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por el_brujo
"Os socialistas poderiam conquistar,
mas não o socialismo,
que pereceria no momento
do triunfo de seus aderentes".
Robert MICHELS
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Ano de 2008, ano de eleições para definição do Alcaide da cidade e, também, dos futuros Edis... Ano em que a “face” demiúrgica dos candidatos são modeladas/re_modeladas/construídas pelas mãos experimentadas dos marqueteiros de plantão, que com uma série interminável de artifícios vende até gelo para esquimó. Ano em que os eleitores são caçados à laços pela estrutura de poder dos partidos políticos.Organizações políticas que se estruturam para mostrar com toda pujança a sua força política de domínio e controle sobre os dominados territórios de mando e desmando. Espaços instáveis de exercícios de sonhos e fantasias estimuladas pelos mecanismos de divulgação para que o povo sempre esteja em busca de um salvador da ‘pátria amada mãe gentil’.
E para que esse ‘poder’ das organizações políticas se concretize, faz-se necessário ter sob suas asas os ‘melhores’ candidatos (políticos profissionais subsidiados pelo capital excedente nas mãos das elites partidárias) aos olhos do corpo técnico do partido. Eduardo Pinheiro – in “O Nascimento da Teoria das Elites” – nos dá uma ajuda, com suas leituras/conhecimentos na área das ciências políticas, sobre o sistema oligárquico constituído pelas novas ou velhas elites encasteladas nos partidos políticos:
“... todas as formas de organização, não interessa quão democráticas ou autocráticas sejam suas intenções no início, eventualmente e inevitavelmente desenvolverão tendências oligárquicas...”.
O Pinheiro – apoiando-se em nomes como Gaetano MOSCA, Vilfredo PARETO e Robert MICHELS – re_encontra o Calcanhar de Aquiles dessas organizações, por natureza própria, verticalizadas. Ou seja, a delegação do pensar os problemas, sonhos e desejos individuais. E, também, a delegação do ‘fazer’, do executar as soluções encontradas e ou desejadas. A delegação à terceiro do verdadeiro poder, que deveria ser intransferível. Pois é de fato e de direito individual, mesmo que colocado em movimento coletivamente:
“A Lei de Ferro da Oligarquia ocorre porque qualquer organização precisa de delegação. Esta delegação leva ao desenvolvimento de bases de conhecimento, habilidades e recursos numa liderança, o que acaba mantendo essa liderança no poder.”
Vejamos, então que os sonhos individuais não terão espaços de realizações dentro dessas estruturas políticas, visto que os sonhos e desejos são rapidamente neutralizados pelas mãos habilidosas dos técnicos especializados em poder, e que estão apoiados na elite oligárquica do partido político. É bom destacar que o desenrolar da execução destes sonhos, inicialmente individuais, passam a ser também coletivos, pois sonhar/desejar é um bem que se compartilhar entre vários homens e mulheres de boa vontade. E vemos, também, essa preocupação nos estudos desenvolvidos por Pinheiro:
“A especialização e a burocratização são os processos principais por trás da Lei [de ferro da oligarquia]. Elas criam um grupo especializado de administradores numa hierarquia organizacional, que por sua vez leva a uma racionalização e criação de rotinas de operação e tomadas de decisão.”
Mas, lamentavelmente, os nossos sonhos e desejos são absorvidos pelos elementos responsáveis pelo controle (burocracia) dos sistemas internos destas organizações, que os normatizam, padronizam, e nos excluem de pensar, e decidir sobre os problemas que dizem respeito ao individuo e a coletividade socialmente ativa no exercício do fazer o pensado por um e por uma maioria...
Quase acontece um deslize em direção ao mundo do esquecimento. Ato falho, pois já estamos em plena campanha política de esclarecimento e reflexões:
