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O Carteiro e o Poeta, por Carlos Baqueiro
Faz uns dias assisti novamente o filme O Carteiro e o Poeta.
Quando se fala de Pablo Neruda sempre associo sua imagem a aquele filme. Liberdade, rebeldia, paixão... sentimentos a flor da pele humana que Neruda sempre conseguiu ressaltar em suas poesias.
"Meu caminho se junta ao caminho de todos.
E em seguida vejo que desde o sul da solidão fui para o norte que é o povo,
o povo ao qual minha humilde poesia quisera servir de espada
e de lenço para secar o suor de suas grandes dores
e para dar-lhes uma arma na luta pelo pão".
Dirigido por Michael Radford, e lançado em 1994, o filme ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora, além de ter sido indicado em outras quatro categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Massimo Troisi, o carteiro) e Melhor Roteiro Adaptado.
O conjunto do filme é absolutamente bem feito. Mas acredito que devemos dividi-lo em duas partes. Uma segunda parte não tão bem elaborada, mas a primeira, belíssima.
Beleza encontrada na trilha sonora de Luiz Enríquez Bacalov, inclusive premiando-o com o Oscar; na genial fotografia de Franco Di Giacomo; e no rendimento plausível de todo o elenco, com destaque para Massimo Troisi, que faleceu um dia depois que o filme acabou de ser rodado (pois é, tem coisas na vida que são inexplicáveis) e conseguiu uma póstuma indicação ao Oscar pela sua atuação e ainda uma pelo roteiro que assinou ao lado de Anna Pavignano, Furio Scarpelli, Giacomo Scarpelli e do diretor. Massimo conduz o personagem com carisma, a ingenuidade que ele transmite faz com que o espectador torça por seu personagem. Um belo trabalho.
“O Carteiro e o Poeta” poderia facilmente se tornar mais uma daquelas pérolas que o novo cinema italiano solta de tempos em tempos. Poderia entrar naquele time liderado pelos “Cinema Paradiso” e “Mediterrâneo”, porém acaba ficando no meio do caminho por causa da meia hora final que realmente não teria a necessidade de existir. Mas quem somos nós para censurar a arte. Não quero ser bombeiro do Fahrenheit 451 , irritando Ray Bradbury.
A segunda parte parece existir apenas para manter viva uma cartilha do cinema italiano-europeu, deixando-nos a impressão de algo bem trágico e melancólico (um retorno do espectador/fruidor ao mundo real), porém essa cartilha funciona perfeitamente para alguns filmes e para outros não, e ela não se encaixou bem no “O Carteiro...”.
2 comentários:
Nenhum artista é `inocente` no que faz artisticamente.
De acordo com a democracia, as pessoas não precisam ser inocentes para serem protegidas.
`Os protetores são os piores tiranos`
Afirmação de Lima Barreto
(acredito eu ser uma afirmação política)
já que vocês enveredaram por essa seara, que tal uma análise da "onda"!
... nestes tempos de controle das mentes e sentimentos...
ass.: kyw
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