quarta-feira, 5 de março de 2008

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O ILUSÓRIO E A NECESSIDADE,
É UM NOVO PARADIGMA QUE SE CONSTRÓI!?
por el_brujo

Esferas, por Salvador Dali

Num desses dias, em que estava sem as basilares referências para agir... sem ter o quê fazer, sem assunto próprio para uma redação, ou sem destino certo para onde ir... fui até uma lan house com seus peculiares ruídos infanto-juvenis....

Recorro à melhor mídia de ‘consolo’ psicológico: a INTERNET, e utilizo-me deste mundo não_real/virtual para perseguir e coletar dados para construção deste artigo que hora vos olha, pedindo-lhe a sua paciência e atenção. E o convida, também, para uma leitura rápida e descompromissada, como é de praxe em qualquer ‘blog’.

A primeira parada que faço, já interligado no mundo não_real/virtual, é numa comunidade de ateus, cujo tema do tópico era: ‘O PARADIGMA. Como se dá sua construção e a sua efetivação numa sociedade?’.

Um breve sorriso é pronunciado no canto esquerdo dos lábios e se alastra por todo o rosto, mas rapidinho se esvai como água suja pelo sifão. Pois a minha gargalhada é ouvida por todos os que estão no torno, chamando-lhes a sua atenção pela estranha expressão de prazer num rosto cansado de guerra e barba por fazer.

Paradigmas & religiões: trata-se, pois, de valores inicialmente individuais que se generalizam por toda uma comunidade, isso em busca de um ‘menor esforço e um melhor/maior resultado’ nas ações coletivas e cuja argamassa é a crença num ser superior e externo a este grupo...

Após algumas horas de convívio na comunidade dos ateus e seu instigante tema... Mas fujo deste tema espinhento devido à alta volatilidade do mesmo e a limitação do espaço disponível às especulações filosóficas dos escrevinhadores neste blog. Solicito o favor, dos querido leitores, de não confundir com censura interna, pois não caberia na estrutura auto_gestionária do MÍDIA REBELDE, que é o nosso instrumento de expressão do pensamento livre, criativo.

Volto para casa e recorro, claro e sem falsas modestas, ao segundo maior instrumento (mídia) de ‘consolo’ psicológico: a T.V. – a dama platina dos anos cinqüenta –, que só nos cobra uma posição de relaxamento diante das imagens exibidas. Pois ‘ela’ própria executa previamente o estafante trabalho de mastigar, digerir e regurgitar as imagens midiáticas – as idéias – que serão apresentadas à nós na sua forma ‘homeopática’, ou seja em doses miraculosamente recorrentes e infinitesimais para nosso deleite e satisfação pessoal...

Tomo, eu, uma verdadeira aula sobre ‘cristianismo’, ‘o capital globalizado’ e a sua ‘reprodução’ , isto tudo via a absorção de imagens pasteurizadas em um místico humor lúdico: o marketing – “a era da manipulação” se faz presente diante de nossos olhos abobalhadamente adestrados para absorver todo tipo de informações.

Senão vejamos a mágica/o truque do surgimento de uma enigmática caixa colorida vinda (?!) do ‘céu’ com um código de abertura para o acesso ao seu interior, pois guarda nele latinhas coloridas e geladas. Mas quando encontrada a enigmática caixa colorida vinda (?!) do ‘céu’, ela é transportada por uma relativa distância geográfica no lombo de um burro, digo camelo, e seguindo uma luz até deparar-se com um Oasis...

Nem um nômade beduíno dos desertos d’Àfrica do Norte (e/ou do Oriente Próximo) na sua enigmática solidão, está à salvo das mãos/ações consciente dos vendedores de quinquilharias coloridas e/ou adocicadas na “era da manipulação” de valores e idéias.

... relaxamento e paz e a palavra de ordem neste Oasis, e só neste ‘lugar’ tem-se o complemento tecnológico (“ponto de luz”) necessário para se fazer exercer o prazer que a enigmática caixa colorida vinda (?!) dos ‘céus’ poderá ofertar aos seus possíveis adoradores/consumidores.

Mas essa busca pelo prazer que a enigmática caixa colorida vinda (?!) dos ‘céus’ poderá ofertar ( até o momento não conhecido/saboreado) tem um custo, pois nada cai do céu sem preço a ser pago. Faz-se necessário um custo adicional para o uso do tal complemento à oferta vinda (?!) dos céus.

Portanto o nômade beduíno dos desertos d’África do Norte (e/ou do Oriente Próximo), que encontrou e carregou a dádiva (?!) vinda (?!) dos ‘céus’ por todo o deserto até o Oasis, faz o pagamento – destaque: com a sua única moeda – pelo uso do adendo tecnológico ao Califa proprietário do Oasis e de tudo que nele se encontra.

Ou seja, paga-se pelo uso da ‘energia elétrica’ para que a dádiva (?!) vinda (?!) dos céus funcione em sua plenitude máxima e gele as latinhas coloridas para aquele que até aqui só fez desgastar-se/trabalhar por esse possível prazer oferecido pela enigmática caixa colorida vinda (?!) dos céus....

E a luz/energia se fez ação, pois temos a máquina funcionando, as latinhas coloridas já estão geladas; e o nômade beduíno dos desertos d’Àfrica do Norte (e/ou do Oriente Próximo) ávido para saciar a sua curiosidade sobre está dádiva (?!) vinda (?!) dos céus.

Mais que dádiva (?!) vinda (?!) dos ‘céus’, que nada!!!

Vê-se, pois, que o nômade beduíno dos desertos d’Àfrica do Norte (e/ou do Oriente Próximo) foi tolhido de qualquer possibilidade de ação, é um ser manipulado nos seus desejos: é preciso mais ‘pagamento’, visto que a enigmática caixa colorida vinda (?!) dos ‘céus’ ainda se mantém inviolavelmente fechada. È necessário estimulá-la com moedas coloridas para que exponha seu útero ao nômade beduíno dos desertos d’Àfrica do Norte (e/ou do Oriente Próximo) ávido para saciar o seu prazer solitário!!

Ledo engano!!!

É necessário, agora, mais uma oferta para concretizar-se às dádivas (?!) ofertadas pelos ‘céus’... E só com mais esse gesto simbólico – oferta de mais moedas coloridas – abrir-se-á o código de fechamento e dar-se-á ‘luz/vida’ a uma ‘latinha gelada e colorida’, que é expelida de suas entranhas pela enigmática caixa colorida (vinda (?!) do ‘céu’).

Mas a última moeda fora gasta pelo nômade beduíno dos desertos d’Àfrica do Norte (e/ou do Oriente Próximo) na aquisição do adendo complementar – energia elétrica – na tarefa de gelar as latinhas coloridas...

Neste entrave apresentado só resta, pois, ao Califa (proprietário do Oasis e de tudo que nele se encontra, incluindo a energia elétrica) dispor pelo consumo próprio e/ou através de empréstimos pecuniários aos crentes/consumidores, de moedas coloridas e estimular à enigmática caixa colorida vinda (?!) dos ‘céus’ a expor o seu interior (útero) aos que desejam saciar o seu prazer solitário e cumpri-se, assim, a reprodução do capital por séculos e séculos de manipulação e alienação do esforço alheio em nome da transcendência do capital pelo consumo de coisinhas coloridas e desnecessárias!!!

# aos interessados pelo tema marketing, indicamos a leitura do livro A ERA DA MANIPULAÇÃO de Wilson Bryan Key, 2ª. Edição, São Paulo: Scritta (Editora Página Aberta Ltda.), 1996.

2 comentários:

Anônimo disse...

O cidadão médio e/ou da periferia necessita lidar com um `mundaréu`de imagens todo o dia, o tempo todo. Se, como proclamou Baudrillard, a imagem passa por quatro fases, nas quais ela sucessivamente -
1 - reflete uma realidade básica
2 - mascara e perverte uma realidade básica
3 - mascara a ausência de uma realidade básica
4 - não mantém qualquer relação com qualquer realidade, é o seu próprio simulacro,
pode-se dizer que vivemos num grande holograma criado por nós mesmos, ou numa matrix,como queiram...
Se o homem contemporâneo é a sua imagem, haja vista o modelo vigente, seria possível sentir-se estrangeiro como o personagem principal de O Estrangeiro de Camus dentro de si mesmo e fora de si mesmo ao mesmo tempo, o que corroboraria com Vilém Flusser em seu pensamento a respeito das árvores transplantadas que sentem-se sempre diversas das outras árvores em seu habitat novo.

Anônimo disse...

`Mas essa busca pelo prazer que a enigmática caixa colorida vinda (?!) dos ‘céus’ poderá ofertar ( até o momento não conhecido/saboreado) tem um custo, pois nada cai do céu sem preço a ser pago. Faz-se necessário um custo adicional para o uso do tal complemento à oferta vinda (?!) dos céus.`


Perguntas me assaltam:
Anticlericlarismo existe nessa nova
busca pelo prazer?!?
Ou seria, em verdade, uma busca travestida de humanismo pela humanidade perdida!?
O anarquismo não faz concessões!!!!!
Nem mesmo numa grande campina!!!!!
Sem susto.

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