mundo do trabalho’ contemporâneo e seus desdobramento para uma cultura de companheirismo e solidariedade entre os vários matizes do que hoje se pode denominar como o trabalhador!

OPINE,
TRAGA SUAS IMPRESSÕES e
ESCREVA!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

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Os Incontáveis Segredos do Jornalismo, por Carlos Baqueiro


Diógenes, de J.W. Waterhouse (1882)

DNA, Abará, Boi Bumbá, Ponto G, Buraco Negro, Silvícola, Tsunami, etc, etc...

Em todas as áreas de conhecimento humano há palavras que nem todos conhecem. Somos ignorantes em boa parte do que se refere ao mundo.

Não podemos, por exemplo, supor um motivo claro para entender porque indígenas Ianomâmis, lá no interior da Floresta Amazônica, lançam flechas contra os admiráveis e civilizados antropólogos que por lá se embrenham.

E o que dizer da imensa capacidade ilusionista dos norte-americanos, que conseguem nos convencer de que lá existe uma grande democracia. Qual mesmo a diferença entre Obama e McCain, além da quantidade de melanina na pele ?

Mas existe um indivíduo que parece saber de tudo isso, e mais um pouco... é aquele que consegue sintetizar todo um universo dentro da cabeça de um alfinete. É aquele que, iluminado pelos deuses, consegue entender as coisas em suas entrelinhas, mesmo que essas entrelinhas não tenham qualquer significado passível de entendimento.

É aquele que naturaliza, descaradamente, fatos e fenômenos culturais... tornando, por exemplo, um assalto ou um estupro algo facilmente entendível, passível de julgamento em poucos minutos (o tempo necessário a uma pequena reportagem).

Já sabem quem é esse indivíduo ? Ummmm... é o jornalista sim...

Faz tempo que muita gente fica com um pé atrás quando sai uma notícia no jornal. Mas não assistimos ao Jornal Nacional imaginando que ali só tem mentira sendo contada. A credibilidade do jornalista (ou da jornalista) ainda tem saldo positivo para boa parte da humanidade (pelo menos nos países ditos democráticos).

Mas isso aqui hoje foi apenas um aperitivo. Espero, nos próximos posts, lançar minhas idéias (dádivas de um acaso que me permitiu ter grana suficiente para pagar R$ 500,00 por mês em uma faculdade de jornalismo) a respeito dessa importante função, mitificada na nossa sociedade.

E quem sabe, aqueles que acreditarem no que falarei, entenderão palavras tão estranhas quanto “agenda-setting”, indústria cultural, “newsmaking”, “gatekeeper”, etc.
.
E assim, como dizia o etnólogo Pierre Clastres, em companhia do saber, as pessoas poderiam buscar o poder sobre o que sai e o que não sai como notícia nos jornais.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

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por el_brujo

"É próprio da história dos assuntos humanos que todo ato,
uma vez executado e inscrito nos anais da humanidade,
continue sendo uma possibilidade muito depois
de sua atualidade ter passado a fazer parte da história.
Jamais houve castigo com suficiente poder de dissuasão
para impedir que se cometam delitos."

Hannah Arendt (1999)

Nem bem acabou uma, e já se tem outra, como uma ameaça real, engatilhada e apontada para as nossas cabeças....

Mais estórinhas melodramáticas envolvendo famílias, amores, rejeições, escolhas, traições etc. E tudo isso é apresentado como encontro e desencontros de eternos relacionamentos mal resolvidos, pois discutir relação não é solução para nenhum interregno amoroso. Regando diariamente, isso tudo para segurar por longos 124 dias, as cabeças e olhinhos ávidos pelo saber (muitos choros, velas e dores veladas ), que diante da caixa mágico sonha com as mil e uma novas ilusões marketing_ianas produzidas para entrega imediata.

Muita calma, queridos corações. Pois, mais que de repente, como do nada, surge uma luz vinda de algum manual de teledramaturgia, que alumia os caminhos e se encontra uma solução geral e final para todos os problemas aflitivos que foram desenrolados durante tantos dias. Isto tudo num pisca de olhos, digo num único dia com muitos beijos, abraços, olhos nos olhos, corridas na praia e com vários casamentos do tipo final feliz para sempre, amém e aleluia!

Um pequeno parêntese se faz necessário, pois veja que uma instituição moribunda (o casamento), e sem nenhuma utilidade prática, agora serve de parâmetro para os relacionamentos ditos não-conformes: Gay, Lésbicas, Simpatizantes e os Tri já podem casar com trajes típicos – véu com grinalda, fraque com florzinha na lapela etc, – na Santa Igreja Renovada da ‘Globo’ (pobre do patriarca Marinho, pai-fundador do clã dos plim_plins!) e outras espalhadas pelos shopping no quatro cantos do mundo.

E serem, pois, felizes para todo o sempre e no mundinho do consumo fácil de quinquilharias multicoloridas realizarem suas maiores aspirações de compreensão e respeito que esta sociedade patriarcal lhes deve há muito tempo.

É o paraíso celestial em terras brasilis, vislumbrado por todos os ideólogos reformadores europeus, desde o século XVI. Thomas More, que o diga!!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

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Ser Patriota é..., por Carlos Baqueiro

* O texto acima foi encontrado no Boletim Bandeira Negra, Nº 03, de Novembro de 2000.

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