quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Lá pelos meados dos anos oitenta uma banda brasileira (Titãs), constituída em sua maioria por membros da classe média, cantarolava à pleno pulmão, digo divulgava nas ondas acústicas distorcidas do Rock-and-roll uma letra ácida e de fácil memorização, mas que era um convite à reflexão político-ideologica: polícia, para quem precisa de polícia!

É imperativo reconhecer que naquele momento os ativistas contra a ditadura dos milicos de verde-oliva, bem como outros jovens em busca de uma alternativa ao clima do império do mal, leia-se do ‘Tio San’, precisaram da acidez melódica da classe média... Isso para minimizar os temores dos tristes tempos em que os milicos de verde-oliva se faziam presente em recônditos quintais suburbanos e também em campos universitários, quiçá até embaixo de nossas camas à cata dos subversivos patrocinados pela ‘Charutaria do Fidel’.

Imaginem então esta onipresença tentacular espalhando-se por todos os espaços de convivência humana, ou seja um milico de verde-oliva em cada praças & jardins; salas & pátios escolares; empórios & botequins; teatros & cinemas, igrejas & cemitérios; becos & vielas; fábricas & sindicatos, etc. E por aí foi os anos de chumbo no continente americano, africano e asiático.

E nos dias de hoje, precisamos de polícia?!

É uma perguntinha capciosa, mas que merece alguma atenção e desvelo para não se cair no senso comum. Pois esconde algumas verdades que necessitam de avaliações mais pormenorizadas sobre a existência de tal instituição repressora. Considero adorável e até hilário este questionamento, e confesso que chego até às lágrimas de tanto rir... Visto ser quixotesco o exercício realizado pela classe média na tentativa de tomar pé de uma situação que lhe fugiu ao controle já faz algum tempo.

‘Misansenes’ lúdicos com ‘despachos’ mandingueiros promovidos por um sem número de Ong’s (entidades não-governamental, é melhor contextualizar: novos instrumentos burocráticos de gerenciamento das misérias sociais realizado pelos próprios miseráveis) com rosas vermelhas, cruzes pretas, balões brancos, velas de metro e meio na cor verde-amarela, abraços simbólicos no entorno de monumentos históricos degradados, praças abandonadas, lagoas fétidas, morros desmatados, rios assoreados etc.

Essas e outras tantas expressões artística de menor envergadura em pouco ou quase nada mudará o cotidiano das cidades reféns dos velhos instrumentos (mocinho versus bandido, quem será quem?) de dominação social, pois com essa postura os ‘nossos’ diletos formadores de opiniões, que por um infortúnio conjuntural estão também inseridos nestes traumas cotidianos, só lhe resta um comportamento infanto-juvenil: espernear, lamuriar e compadecer-se diante de tantas vicissitudes.

Mas que é de uma utilidade prática inquestionável, lá isso é: violência urbana associada ao eterno caos institucional que se impõe ao homem socialmente definido e singularizado no seu isolamento societário, eis o quadro de abandono dos nossos ‘pequeno príncipes’ sem chupeta e ursinho de pelúcia para compensar a carência afetiva do Super-Papai e do excesso de estrógeno da Mamãe Maravilha...

Outros filhotinhos da classe média - Lobão e Cazuza - já cantarolavam em agudos si bemóis sobre ‘o tempo que não pára’ e em que a classe média encontra-se perdida num tiroteio midiático dos marketings da pós-modernidade globalizante nos centros de consumo das efemérides coloridas:

Vida louca vida
Vida breve
[...]
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
[...]

‘Eu sou manchete popular’



Um comentário:

Anônimo disse...

É ISSO AI !!!

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